quinta-feira, 30 de abril de 2015

SEREIS FELIZES

Quem não sonha em ser feliz? Imaginemos alguém que queira deliberadamente ser infeliz. Só pode ser portador de algum distúrbio mental e psíquico que requer tratamento imediato. Normalmente, todo o ser vivo tende à felicidade. Particularmente, o ser humano corre desesperadamente para isso. Muitos percorrem qualquer caminho que aponte para isso, mesmo que falso e perigoso. Os usuários de drogas correm riscos enormes buscando ser felizes, pelo menos por alguns momentos. Os viciados em genitalidade correm para multiplicar as suas relações entendendo que assim aumentarão os momentos felizes, mesmo através da violência e danos impostos a terceiros.  No meio dessa corrida em busca da felicidade, quem indicará o mapa da mina?
No evangelho de João, particularmente no episódio do lava-pés, Jesus indica aos seus seguidores o verdadeiro caminho da felicidade. Levando em conta que nos dias anteriores ao ensinamento eles haviam discutido quem seria o maior no seu reino, numa eventual substituição do domínio romano, sonhada pelos seus discípulos, Jesus lhes mostra o caminho da felicidade com seu testemunho. Ele que é Mestre se põe a lavar os pés de cada um deles. Lava os pés de todos sem discriminar os traidores. Revela que além de ser o papel dos escravos fazer isso, por imposição, é, para os seus seguidores, o único caminho da felicidade.
Ele afirmou que havia dado o exemplo, como Mestre e Senhor, e que, portanto, não importa mais a posição que ocupemos na sociedade, na família, ou na Igreja. Importa sim que compreendamos a lição. Se quisermos ser verdadeiramente felizes é fundamental que busquemos ser servidores dos demais irmãos. Não é suficiente conhecer a vontade de Deus, todas as teologias e espiritualidades. Sem o exercício caritativo de lavar os pés, dos amigos e inimigos, não seremos cristãos felizes.
Queridos irmãos e irmãs! Jesus não fica arrumando desculpas para a nossa infelicidade, como nós fazemos. Um afirma: “Eu sou um azarado”; outro diz: “Sou infeliz por causa dos outros”. Jesus vai direto ao ponto: “Se sabeis isto, e o puserdes em prática, sereis felizes” (Jo 13,17). Toda a formação e catequese nos ensinou que a vida é para servir, mas nós arrumamos desculpas e enrolamos e, por isso mesmo, muitos casados, líderes, religiosos, políticos, padres, bispos são frustrados. Infelizes porque não vivem para servir, mas vivem para servir-se dos demais.

Todos, sem exceções, que escolhem seguir à risca o caminho apontado por Jesus, mesmo que encontrem, por vezes, tremendas dificuldades, jamais sucumbem na frustração e infelicidade. Eles dão a volta por cima. Ressuscitam a cada dia para amar e servir a todos, apesar de nem sempre serem elogiados e compreendidos. Por onde passam resplandece a alegria do evangelho nas suas palavras e obras.





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

FESTA DA PADROEIRA NOSSA SENHORA DA BOA ESPERANÇA

NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA

MITRA DA ARQUIDIOCESE DE CURITIBA


CNPJ/MF 76.648.500/0001-04
                                       AV.  JAIME REIS, 369 - SÃO FRANCISCO - FONE: 2105-6300
                                               CEP: 80.510-010 - CURITIBA  - PARANÁ


NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA



“Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10).


A Arquidiocese de Curitiba vem a público manifestar sua consternação e profundo lamento pelos fatos ocorridos em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná nestes últimos dois dias (28 e 29 de Abril de 2015) em que se discutia o Projeto de Lei nº 252/2015, que promove mudanças no regime próprio da previdência social dos servidores estaduais – a Paraná Previdência.
Testemunhamos com profundo pesar os fatos violentos perpetrados pelas diferentes partes do confronto. A violência, venha de onde vier, é sempre a pior alternativa: fere-se a liberdade, golpeia-se a dignidade da vida, esvazia-se o princípio democrático, as instituições desfiguram-se e os direitos perdem a sua centralidade. Ao final, os adversários do diálogo são os que mais se aproveitam desta situação de conflito. Hoje, a paz foi derrotada. 
Em nome de Jesus Cristo, que chamou sua Igreja a ser serva e testemunha da verdade e da caridade, conclamamos todos os homens e mulheres de boa vontade do Estado do Paraná, que aqui nesta cidade se encontram, a rejeitarem terminantemente o conflito físico como resposta às diferenças de interesses. Somente o diálogo sadio poderá nos ajudar a chegarmos a soluções justas e equânimes. 
Imploramos ao Príncipe da Paz – o Senhor Jesus que nos anunciou o Reino de Justiça e de Amor – que nos envie do céu a sua ajuda, a fim de que cheguemos a um consenso reto. “Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há sempre uma opção possível: o diálogo” (Papa Francisco, JMJ 2013). 


