Raramente a criança está preocupada com a sua
realização futura. Nos primeiros anos de vida a pessoa está empenhada em
brincar, comer, e receber o afeto necessário para crescer segura, ou seja, com
a certeza que é querida e amada. Bem mais tarde, ou seja, no início da
adolescência e juventude ela começa a pensar no seu futuro.
O jovem Camilo de Lellis passou por isso
também. Nasceu na segunda metade do século XVI, ou seja, no dia 25 de maio de
1550. Nos primeiros anos de vida correu e brincou pelos morros de Bucchianico,
cidadezinha do sul da Itália, onde nasceu. Com a morte da sua mãe, Camila
Campelli, de quem recebia afeto e cuidados, quando ele tinha 13 anos, a
preocupação pelo futuro começou.
Foi então que ele se lançou no caminho do jogo,
um tanto influenciado, pelo pai, João de Lellis, que além de soldado, carregava
o vício do jogo. Claro que o menino não estava pensando em perder, mas em
ganhar a vida com isso, quem sabe ganhar muito dinheiro e até ficar rico, com
pouco esforço. Por diversas vezes a experiência lhe ensinou que o jogo não era
a sua praia, pois perdia quase sempre.
Foi então, mais uma vez influenciado pela vida
do Pai, que era militar, alistar-se como soldado para realizar-se ganhando fama
e dinheiro. Revelou-se um valente soldado, dado a sua alta estatura, ou seja,
dois metros e dez centímetros. Era chamado até de gigante.
Nos momentos de folga, na vida militar, Camilo
alimentava o sonho de realizar-se como jogador de dados. Ganhava dinheiro como
soldado e apostava toda sua grana no jogo, na esperança de realizar-se. Quase
sempre saia do jogo, bem mais pobre do que quando começou. Não poucas vezes
saía carregado de encrencas e frustrações que arrumava no decorrer dos jogos.
Apesar das suas lutas e jogos buscando a
realização a sua vida ia ficando vazia e sem sentido. Nas tréguas das guerras e
jogos a sua mente olhava para o passado e via particularmente a vida exemplar
da mãe. Diante dela e dos seus ensinamentos sentia o vazio e a inutilidade de
tudo o que estava fazendo.
Num momento de dificuldade sobre o mar, quando
o barco onde viajava estava sendo tragado por uma tempestade, prometeu a Deus
que se escapasse com vida iria se tornar sacerdote. Porém, logo que pisou em
terra firme esqueceu-se da promessa e continuou a sua vida de aventuras nos
jogos e na guerra.
Com essa escolha continuou acumulando decepções
e derrotas internas e externas. Internas: perda da saúde e sentindo um vazio
cada vez maior. Externas: perdendo o
dinheiro, a espada e, até, a camisa. Finalmente, se viu no estado de
mendicância, obrigado a pedir esmola na porta de uma Igreja. Um parente ao
vê-lo nesse estágio de humilhação o convidou para trabalhar na construção de um
seminário nas redondezas da sua terra. Meio a contragosto aceitou e através
desse trabalho Deus foi lhe apontando o verdadeiro caminho de realização
pessoal e eclesial.
Meus queridos leitores! Quantas lutas e decepções para acertar o
caminho da realização pessoal, querido por Deus! Parece que ocorre o mesmo com
os jovens da atualidade. Creio que os apelos do mundo com as suas aparentes
facilidades, o distanciamento da Palavra de Deus e da vida espiritual tem
contribuído para essa confusão na juventude, na hora de escolher o caminho da
realização.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
Nenhum comentário:
Postar um comentário