quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ESCOLHER BEM

Toda e qualquer escolha sempre tem o seu grau de dificuldade. Acreditamos que antigamente era um pouco mais fácil, pois não tínhamos tantas opões em termos de trabalho. Atualmente, com a evolução das ciências e o aparecimento das diversas especializações, as dificuldades são bem maiores justamente porque as alternativas aumentaram em muito. Diante dessas muitas encruzilhadas da vida em termos vocacionais, profissionais, sociais e religiosos, surge uma pergunta: Como escolher bem?
A princípio, parece que a resposta é muito fácil e qualquer um pode dar, sem maiores dificuldades. Na verdade, não é bem assim, pois encontramos inúmeros irmãos e irmãs nossos que se lamentam de ter feito aquela escolha. Quantos casais que chegam até nós dizendo que fizeram a escolha errada! Que escolheram a mulher errada, que se equivocaram na escolha do marido, que acolheram a pessoa errada no grupo, que se fixaram nas aparências e se equivocaram, que escolheram a profissão errada, etc., etc.
Tudo isso, nos fala da dificuldade que existe para escolher bem. Claro que hoje existem profissionais que ajudam as pessoas, por meio de testes e outros recursos psicológicos e pedagógicos, a fazerem boas escolhas. Penso que essa ajuda tem o seu valor e podemos nos valer dela com proveito. Apesar disso, as pessoas que fazem escolhas erradas, no nosso modo de ver, continuam aumentando.
Diante disso, quero apontar a Boa Nova, isto é, o Evangelho. Aponto para o exemplo de Jesus que na vida também teve que fazer as suas escolhas, pois era humano como nós. Ele teve que enfrentar todas as tentações. Foi tentado pela riqueza, pelo poder e pelo caminho das facilidades fugindo da cruz. Para fazer sempre as melhores escolhas Ele se manteve em comunhão com o Pai. Esteve o tempo todo conectado com Deus Pai, para escolher segundo o Amor e não segundo o egoísmo. Vejam, por exemplo, antes de escolher os seus apóstolos ele passou a noite em oração, procurando a vontade do Pai. Ele não os escolheu em momento de raiva ou num momento de euforia (cf, Lc 6,12-19). Com isso, Ele abriu-nos o caminho das boas escolhas, isto é, que conduz ao céu, mas que começa na terra.
Eis, pois, queridos leitores, o caminho cristão para fazer as melhores escolhas. Claro que para quem ignora o seu DNA divino isso não diz nada. Mas, para quem acolhe a sua identidade de filho e filha de Deus, isso tem tudo a ver. Por isso, antes de qualquer escolha os filhos de Deus se colocam diante d’Ele. Não apenas diante, mas estabelecem comunhão profunda com esse Pai de bondade, fonte de toda a bondade, para receber dele a luz necessária e assim, conseguir fazer as boas escolhas.
Reafirmamos que fazer as boas escolhas, segundo a ótica cristã, não significa necessariamente fazer escolhas fáceis. Significa ver além das aparências como Deus, significa pensar segundo o bem do outro e, além disso, escolher sempre aquilo que produz o maior bem para o outro. Em suma, escolher bem significa consagrar-se para fazer bem aos outros, quer no casamento, quer no sacerdócio ou no laicato e nisto o bem, o bom e a paz desabrocham em nós, na família e na comunidade.

Peçamos, portanto, queridos jovens e adultos a graça de viver em Deus e assim podermos, diante das inúmeras possibilidades de escolha, tomar as melhores decisões em cada momento da nossa vida e, assim, expulsarmos a guerra egoísta e edificarmos um mundo mais fraterno, onde reinam a paz e alegria.