Curitiba, 29 de abril de 2015. 


Arquidiocese de Curitiba - Assessoria de comunicação: VOZ DA IGREJA

quinta-feira, 23 de abril de 2015

“EU SOU O PÃO VIVO DESCIDO DO CÉU”

Acredito piamente, que essa afirmação de Jesus pode apontar a direção para o resgate da identidade de muitos irmãos e irmãs, que se dizem cristãos, mas que ainda hoje não sabem bem o que são. Muitos pensam que são bancos para receber e acumular dinheiro e capitais, lutam e brigam o tempo todo em função disso.  Outros entendem que são depósitos de alimentos, pois o tempo todo pensam nele, trabalham e vivem para comer. Um grupo sente-se como biblioteca fechada, cheia de saber e superioridade, com pouca disponibilidade para ensinar.  
Jesus afirma que veio do Céu, isto é, de Deus, como pão. Veio como pão vivo para alimentar a todos os que querem alimentar-se dele. Não é um pão que se impõe a ninguém, mas que está sempre disponível a alimentar os que desejam desabrochar para a vida eterna. Está à porta de cada um dos seus irmãos como pão vivo, disponível a entrar e alimentar a quem quiser. Não entra para identificar pecados e condenar, mas para perdoar, vivificar e animar quem o acolhe.
Na vida prática Jesus passou no mundo verdadeiramente como pão vivo. Passou e alimentou a todos os que dele se aproximaram. Aos doentes saciou a fome de saúde, aos tristes saciou a fome de alegria, aos escravos saciou a fome de liberdade para amar, às mulheres e crianças saciou a fome de acolhida, etc. O tempo todo esteve à disposição dos famintos e procurou repartir-se com todos para saciar a fome mais profunda do ser humano, isto é, de amar e ser amado.
Finalmente, deixou-se no Sacramento da Eucaristia como pão vivo descido do Céu, para saciar a fome de Amor, isto é, de Deus, de todos os homens e mulheres de boa vontade. Em cada Missa continua a oferecer-se como pão da palavra, pão do perdão, pão da Eucaristia para saciar a fome de Vida Eterna que existe, no fundo do coração, em cada ser humano.
Em Jesus esconde-se a nossa verdadeira identidade cristã. Também nós descemos do Céu, isto é, viemos de Deus. Antes de assumirmos a carne humana, éramos um pensamento de Deus. Viemos de Deus, à semelhança de Jesus, para também sermos pão para alimentar a vida dos demais irmãos. No projeto do Criador não somos um depósito de coisas, de comida, de bebida, de ouro ou prata, mas pão para alimentar a vida dos demais irmãos. Claro que aqui não há nenhum desprezo pelas coisas e bens que nos auxiliam a sermos mais pão para os demais.
A finalidade desta reflexão é de chamar a atenção para a inversão do projeto divino que muitos e muitos homens e mulheres fazem, ainda hoje, com a consequente perda de identidade cristã. Em vez de assumirem a sua identidade de pão da vida, no seguimento de Jesus, tornam-se pedras de tropeço que ferem e matam os irmãos. Tornam-se pão azedo e duro que envenena a vida da família, dos vizinhos e da comunidade. Como caramujos muitos católicos fecham-se privando a comunidade do pão do abraço, da acolhida, do sorriso, etc.

Peçamos a graça de recuperarmos a nossa identidade de cristãos, isto é, de sermos pão do céu à semelhança de Jesus de Nazaré. Pão que está sempre disponível a partilhar-se na gratuidade com os famintos.




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

PROCURANDO PÃO - 21/04/2015

Multidões corriam atrás de Jesus porque viam que ele fazia milagres e matava a fome de muitos em questão de minutos. Com uma simples bênção multiplicava pães e peixes e todos eram nutridos fisicamente. Com um toque ele curava enfermos e colocou de pé a sogra de Pedro. Diante disso, logo pensaram em fazê-lo rei com o intuito de que facilitasse as coisas para todos. Não entendiam que eram apenas sinais de algo muito mais profundo, que Jesus estava trazendo aos seus irmãos e irmãs.
Vendo isso ele mesmo os denuncia de correrem atrás dele por causa do pão material. Ao mesmo tempo, os convida a procurá-lo por motivos bem mais nobres, isto é, por causa do pão que vem do céu e sacia a fome e a sede definitivamente. A proposta os empolga, e pedem: “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6,34). Certamente eles não entenderam bem qual era o pão. Foi então que ele disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).
Eis a grande questão? Correr atrás do deus que mata a nossa fome do pão material e nos acomoda ou do Deus que sacia a fome e sede de amor e que nos desinstala dos nossos confortos e comodismos? Humanamente falando, o primeiro deus é um deus bem interessante. Ele atende todos os nossos pedidos, nos acomoda e rapidamente resolve as nossas necessidades básicas. Que bela tentação e que muitos cristãos a acolhem como o único caminho que os atende!
Mais do que você pensa, ainda hoje, multidões correm atrás desse deus e não de Jesus de Nazaré. Correm atrás dos Santos e Santas que atendem a todos os seus pedidos, que lhe arrumam emprego, que os auxilia na prova da faculdade, mesmo sem ter se dedicado o quanto devia, que os salva da morte física, etc, etc.
A todos esse Jesus de Nazaré está dizendo, alto e bom som, parem de correr atrás de mim com interesses egoístas e mesquinhos. Vocês foram dotados de inteligência e força para ganhar o pão de cada dia, para zelar da vossa saúde com os recursos da nutrição e da medicina. Parem de envenenar a terra que vos dei como mãe para nutri-los e conservá-los saudáveis.
Procurem antes de tudo o Pão que desceu do Céu, que sou Eu, e tudo mais vos será dado por acréscimo. Procurem alimentar-se do meu amor e logo sereis saciados na fome e sede mais profundas que existe no coração de vocês. Uma vez saciada essa sede e fome de amor que está no DNA de vocês, sereis capazes de trabalhar pelo pão nosso de cada dia e não mais pelo pão meu como acontece com os egoístas. Não mais guardareis ódio e rancor, pois num coração cheio de amor não cabe mais esse lixo que mata a alegria de viver e conviver. Saciados de amor sereis capazes de reconhecer no outro um irmão querido colocado ao seu lado como uma oportunidade de amar e ser amado.
Em suma, correreis atrás de mim não mais pelo pão material, mas, sobretudo, para nutrir-vos de mim e dos meus ensinamentos, com a certeza que o mais sereis capazes de conquistar com a bênção do meu Pai que está no Céu e que sabe de antemão de tudo o que necessitais para viver como meus irmãos e irmãs queridos. Buscareis os Santos, sobretudo, para imitar a sua fé que depositaram em mim e por conta disso fizeram verdadeiras maravilhas. Sereis capazes de viver a minha paz mesmo que a vida implique desafios e lutas. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O ENVIO DE JESUS AO MUNDO

