A Liturgia da Palavra do
vigésimo nono domingo do tempo comum nos apresenta caminhos para a pessoa
humana superar a natureza que insiste em crescer à custa dos demais e até
pisando sobre os outros irmãos e irmãs. Para confirmar essa afirmação basta
ouvir os jornais falados ou ler os escritos e logo chegaremos à conclusão que,
apesar da toda a nossa evolução humana, ainda existem muitos que tentam subir na
vida aniquilando os seus irmãos e as suas irmãs.
A primeira pista vem do Evangelho
de Marcos (Mc 10,35-40) onde aparecem os seguidores de Jesus discutindo quem
seria o maior no seu Reino. Pensem na confusão que deu entre eles por conta
desse desejo de grandeza. Diante disso Jesus os chamou para indicar o verdadeiro
caminho do crescimento. Ele apontou o caminho do serviço uns aos outros, como o
da grandeza no seu Reino. Quem quiser ser grande abaixe-se e comece a servir a
esposa, o marido, o filho, e os irmãos da comunidade. Eis uma orientação
preciosa de Jesus.
A pessoa que acolhe esse
ensinamento com o propósito de colocá-lo em prática renasce para uma vida nova.
Ela descobre a imensa alegria de dar e aos poucos vai deixando de lado o prazer
de acumular. Com ela renasce a sua família e todos os que de alguma forma
atinge com seu jeito novo de ser, isto é, de ser servidora dos demais.
A segunda pista nasce da carta
aos Hebreus (Hb 4,14-16) que apresenta o sumo sacerdote Jesus que entrou no céu
após passar pelas mesmas provações que nós passamos, com a diferença que ele não
caiu no pecado, mas aceitou carregar os nossos pecados. Ele carregou sobre si
as nossas fraquezas e sentiu em sua carne o quanto é difícil vencê-las.
A nossa grandeza não está em
não termos pecados, pois todos nós somos pecadores, quem mais quem menos. A
diferença aparece na confiança que depositamos na misericórdia de Deus que
carregou as nossas misérias, através de Jesus Cristo, e na nossa disposição de
carregar as misérias dos nossos irmãos, começando pelas nossas casas. Eis a
confiança na misericórdia de Deus e a nossa decisão de também carregarmos os
pecados e falhas dos demais, como segunda pista de crescimento cristão.
A terceira e ultima pista
procede da primeira leitura do livro do profeta Isaías (Is 53,10-11) onde se
fala do servo sofredor (pré-anuncio de
Jesus), que voluntariamente carrega os pecados do povo para tornar justos a
muitos. Verdadeiramente Jesus veio para carregar os nossos pecados e
destruí-los com o seu infinito amor. Seguindo esse caminho novo vivido
radicalmente por Jesus, nós podemos igualmente carregar as falhas e os pecados
dos irmãos e das irmãs e destruí-los
com o nosso amor cheio de misericórdia.
Não é suficiente carrega-los e
guarda-los em nós como oportunidades para acusar o outro das suas bobagens e
pecados. Quantos irmãos nossos ainda agem dessa forma. Guardam as mágoas, as
ofensas, as traições como ferramentas para acusar o outro e a outra nos
momentos oportunos ou inoportunos, segundo o olhar cristão.
Entenda quem puder! Quando um
irmão erra contra nós, temos duas alternativas: acusá-lo e condená-lo ou
acolhê-lo e perdoá-lo. Se escolhermos o primeiro caminho, a fofoca e a confusão
se propagam e contaminam a família e a comunidade. Pelo contrário, se
decidirmos acolher e perdoar o pecador, destruímos o seu pecado com o amor cristão
que Jesus semeou em nós. Na segunda opção nós crescemos como cristãos e
ajudamos o outro e a comunidade a desabrochar na mesma direção, além disso,
essa escolha nos conduz à fonte da felicidade.
Eis aí, caros leitores, três
caminhos a ser percorridos se efetivamente queremos ser grandes, conforme a
vocação cristã. A decisão não é de Deus não. Deus propõe esses novos caminhos a
todos os seus filhos, mas a decisão de acolhê-los ou não é exclusivamente
nossa. Faço votos que todos possamos trilhar esses caminhos apontados por Deus
e assim sermos grandes na misericórdia, perdão e serviço.
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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