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

ACOLHER É FUNDAMENTAL

Olhando ao nosso redor vemos inúmeros irmãos e irmãs que se sentem excluídos e marginalizados. Excluídos por preconceitos raciais e religiosos temos um grande número. Excluídos porque são tidos como anormais e, por isso mesmo, não se enquadram nos esquemas da normalidade cultural. Rejeitados pelos pais porque vieram sem ser planejados. Excluídos por conta da insegurança dos líderes eclesiais que têm medo de perder o seu lugar nos grupos da Igreja. Quanta dor e sofrimento por causa da exclusão! Quantas lágrimas rolam do rosto dos nossos irmãos por sentirem-se fora da comunidade, das famílias e da Igreja! Eis uma realidade dura e desafiadora para todos nós que nos dizemos seguidores de Jesus.
Diante disso queremos jogar um pouco de luz e esperança para todos. Essa luz vamos encontrá-la, inicialmente, no profeta Jeremias (Jr 31,7-9) onde o Senhor afirma pela boca do seu mensageiro: “ Exulta de alegria meu povo ... Eu os reunirei desde as extremidades da terra. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces, como um pai acolhedor ...”. Que linda promessa de Deus! Deus não apenas promete, mas realiza as suas promessas, a seu tempo.
Tanto é verdade que Deus enviou o seu filho Jesus para concretizar essa promessa e outras mais. Uma amostra dessa realização podemos ver no Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52) onde ele ouve o grito do excluído da comunidade. Trata-se do cego Bartimeu, filho de Timeu, que era cego e mendigo e estava sentado à beira do caminho. Vivia das esmolas de alguns transeuntes que julgavam estar fazendo caridade. Quando pedia ajuda a alguém importante que por lá passava para sair daquela situação era calado dizendo: “fica quieto no seu canto e não incomode”.
Para confirmar isso, notem o que aconteceu quando ele ouviu dizer que Jesus estava passando por lá. Ele se pôs a gritar pedindo ajuda e o texto do Evangelho afirma que “muitos o repreendiam para que se calasse” (Lc 10,48a). Não fosse a insistência dele, apesar da comunidade, talvez tivesse permanecido na mendicância a vida toda. Mas ele gritou mais forte e Jesus o ouviu e mandou chamá-lo. Ao ouvir que Jesus o chamava e queria acolhê-lo deu um pulo de alegria e foi até Jesus. Este o acolheu e o curou para que seguisse no caminho e não mais permanecesse na marginalidade e na mendicância.
O texto afirma que após essa acolhida e cura o jovem abriu os olhos e viu o verdadeiro caminho que é Jesus e seguiu as suas pegadas alegremente. Eis, queridos irmãos e irmãs o projeto de Deus! Projeto esse que não deseja que nenhum dos seus filhos seja excluído e marginalizado e tenha que viver como mendigo. Em sã consciência ninguém quer viver como mendigo, ou seja, das migalhas que caem das mesas dos demais, mas todos buscam o seu lugar na sociedade e na comunidade eclesial. Na verdade, esse lugar existe, e ninguém pode ocupar o lugar do outro.  
Jesus veio ensinar que todos somos filhos de Deus e podemos entrar no caminho, que é Ele mesmo, para recuperar a nossa dignidade de filhos e filhas. Ele veio para revelar o Caminho, que é Ele mesmo, e nós seus discípulos missionários devemos facilitar esse encontro com Jesus e não dificultá-lo, marginalizando a muitos.

Como fazer isso na prática quotidiana? Inicialmente, ver a pessoa humana como filho e filha de Deus, portanto como o valor maior da criação. Consequentemente estar sempre pronto para acolhê-la como um presente de Deus e atendê-la nas suas necessidades fundamentais de filho e filha de Deus. Manter as portas do nosso coração e das nossas igrejas sempre abertas para acolher a todos sem exclusões. Entender que ninguém tira o lugar de ninguém na comunidade, mas cada um ocupa o seu lugar, assim como os tijolos entram na construção ocupando o seu lugar. Aliás, cada um chega na comunidade para enriquecer a todos e a cada um. Portanto, sem medo e sem julgamentos, facilitar e ajudar a todos a assumirem esse lugar, sendo assim construtores da comunidade e não mais demolidores, com a nossa insegurança e inveja, que lamentavelmente, ainda infestam as nossas comunidades. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