De tempos em tempos temos observado os interventores nos bancos, empresas e em outros setores da vida. Normalmente os mesmos chegam com poderes para identificar os maus gestores e ou os incompetentes a fim de julgá-los, puni-los e, a maioria das vezes, para expulsá-los daquele setor.  Raramente observa-se a vontade firme de ajudá-los na melhoria da gestão.
Depois de termos vivenciado a Semana Santa, tivemos a oportunidade de experimentar, mais uma vez, porque Deus enviou o seu Filho a intervir no mundo. Apesar disso, muitos acreditam e pregam que em breve ele virá uma segunda vez para condenar os maus e premiar os bons. Contemplando tanta maldade, que a mídia joga dentro dos nossos lares, muitos acreditam que a fim do mundo está próximo. Fim do mundo este como julgamento e condenação dos maus e salvação dos bons.
Para começo de conversa o Filho de Deus fez aliança com a humanidade é não se afastou dela. Ele mesmo falou que estaria conosco todos os dias até a fim do mundo (cf Mt 28,20). Se ele não está dentro de nós está à porta batendo e querendo entrar. Entrar não para condenar, mas para redimir e fazer festa conosco (cf Ap e,20). Portanto, Jesus caminha conosco, como caminhou com os discípulos de Emaús, a fim de nos ajudar a entender o Projeto Salvífico de Deus para todos os homens e mulheres de boa vontade (cf Lc 24,13-35).
No Evangelho de João lemos que Deus amou tanto o mundo que enviou o seu Filho para que todos tenham a vida eterna. Continua dizendo que não o enviou para condenar ninguém, mas para salvar a todos (cf Jo 3,16-17). Diante dessa boa notícia, que pudemos ouvir e viver nesse tempo pascal, cabe uma revisão da nossa mentalidade condenatória, que insiste nos nossos corações mesquinhos e pecadores.
Muitos de nós entramos nos grupos e na sua Igreja com essa mentalidade de condenação e exclusão. Excluímos os que pensam diferente e nos apegamos aos cargos e comandos. Precisamos nos converter ao Evangelho de Jesus Cristo morto e Ressuscitado para Redimir e Salvar a todos no amor e não nas proibições, que dividem e excluem. Necessitamos pedir a ele a disposição para carregar os pecados da comunidade nas nossas costas, se necessário for, para que todos possam participar do banquete da vida, desde já.   
Será que Deus tem prazer de condenar um filho ou uma filha? Nós que não somos tão bons não desejamos que um dos nossos filhos seja um bêbado ou frustrado, imaginemos o querer de Deus. Certamente fará loucuras para salvar e admitir um filho no seu banquete. Pensemos na loucura de morrer na cruz para que eu e a você pudéssemos participar da sua alegria. Se há uma frustração de Deus, é quando um filho ou uma filha, apesar da sua loucura amorosa, se recusa a participar da sua festa, que pode começar aqui e agora, e se embrenha no egoísmo mesquinho e excludente, que pode culminar na frustração eterna, ou seja, no inferno.

Diante dessa loucura amorosa de Deus em relação aos seus filhos e filhas, cabe a cada um de nós, que buscamos seguir os passos de Jesus Cristo Morto e Ressuscitado, procurar fazer tudo para atrair o maior número para Deus e a sua Igreja. Importa que derrubemos todas as barreiras que dificultam essa atração e inserção.  Devemos combater o pecado sem demonizar pessoas e coisas que Jesus Cristo já purificou por nós e para nós. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

