terça-feira, 7 de julho de 2015

A JUVENTUDE DE CAMILO E A BUSCA DE REALIZAÇÃO

Raramente a criança está preocupada com a sua realização futura. Nos primeiros anos de vida a pessoa está empenhada em brincar, comer, e receber o afeto necessário para crescer segura, ou seja, com a certeza que é querida e amada. Bem mais tarde, ou seja, no início da adolescência e juventude ela começa a pensar no seu futuro.
O jovem Camilo de Lellis passou por isso também. Nasceu na segunda metade do século XVI, ou seja, no dia 25 de maio de 1550. Nos primeiros anos de vida correu e brincou pelos morros de Bucchianico, cidadezinha do sul da Itália, onde nasceu. Com a morte da sua mãe, Camila Campelli, de quem recebia afeto e cuidados, quando ele tinha 13 anos, a preocupação pelo futuro começou.
Foi então que ele se lançou no caminho do jogo, um tanto influenciado, pelo pai, João de Lellis, que além de soldado, carregava o vício do jogo. Claro que o menino não estava pensando em perder, mas em ganhar a vida com isso, quem sabe ganhar muito dinheiro e até ficar rico, com pouco esforço. Por diversas vezes a experiência lhe ensinou que o jogo não era a sua praia, pois perdia quase sempre.
Foi então, mais uma vez influenciado pela vida do Pai, que era militar, alistar-se como soldado para realizar-se ganhando fama e dinheiro. Revelou-se um valente soldado, dado a sua alta estatura, ou seja, dois metros e dez centímetros. Era chamado até de gigante.
Nos momentos de folga, na vida militar, Camilo alimentava o sonho de realizar-se como jogador de dados. Ganhava dinheiro como soldado e apostava toda sua grana no jogo, na esperança de realizar-se. Quase sempre saia do jogo, bem mais pobre do que quando começou. Não poucas vezes saía carregado de encrencas e frustrações que arrumava no decorrer dos jogos.
Apesar das suas lutas e jogos buscando a realização a sua vida ia ficando vazia e sem sentido. Nas tréguas das guerras e jogos a sua mente olhava para o passado e via particularmente a vida exemplar da mãe. Diante dela e dos seus ensinamentos sentia o vazio e a inutilidade de tudo o que estava fazendo.
Num momento de dificuldade sobre o mar, quando o barco onde viajava estava sendo tragado por uma tempestade, prometeu a Deus que se escapasse com vida iria se tornar sacerdote. Porém, logo que pisou em terra firme esqueceu-se da promessa e continuou a sua vida de aventuras nos jogos e na guerra.
Com essa escolha continuou acumulando decepções e derrotas internas e externas. Internas: perda da saúde e sentindo um vazio cada vez maior.  Externas: perdendo o dinheiro, a espada e, até, a camisa. Finalmente, se viu no estado de mendicância, obrigado a pedir esmola na porta de uma Igreja. Um parente ao vê-lo nesse estágio de humilhação o convidou para trabalhar na construção de um seminário nas redondezas da sua terra. Meio a contragosto aceitou e através desse trabalho Deus foi lhe apontando o verdadeiro caminho de realização pessoal e eclesial.

Meus queridos leitores!  Quantas lutas e decepções para acertar o caminho da realização pessoal, querido por Deus! Parece que ocorre o mesmo com os jovens da atualidade. Creio que os apelos do mundo com as suas aparentes facilidades, o distanciamento da Palavra de Deus e da vida espiritual tem contribuído para essa confusão na juventude, na hora de escolher o caminho da realização. 


Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 

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