quinta-feira, 9 de abril de 2015

ACOLHER O FORASTEIRO

A nossa realidade cultural recomenda que tenhamos sempre mais cuidado com as pessoas. Elas podem ser assaltantes ou elementos perigosos. Diante disso sempre mais nos fechamos e nos protegemos. Protegemo-nos com câmaras, com cachorros e com normas proibitivas. Com isso, dividimos o mundo e a comunidade, ou seja, os nossos amigos e os bonzinhos de um lado e os perigosos são excluídos.
A Boa Nova de Jesus é que ele veio não para os bonzinhos, mas para os doentes e pecadores. O Evangelho que narra o episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) aponta para a nova direção. Os dois discípulos, apesar das suas decepções, estavam abertos para acolher na sua casa e companhia a um desconhecido. Não lhe perguntaram se era judeu, se era católico, se tinha algum vício ou se era ladrão. Simplesmente abriram o seu coração, a sua comunidade, o seu lar e o acolheram. Estavam dispostos a partilhar a sua vida, o seu tempo, a sua casa e o seu pão com o desconhecido.
No meio dessa abertura e disposição para a partilha descobriram que quem caminhava com eles era o próprio Jesus Ressuscitado. Ao serem agraciados com essa revelação os seus medos foram dissipados. Apesar dos perigos da noite e das estradas agora retornaram para Jerusalém a fim de partilhar com os demais discípulos a sua experiência pessoal com o Cristo Ressuscitado. A escuridão e a noite do medo e do pecado foram superadas pela luz divina que agora guia os seus passos.
 Quando o coração humano, mesmo angustiado pelos acontecimentos da vida humana, que podem ser duros, está aberto para acolher o outro e a outra, sem impor-lhe barreira alguma, ele pode fazer a grande experiência de Jesus Ressuscitados que caminha conosco. Ele mesmo falou que estaria conosco todos os dias da nossa vida, mas não disse de que forma estaria (cf Mt 28,20). Ele mesmo nos assegura que ao acolhermos uma pessoa qualquer estaríamos acolhendo a ele e ao rejeitar uma pessoa estaríamos desprezando a ele (cf Mt 25,31-46).
Se for assim, importa que acolhamos o outro como ao Cristo, sem impor-lhe nada que possa afastá-lo de nós e da Igreja de Jesus, que é feita de pessoas vivas regidas pelo amor e não de pedras e um “saco” de normas e proibições, que dividem e afastam mais do que atrai.

Caríssimos leitores! Que seja Jesus Encarnado a guiar o nosso pensamento e atitudes! Ele que passou no mundo acolhendo a todos e a todas sem impor-lhe nada, mas com seu extraordinário amor atraindo todos para as coisas do alto, seja o nosso único modelo a seguir. Que o Cristo vencedor da morte e do pecado nos arranque do medo e das proibições, que geram uma segurança aparente, a fim que ressuscitemos para a liberdade verdadeira e a acolhida amorosa de todos. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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