sexta-feira, 10 de abril de 2015

PESCAR DE DIA E DE NOITE

Sair para pescar pode ter várias motivações e nem sempre as melhores. Alguns saem porque estão estressados e querem livrar-se desse mal, descontando nos peixes. Outros saem com segundas intenções, isto é, para beber, para afastar-se dos problemas familiares, para curtir os amigos, etc.
No Evangelho de João (Jo 21,1-14) vemos alguns discípulos de Jesus que decidem sair para pescar. Estavam atordoados com a morte do seu Mestre, quem sabe decepcionados nas suas expectativas e decidem retornar à antiga profissão de pescadores. Pescaram a noite inteira e não apanharam peixe algum. Pela manhã, já desanimados com o insucesso na pescaria, estavam retornando à praia quando um indivíduo surge na praia e os orienta para lançarem a rede no lado direito da barca. A tentação foi ignorar aquele forasteiro que podia estar falando gratuitamente. Refletindo um pouco entenderam que ele podia estar com a razão e resolveram seguir a sua orientação. A pescaria resultou um grande sucesso.
Nessa altura do campeonato muitos pescadores certamente estão pensando em convidar esse cara para as próximas pescarias a fim de obter melhores resultados. Nesse sentido lembro-me de uns amigos de São Paulo que, certa feita, convidaram-me para pescar e a pescaria foi um grande sucesso. Diante disso, alguém disse: “Não podemos esquecer o padre nas próximas pescarias”. Outra vez fomos e apanhamos muito enjoo e apenas alguns peixinhos. Com isso não quero desencorajar os pescadores de peixes, mas dizer que o Evangelho não está querendo ensinar aos pescadores onde estão os peixes para os mesmos poderem apanhá-los de forma abundante. Ele está querendo ensinar algo muito mais importante a todos os discípulos e discípulas de Jesus, que trabalham na sua Igreja.
A grande tentação de muitos discípulos, sobretudo quando decepcionados em relação a Deus, é pescar de noite, isto é, sem Deus e a sua orientação. Por melhor que seja o indivíduo e a sua patota de colegas, os resultados podem não ser bons. Tanto é verdade, que os discípulos pescaram a noite inteira e nada apanharam, apesar de serem pescadores experientes. Logo que acolheram Jesus e a sua palavra houve uma mudança fantástica. Passaram da noite para o dia.  A pescaria foi abundante e cheia de animação.
Queridos leitores! Quantos de nós nos decepcionamos com Deus! Uns porque “perderam” a esposa, marido ou filho de forma trágica e inesperada. Na sua dificuldade de acolher e aceitar a realidade da morte, revoltam-se contra Deus e o abandonam. Resolvem conduzir a vida sem a sua Palavra. Abandonam a Igreja e a comunidade. Decidem trabalhar de noite. Por mais que batalhem, lutem, tentem, os resultados podem ser frustrantes e inúteis. A pessoa só voltará a ter paz, a pescar com eficácia, quando se abrir para acolher a Palavra de Jesus que diz: ‘’ Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que se alimenta de mim viverá eternamente’’.
Quantos irmãos que perdem o emprego, que são assaltados nos seus bens, que perdem a saúde se sentem decepcionados com Deus porque não atendeu as suas expectativas humanas! Resolvem conduzir a vida do seu jeito, ou seja, sem a luz da Palavra de Deus.  Pescam nas trevas. Jogam a rede para todos os lados, mas não apanham nada de bom que os leve a sentir-se bem e realizados. Somente quando se abrem novamente para Deus e a sua Palavra é que obterão começaram a caminhar na luz e verão bem para pescar com sucesso.
Penso que depois do exposto, todos entenderam de que pescaria o evangelho está falando. Em suma, ele está querendo dizer que trabalhar na Igreja sem Deus e a sua Palavra é trabalhar de noite e trabalhar de noite leva a inúmeras decepções. Por melhor que seja a nossa comunidade, se faltar Deus e a Luz da sua Palavra esta comunidade está fadada ao fracasso, mesmo que tenha uma boa economia ou uma administração atualizada. Da mesma forma, uma família, grupo de jovens ou adultos que deixa de lado a meditação da Palavra de Deus não tarda a entrar na noite e no fracasso.   
Faço votos que todos possam parar um pouco, olhar para a praia da vida e dar-se conta que o Cristo Ressuscitados está aí para passar as orientações necessárias aos seus irmãos e as suas irmãs. Insistir na caminhada sem ele e a orientação da sua Palavra é ser candidato ao fracasso e à decepção total, coisa que Deus não deseja para nenhum dos seus filhos.





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quinta-feira, 9 de abril de 2015

ACOLHER O FORASTEIRO

A nossa realidade cultural recomenda que tenhamos sempre mais cuidado com as pessoas. Elas podem ser assaltantes ou elementos perigosos. Diante disso sempre mais nos fechamos e nos protegemos. Protegemo-nos com câmaras, com cachorros e com normas proibitivas. Com isso, dividimos o mundo e a comunidade, ou seja, os nossos amigos e os bonzinhos de um lado e os perigosos são excluídos.
A Boa Nova de Jesus é que ele veio não para os bonzinhos, mas para os doentes e pecadores. O Evangelho que narra o episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) aponta para a nova direção. Os dois discípulos, apesar das suas decepções, estavam abertos para acolher na sua casa e companhia a um desconhecido. Não lhe perguntaram se era judeu, se era católico, se tinha algum vício ou se era ladrão. Simplesmente abriram o seu coração, a sua comunidade, o seu lar e o acolheram. Estavam dispostos a partilhar a sua vida, o seu tempo, a sua casa e o seu pão com o desconhecido.
No meio dessa abertura e disposição para a partilha descobriram que quem caminhava com eles era o próprio Jesus Ressuscitado. Ao serem agraciados com essa revelação os seus medos foram dissipados. Apesar dos perigos da noite e das estradas agora retornaram para Jerusalém a fim de partilhar com os demais discípulos a sua experiência pessoal com o Cristo Ressuscitado. A escuridão e a noite do medo e do pecado foram superadas pela luz divina que agora guia os seus passos.
 Quando o coração humano, mesmo angustiado pelos acontecimentos da vida humana, que podem ser duros, está aberto para acolher o outro e a outra, sem impor-lhe barreira alguma, ele pode fazer a grande experiência de Jesus Ressuscitados que caminha conosco. Ele mesmo falou que estaria conosco todos os dias da nossa vida, mas não disse de que forma estaria (cf Mt 28,20). Ele mesmo nos assegura que ao acolhermos uma pessoa qualquer estaríamos acolhendo a ele e ao rejeitar uma pessoa estaríamos desprezando a ele (cf Mt 25,31-46).
Se for assim, importa que acolhamos o outro como ao Cristo, sem impor-lhe nada que possa afastá-lo de nós e da Igreja de Jesus, que é feita de pessoas vivas regidas pelo amor e não de pedras e um “saco” de normas e proibições, que dividem e afastam mais do que atrai.

Caríssimos leitores! Que seja Jesus Encarnado a guiar o nosso pensamento e atitudes! Ele que passou no mundo acolhendo a todos e a todas sem impor-lhe nada, mas com seu extraordinário amor atraindo todos para as coisas do alto, seja o nosso único modelo a seguir. Que o Cristo vencedor da morte e do pecado nos arranque do medo e das proibições, que geram uma segurança aparente, a fim que ressuscitemos para a liberdade verdadeira e a acolhida amorosa de todos. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

segunda-feira, 6 de abril de 2015

RESSUSCITOU UM HOMEM NOVO

Na sexta feira santa sepultamos Jesus de Nazaré e junto com ele o velho homem e a velha mulher. Sepultamos Jesus carregado com todos os pecados da humanidade e juntamente com ele o Adão pecador e a Eva pecadora que persiste em nós e que se manifesta nas diversas atitudes pecaminosas. Sepultamos não como homens derrotados, mas cheios de esperança numa vida melhor.
Sábado à noite e domingo de páscoa reunimo-nos para celebrar a vitória de Jesus. A pedra que tapava a sua sepultura foi removida e Ele surgiu vivo. Os anjos anunciaram a sua vitória dizendo às mulheres que ele havia ressuscitado e estava vivo (cf Mc 16,1-7). Quando a comunidade estava reunida em Jerusalém ele apareceu dizendo três vezes: “A paz esteja convosco!”.
Jesus derrotou o pecado da humanidade. Jesus derrotou o velho Adão e a velha Eva egoístas e pecadores. Fomos libertados da escravidão do pecado e da morte eterna graças ao seu amor estremado. Com ele ressuscitamos para uma vida nova. Ressuscitamos para buscar as coisas do alto e não mais nos apegar às da terra, cujo destino é a sepultura (cf Cl 3,1-2).
A pedra do pecado, que nos levava a viver escondidos e sepultados, foi removida por Jesus Ressuscitado. Não mais necessitamos nos esconder envergonhados por causa das nossas fraquezas e pecados. Podemos aparecer na comunidade, certos que temos um Deus que destruiu os nossos erros. Não precisamos mais fixar o nosso olhar nas nossas bobagens e pecados, imaginando-nos sujos e derrotados. Podemos viver como homens e mulheres limpos pela bondade de Jesus.  
Jesus Ressuscitado revelou que estava vivo na comunidade reunida (cf Jo 20,19-28). No domingo, isto é, no primeiro dia da semana, Jesus apareceu na comunidade reunida dando a paz. Na participação comunitária onde cada um coloca o seu dom a serviço dos demais Jesus mostrará que está vivo e com ele você também poderá mostrar que ressuscitou para uma vida nova, uma vida fraterna e de amor que se revela como serviço à família e à comunidade.
Na acolhida do forasteiro os discípulos de Emaús acolheram a Jesus, mesmo sem saber que era ele. E na partilha do pão com o mendigo eles se deram conta que partilharam com Jesus Ressuscitado (Lc 24,13-33).  Queridos irmãos e irmãs! Nós que fomos agraciados com a sua Ressurreição podemos acolher Jesus em cada forasteiro, em cada irmão e nessa atitude mostraremos que somos homens e mulheres ressuscitados. Além disso, podemos partilhar a nossa casa e nosso pão com necessitados e nisto o rosto de Jesus Vitorioso nos encantará. Encantar-nos-á e nos devolverá à comunidade para testemunhar que estamos vivos e que Jesus vive no meio da comunidade que acolhe, se reúne em torno da Palavra e partilha.

Faço votos que todos nós possamos tomar posse dessa Vida Nova Trazida por Jesus. Que de agora em diante vivamos como homens e mulheres vitoriosos em Jesus vencedor do Mal, apesar das nossas fraquezas e pecados! Que possamos focar o Cristo vitorioso e com Ele sentir a nossa vitória sobre o egoísmo mais do que as dores dos nossos pecados! Que possamos viver irradiando a alegria do Evangelho da Ressurreição!




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

ONTEM SEPULTAMOS UM HOMEM - 04/04/2015


À semelhança do ritual judaico em que os filhos dos hebreus colocavam sobre o cordeiro todos os seus pecados e a seguir levavam o animal para o deserto a fim de que morresse com os pecados da comunidade, Jesus carregou-se com todos os pecados e misérias humanas. Voluntariamente aceitou o peso da cruz dos nossos pecados e subiu o calvário para destruir o domínio do mal. Em consequência o Filho de Deus morreu esmagado pelo peso dos nossos pecados.
Por dinheiro algum, uma pessoa de bom juízo faz isso. Somente por amor um Deus, uma mãe, um pai, um consagrado conseguem fazer isso. Somente alguém que acredita na ressurreição e na vida eterna pode fazer isso voluntariamente, como fez Jesus. Jesus confiava inteiramente no projeto salvífico do Pai, por isso, entregou a sua vida nas mãos do Pai, dizendo: “Tudo está consumado” (Jo 19,30).
No entardecer desta sexta feira da paixão uma multidão participou do sepultamento de Jesus. Todos foram incentivados a mais uma vez, colocar sobre Filho de Deus os seus pecados. Foram encorajados a sepultar com Jesus o Adão e a Eva pecadores e desobedientes a Deus Pai. Parecia que os homens estavam decididos a enterrar o homem viciado, ladrão, egoísta, preguiçoso, ciumento, arrogante, infiel e mal agradecido. Por outro lado, as mulheres manifestavam a firme decisão de sepultar a velha Eva, isto é, a mulher fofoqueira, invejosa, maldizente, preguiçosa, infiel, acomodada, mal agradecida a Deus e aos irmãos.
Jovens e adultos estavam todos decididos a sepultar com Jesus a todo o mal que ronda as pessoas como um leão que procura a presa distraída para devorá-la. A tentação é uma realidade que continuamente pede espaço e realização na nossa vida. É fundamental, portanto, essa firme decisão de sepultar o homem velho com as suas tentações. Sem isso, não poderemos viver a ressurreição e a vida nova.

Em suma, a comunidade de Nossa Senhora da Boa Esperança sepultou o homem fofoqueiro, a mulher ciumenta, o jovem indolente, o católico desanimado, o cristão que julga e condena os demais irmãos, o aproveitador das pessoas, o ladrão e enganador. Sepultou o homem e a mulher cheios de vícios que destroem a família em vez de edifica-la. Fez isso com a firme esperança que no Domingo de Páscoa ressurja o Cristo e com ele a mulher e o homem novos. Novos no Amor de Deus, a fim de edificarmos uma cidade mais justa e mais fraterna. Novos no espírito de acolhida, para construirmos uma comunidade onde a Acolhida Amorosa seja a sua marca maior. Novos na decisão de dar a vida em forma de serviço amoroso à família e à comunidade. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR