A nossa realidade cultural
recomenda que tenhamos sempre mais cuidado com as pessoas. Elas podem ser
assaltantes ou elementos perigosos. Diante disso sempre mais nos fechamos e nos
protegemos. Protegemo-nos com câmaras, com cachorros e com normas proibitivas.
Com isso, dividimos o mundo e a comunidade, ou seja, os nossos amigos e os
bonzinhos de um lado e os perigosos são excluídos.
A Boa Nova de Jesus é que ele
veio não para os bonzinhos, mas para os doentes e pecadores. O Evangelho que
narra o episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) aponta para a nova
direção. Os dois discípulos, apesar das suas decepções, estavam abertos para
acolher na sua casa e companhia a um desconhecido. Não lhe perguntaram se era
judeu, se era católico, se tinha algum vício ou se era ladrão. Simplesmente
abriram o seu coração, a sua comunidade, o seu lar e o acolheram. Estavam
dispostos a partilhar a sua vida, o seu tempo, a sua casa e o seu pão com o
desconhecido.
No meio dessa abertura e
disposição para a partilha descobriram que quem caminhava com eles era o
próprio Jesus Ressuscitado. Ao serem agraciados com essa revelação os seus
medos foram dissipados. Apesar dos perigos da noite e das estradas agora
retornaram para Jerusalém a fim de partilhar com os demais discípulos a sua
experiência pessoal com o Cristo Ressuscitado. A escuridão e a noite do medo e
do pecado foram superadas pela luz divina que agora guia os seus passos.
Quando o coração humano, mesmo angustiado
pelos acontecimentos da vida humana, que podem ser duros, está aberto para
acolher o outro e a outra, sem impor-lhe barreira alguma, ele pode fazer a
grande experiência de Jesus Ressuscitados que caminha conosco. Ele mesmo falou
que estaria conosco todos os dias da nossa vida, mas não disse de que forma
estaria (cf Mt 28,20). Ele mesmo nos assegura que ao acolhermos uma pessoa qualquer
estaríamos acolhendo a ele e ao rejeitar uma pessoa estaríamos desprezando a
ele (cf Mt 25,31-46).
Se for assim, importa que
acolhamos o outro como ao Cristo, sem impor-lhe nada que possa afastá-lo de nós
e da Igreja de Jesus, que é feita de pessoas vivas regidas pelo amor e não de
pedras e um “saco” de normas e proibições, que dividem e afastam mais do que
atrai.
Caríssimos leitores! Que seja
Jesus Encarnado a guiar o nosso pensamento e atitudes! Ele que passou no mundo
acolhendo a todos e a todas sem impor-lhe nada, mas com seu extraordinário amor
atraindo todos para as coisas do alto, seja o nosso único modelo a seguir. Que
o Cristo vencedor da morte e do pecado nos arranque do medo e das proibições,
que geram uma segurança aparente, a fim que ressuscitemos para a liberdade
verdadeira e a acolhida amorosa de todos.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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