quinta-feira, 23 de abril de 2015

“EU SOU O PÃO VIVO DESCIDO DO CÉU”

Acredito piamente, que essa afirmação de Jesus pode apontar a direção para o resgate da identidade de muitos irmãos e irmãs, que se dizem cristãos, mas que ainda hoje não sabem bem o que são. Muitos pensam que são bancos para receber e acumular dinheiro e capitais, lutam e brigam o tempo todo em função disso.  Outros entendem que são depósitos de alimentos, pois o tempo todo pensam nele, trabalham e vivem para comer. Um grupo sente-se como biblioteca fechada, cheia de saber e superioridade, com pouca disponibilidade para ensinar.  
Jesus afirma que veio do Céu, isto é, de Deus, como pão. Veio como pão vivo para alimentar a todos os que querem alimentar-se dele. Não é um pão que se impõe a ninguém, mas que está sempre disponível a alimentar os que desejam desabrochar para a vida eterna. Está à porta de cada um dos seus irmãos como pão vivo, disponível a entrar e alimentar a quem quiser. Não entra para identificar pecados e condenar, mas para perdoar, vivificar e animar quem o acolhe.
Na vida prática Jesus passou no mundo verdadeiramente como pão vivo. Passou e alimentou a todos os que dele se aproximaram. Aos doentes saciou a fome de saúde, aos tristes saciou a fome de alegria, aos escravos saciou a fome de liberdade para amar, às mulheres e crianças saciou a fome de acolhida, etc. O tempo todo esteve à disposição dos famintos e procurou repartir-se com todos para saciar a fome mais profunda do ser humano, isto é, de amar e ser amado.
Finalmente, deixou-se no Sacramento da Eucaristia como pão vivo descido do Céu, para saciar a fome de Amor, isto é, de Deus, de todos os homens e mulheres de boa vontade. Em cada Missa continua a oferecer-se como pão da palavra, pão do perdão, pão da Eucaristia para saciar a fome de Vida Eterna que existe, no fundo do coração, em cada ser humano.
Em Jesus esconde-se a nossa verdadeira identidade cristã. Também nós descemos do Céu, isto é, viemos de Deus. Antes de assumirmos a carne humana, éramos um pensamento de Deus. Viemos de Deus, à semelhança de Jesus, para também sermos pão para alimentar a vida dos demais irmãos. No projeto do Criador não somos um depósito de coisas, de comida, de bebida, de ouro ou prata, mas pão para alimentar a vida dos demais irmãos. Claro que aqui não há nenhum desprezo pelas coisas e bens que nos auxiliam a sermos mais pão para os demais.
A finalidade desta reflexão é de chamar a atenção para a inversão do projeto divino que muitos e muitos homens e mulheres fazem, ainda hoje, com a consequente perda de identidade cristã. Em vez de assumirem a sua identidade de pão da vida, no seguimento de Jesus, tornam-se pedras de tropeço que ferem e matam os irmãos. Tornam-se pão azedo e duro que envenena a vida da família, dos vizinhos e da comunidade. Como caramujos muitos católicos fecham-se privando a comunidade do pão do abraço, da acolhida, do sorriso, etc.

Peçamos a graça de recuperarmos a nossa identidade de cristãos, isto é, de sermos pão do céu à semelhança de Jesus de Nazaré. Pão que está sempre disponível a partilhar-se na gratuidade com os famintos.




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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