EU VIM PARA LANÇAR FOGO

Jesus afirma que veio à terra para lançar fogo e que gostaria que já estivesse aceso (cf Lc 12,49-53). Lançar que tipo de fogo? Certamente não está falando de fogo que destrói as matas e as reservas florestais do nosso País. Ele está falando de um fogo diferente, isto é, do fogo do amor, o fogo do Espírito Santo.
Ele afirma que veio lançar esse fogo sobre a terra. Sobre qual terra? Claro que não se trata da terra onde plantamos as sementes do milho, do feijão, da batata e outros alimentos, mas da terra dos nossos corações, pois nós fomos feitos do barro. Jesus veio para lançar dentro de cada ser humano esse fogo amoroso.
Lançá-lo nessa terra humana, para que? Para que como o fogo que purifica o ouro, esse fogo do amor purifique a ganga impura que somos cada um de nós, contaminados pelo pecado, e o ouro puro do amor e da bondade possa correr como um rio para alimentar a sede e a fome dos nossos irmãos e irmãs. Como esse ouro puro do amor é extremamente necessário nos nossos dias!
Como o ser humano é livre para acolher ou não esse fogo, certamente haverá divisões. Divisões em que sentido? No sentido que alguns vão acolher esse fogo e outros rejeitá-lo. Nisto teremos sogra contra nora, mãe contra a filha, filha contra a mãe, irmão contra irmão, marido contra esposa, esposa contra marido, comunidades contra comunidades e outras divisões. É desejo de Jesus que haja divisões? Claro que não, pois ele veio unir o seu povo que estava disperso. A liberdade humana de acolher a Boa Nova ou não causará divisões. Portanto, por causa das nossas escolhas haverá divisões e não por vontade de Deus.
Não nos assustemos, portanto com as divisões, ou o que é pior, não nos fechemos ao fogo de Deus para agradar os irmãos que não acolheram o fogo do amor. Essa tentação é mais frequente do que vocês imaginam. O pior não é a tentação, que ronda a todos, mas o abandono de Deus para agradar o marido, a esposa, a turma, os do mal e do egoísmo.
Quantas pessoas sedentas e famintas de amor e bondade que gostariam de dessedentar-se e saciar-se, mas os nossos corações ainda estão cheios de egoísmo e ganância! Quantos filhos que gostariam de beber o fogo do amor dos seus pais, mas apenas recebem celulares, roupas e dinheiro.

Peçamos que o fogo do Espírito Santo purifique a Igreja de Jesus e desta corra para o meio do povo rios de acolhida, de perdão, de misericórdia, de ternura e caridade para atrair inúmeros irmãos e irmãs afastados de Deus e dos irmãos. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 


terça-feira, 20 de outubro de 2015

DICAS PARA O CRESCIMENTO CRISTÃO


A Liturgia da Palavra do vigésimo nono domingo do tempo comum nos apresenta caminhos para a pessoa humana superar a natureza que insiste em crescer à custa dos demais e até pisando sobre os outros irmãos e irmãs. Para confirmar essa afirmação basta ouvir os jornais falados ou ler os escritos e logo chegaremos à conclusão que, apesar da toda a nossa evolução humana, ainda existem muitos que tentam subir na vida aniquilando os seus irmãos e as suas irmãs.
A primeira pista vem do Evangelho de Marcos (Mc 10,35-40) onde aparecem os seguidores de Jesus discutindo quem seria o maior no seu Reino. Pensem na confusão que deu entre eles por conta desse desejo de grandeza. Diante disso Jesus os chamou para indicar o verdadeiro caminho do crescimento. Ele apontou o caminho do serviço uns aos outros, como o da grandeza no seu Reino. Quem quiser ser grande abaixe-se e comece a servir a esposa, o marido, o filho, e os irmãos da comunidade. Eis uma orientação preciosa de Jesus.
A pessoa que acolhe esse ensinamento com o propósito de colocá-lo em prática renasce para uma vida nova. Ela descobre a imensa alegria de dar e aos poucos vai deixando de lado o prazer de acumular. Com ela renasce a sua família e todos os que de alguma forma atinge com seu jeito novo de ser, isto é, de ser servidora dos demais.
A segunda pista nasce da carta aos Hebreus (Hb 4,14-16) que apresenta o sumo sacerdote Jesus que entrou no céu após passar pelas mesmas provações que nós passamos, com a diferença que ele não caiu no pecado, mas aceitou carregar os nossos pecados. Ele carregou sobre si as nossas fraquezas e sentiu em sua carne o quanto é difícil vencê-las.
A nossa grandeza não está em não termos pecados, pois todos nós somos pecadores, quem mais quem menos. A diferença aparece na confiança que depositamos na misericórdia de Deus que carregou as nossas misérias, através de Jesus Cristo, e na nossa disposição de carregar as misérias dos nossos irmãos, começando pelas nossas casas. Eis a confiança na misericórdia de Deus e a nossa decisão de também carregarmos os pecados e falhas dos demais, como segunda pista de crescimento cristão.
A terceira e ultima pista procede da primeira leitura do livro do profeta Isaías (Is 53,10-11) onde se fala do servo sofredor (pré-anuncio de Jesus), que voluntariamente carrega os pecados do povo para tornar justos a muitos. Verdadeiramente Jesus veio para carregar os nossos pecados e destruí-los com o seu infinito amor. Seguindo esse caminho novo vivido radicalmente por Jesus, nós podemos igualmente carregar as falhas e os pecados dos irmãos e das irmãs e destruí-los com o nosso amor cheio de misericórdia.
Não é suficiente carrega-los e guarda-los em nós como oportunidades para acusar o outro das suas bobagens e pecados. Quantos irmãos nossos ainda agem dessa forma. Guardam as mágoas, as ofensas, as traições como ferramentas para acusar o outro e a outra nos momentos oportunos ou inoportunos, segundo o olhar cristão.
Entenda quem puder! Quando um irmão erra contra nós, temos duas alternativas: acusá-lo e condená-lo ou acolhê-lo e perdoá-lo. Se escolhermos o primeiro caminho, a fofoca e a confusão se propagam e contaminam a família e a comunidade. Pelo contrário, se decidirmos acolher e perdoar o pecador, destruímos o seu pecado com o amor cristão que Jesus semeou em nós. Na segunda opção nós crescemos como cristãos e ajudamos o outro e a comunidade a desabrochar na mesma direção, além disso, essa escolha nos conduz à fonte da felicidade.

Eis aí, caros leitores, três caminhos a ser percorridos se efetivamente queremos ser grandes, conforme a vocação cristã. A decisão não é de Deus não. Deus propõe esses novos caminhos a todos os seus filhos, mas a decisão de acolhê-los ou não é exclusivamente nossa. Faço votos que todos possamos trilhar esses caminhos apontados por Deus e assim sermos grandes na misericórdia, perdão e serviço. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 



terça-feira, 13 de outubro de 2015

NOSSA SENHORA APARECIDA


Nesses últimos tempos temos tido oportunidades de ver quanto carinho o povo dedica a Nossa Senhora, particularmente a Nossa Senhora Aparecida. Por ocasião da visita da imagem peregrina, que está percorrendo todo o território nacional em preparação aos 300 anos da sua aparição em Aparecida do Norte, aqui na nossa Paróquia tivemos uma pequena demonstração desse carinho.
A acolhida dela, no dia 26 de setembro, foi marcada por esse amor pela nossa Mãe do Céu. Tanto é verdade que nunca tivemos que buscar cadeiras para acomodar as pessoas na Igreja dado que os bancos acomodam em torno de um mil e duzentas pessoas. Naquele dia tivemos que acrescentar cadeiras para acomodar o povo que afluiu para acolher e tocar na mãe que no meio deles foi passando e abençoando. Quantas lágrimas de emoção e alegria eu vi correr no rosto do meu povo por poder tocar e abraçar a mãe!
A carreata que aconteceu no início do domingo, dia 27, reuniu mais de cem automóveis para conduzir a mãe até a Paróquia N. Senhora da Saúde, para que ela continuasse a sua peregrinação pela região de Pinhais - PR. Os fogos e o buzinaço acordou os pinhalenses.
Ontem, dia 12 de outubro, dia de N. Senhora Aparecida, pudemos ver em todo o Brasil manifestações desse apreço e carinho dos brasileiros à padroeira. Ao meio dia os fogos de artifício ressoaram em todos os cantões do Brasil. Onde encontrar as razões para todas essas manifestações de carinho popular para com N. Senhora? Certamente há razões bem sólidas para isso, caso contrário tudo isso desapareceria logo, logo.
Nas bodas de Caná (Jo 2,1-11) Maria aparece como aquela que estava lá atenta às necessidades daquele casal. Eles não tinham mais vinho, não tinham mais alegria, e ela notou essa deficiência. Diante disso, toma iniciativa e se dirige a Jesus e, posteriormente, aos que serviam dizendo: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Uma vez colocada em pratica a sua orientação o primeiro milagre aconteceu devolvendo à família a alegria perdida por Adão e Eva. Perda essa que instalou a confusão e a morte na família.
Desde que Jesus, no calvário, nos deu a sua mãe, na pessoa de João Evangelista, ela reuniu a Igreja um tanto dispersa por causa da morte do seu Filho (cf At 1,12-14). Após isso, sempre que a Igreja corre riscos e a vida é banalizada e ameaçada, ela surge novamente com sua mensagem dizendo: “Façam aquilo que Ele manda, ou seja, acolham e amem a vida de todos os irmãos e de todas as irmãs”. Por conta disso, ela, a mesma Maria de Nazaré, acumula mais de duzentos títulos pelo mundo afora, confirmando o seu papel de mãe zelosa e protetora dos filhos de Deus.
Em 1717 ela apareceu dentro de um contexto de escravidão vigente no Brasil e em diversos outros países. Aqui no Brasil, apareceu negra para dizer que os negros também são seus filhos e os desejava livres e não escravos, como estava acontecendo. Por conta disso, toda essa devoção popular a Nossa Senhora Aparecida, que em momento algum abandona os seus filhos e filhas.

Diante das dificuldades da vida de diversas naturezas, vemos os filhos e filhas de Maria correndo para ela a fim de serem cobertos com o seu manto protetor, como aconteceu com o nosso querido irmão André da Estela, que correu um sério risco de vida nesses últimos dias. Ela, como a galinha, vai reunindo os filhos e encaminhando-os para Deus. Maria é missionária de Deus e encaminha todos para o Pai. Ela não se arroga direitos, mas busca servir e servir os filhos de Deus como faz a verdadeira mãe de família e por isso todo esse carinho dos seus filhos e filhas. 







Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 



terça-feira, 6 de outubro de 2015

FUGINDO DA MISSÃO

Neste tempo a Igreja, através da Liturgia da Palavra, nos convida a ler e meditar o Livro de Jonas. Nele encontramos a história da vida do Profeta Jonas. O autor bíblico nos quatro capítulos do livro, mais do que a vida do profeta, destaca a questão da desobediência e da obediência a Deus e as suas consequências. 
Como sempre, aparece em primeiro lugar a iniciativa de Deus. Quem ama toma a iniciativa. Deus vendo o povo da cidade de Nínive atrapalhado e cheio de tristezas, tomou a iniciativa de chamar Jonas para reconduzir aqueles cidadãos. Deus ama apaixonadamente o seu povo, mesmo que se desvie dos seus caminhos. Ele não abandona ninguém, e não quer resolver o problema sozinho. Quer a participação dos seus filhos e filhas.
Por isso, toma a iniciativa de chamar Jonas. Este cheio de medo e de preconceitos contra os ninivitas resolve afastar-se da face de Deus para não ouvir o seu apelo. Compra uma passagem e embarca num navio a fim de afastar-se de Deus e da missão. A viagem é pega por uma grande tempestade e a vida de todos os passageiros é colocada em risco. A sorte é lançada para identificar o culpado e Jonas confessa aos demais o seu pecado. Notem que é uma tentativa de fugir da missão, mas a sua consciência o acompanha e o acusa (cf Jn 1-2,11).
Percebamos caros leitores, que Deus quer reconduzir o seu povo. Particularmente os afastados e mergulhados no meio do egoísmo e pecados. Ele quis contar com Jonas, mas quer contar com os Jonas e as Joanas de hoje para reconduzir o seu povo. Ele quer contar com você que é batizado e tem a missão de profetizar, isto é, denunciar o erro e anunciar o amor de Deus, que envolve o amor ao próximo. Ele chama você para entrar na barca de Pedro, na Igreja do Papa Francisco, e encarar essa missão de amor a Deus e ao povo, com coragem e destemor.
Parece que a história bíblica se repete. Muitos católicos ao sentir o chamado de Deus preferem afastar-se dele para não comprometer-se com a santificação da comunidade. Continuam comprando passagens e embarcando em navios errados causando inúmeras tormentas. Tempestades nas famílias, nas comunidades, nas escolas, nas casas religiosas, que põem em risco a vida de todos. Irresponsavelmente, sobretudo os que vivem se omitindo, ousam acusar Deus das mazelas do mundo.
Quando Jonas foi arremessado ao mar e a baleia o conduziu para a missão indicada por Deus tudo foi serenando. O mar acalmou e a tripulação seguiu viagem em segurança. A comunidade dos ninivitas se converteu a Deus e o amor e a fraternidade foram produzindo inúmeros frutos de acolhida e cuidado da vida de todos (cf Jn 3).

Queridos leitores! Será que necessitamos que as doenças, as depressões, as tristezas da vida inútil, as mortes e outras tantas tempestades da vida nos arremessem ao mar para que alguma baleia nos conduza à missão querida por Deus? Missão essa de sermos missionários, conforme o apelo da nossa Igreja. Missionários para ajudar as pessoas a estar em comunhão com o nosso Deus de Amor e bondade, a fim de construir uma sociedade justa e fraterna. Acredito que não é necessário passar por estas tempestades, mas se continuarmos a fugir da sua face e embarcando no navio do egoísmo e da vida sem compromisso com o Outro e os outros, parece que não haverá outro jeito.  





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 




quinta-feira, 1 de outubro de 2015

ELE CHAMOU, PREPAROU E ENVIOU

Ao iniciarmos o mês de outubro, mês das Missões, a Liturgia da Palavra nos apresenta o Evangelho de Lucas (Lc 10,1-12). Nele vemos o Mestre Jesus chamando 72 discípulos para enviá-los em missão. Antes de tudo precisamos dar-nos conta que ele chamou discípulos para enviá-los em missão. O que significa ser discípulo de Jesus? O discípulo era aquele que tinha sido chamado por Jesus a fim de estar com ele para aprender o seu ensinamento, passado com a vida e com a palavra.  Uma vez preparados, ele os enviava para o apostolado, ou seja, para anunciar que o Reino de Deus estava próximo. Notem, portanto, que ele não envia gente sem preparo e motivação.
Ele envia para onde ele devia ir. O que significa isso? Significa que eles vão em nome de Jesus e não em nome próprio. Para entender melhor notem que quando nós vamos aos outros com alguma carta de recomendação de uma autoridade, a nossa força e convicção são muito maiores. Pensemos aqueles homens partindo em nome de Jesus!  Eles partem com uma força extraordinária e não apenas com as próprias forças, que quase sempre são muito fracas e vacilantes.
Ele chama setenta e dois discípulos para enviá-los. Por que setenta e dois e não oitenta?  Conta-se que os povos conhecidos da época eram em número de setenta e dois. Portanto, isso significa que Jesus quer que todos os povos conheçam a sua mensagem e possam participar do banquete do Reino. O privilégio do Reino não é apenas dos judeus, mas se estende a todos os povos da terra.
Pede para que não levem nada que possa atrapalhar a sua missão e não se preocupem com alimentação e moradia. Uma vez descoberto o tesouro do Reino de Deus, que não se prendam a nada que possa retardar aos demais essa Boa Notícia. Pede para que confiem na providência divina, que seguramente virá através da generosidade do povo evangelizado.
Queridos leitores! Jesus continua chamando pessoas para estarem com ele a fim de que aprendam o seu novo e velho jeito de viver e conviver. Jesus está chamando você também que está lendo essa mensagem. Ele te chama para amar como ele amou. Como Santa Terezinha do Menino Jesus, ele te chama para assumir a vocação ao amor, pois você é filho e filha e do Amor e não do egoísmo. Ele te chama a morar com ele para aprender o seu Jeito de viver, jeito esse que se expressa muito bem na oração do Pai Nosso, que mais do que uma oração formal é um projeto de vida cristã.

Uma vez preparado ele te envia em missão. Cheio do Amor de Deus, ele te envia a todos os lugares e periferias da vida a fim de anunciar que o Reino de Deus, o Reino do Amor, está á porta de cada um. Se alguém abrir o seu coração Deus entrará nele para dar um sentido novo à sua vida. Entrará para falar do imenso amor do Pai para com ele. Uma vez cheio do amor de Deus será uma nova criatura. Será um novo marido, uma nova esposa e um novo filho. Será uma pessoa espalhando alegria e paz por onde passar.





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR