À semelhança do ritual judaico
em que os filhos dos hebreus colocavam sobre
o cordeiro todos os seus pecados e a seguir levavam o animal para o deserto a
fim de que morresse com os pecados da comunidade, Jesus carregou-se com todos
os pecados e misérias humanas. Voluntariamente aceitou o peso da cruz dos
nossos pecados e subiu o calvário para destruir o domínio do mal. Em
consequência o Filho de Deus morreu esmagado pelo peso dos nossos pecados.
Por dinheiro algum, uma pessoa
de bom juízo faz isso. Somente por amor um Deus, uma mãe, um pai, um consagrado
conseguem fazer isso. Somente alguém que acredita na ressurreição e na vida
eterna pode fazer isso voluntariamente, como fez Jesus. Jesus confiava
inteiramente no projeto salvífico do Pai, por isso, entregou a sua vida nas
mãos do Pai, dizendo: “Tudo está consumado” (Jo 19,30).
No entardecer desta sexta
feira da paixão uma multidão participou do sepultamento de Jesus. Todos foram
incentivados a mais uma vez, colocar sobre Filho de Deus os seus pecados. Foram
encorajados a sepultar com Jesus o Adão e a Eva pecadores e desobedientes a
Deus Pai. Parecia que os homens estavam decididos a enterrar o homem viciado, ladrão,
egoísta, preguiçoso, ciumento, arrogante, infiel e mal agradecido. Por outro
lado, as mulheres manifestavam a firme decisão de sepultar a velha Eva, isto é,
a mulher fofoqueira, invejosa, maldizente, preguiçosa, infiel, acomodada, mal
agradecida a Deus e aos irmãos.
Jovens e adultos estavam todos
decididos a sepultar com Jesus a todo o mal que ronda as pessoas como um leão
que procura a presa distraída para devorá-la. A tentação é uma realidade que
continuamente pede espaço e realização na nossa vida. É fundamental, portanto,
essa firme decisão de sepultar o homem velho com as suas tentações. Sem isso,
não poderemos viver a ressurreição e a vida nova.
Em suma, a comunidade de Nossa
Senhora da Boa Esperança sepultou o homem fofoqueiro, a mulher ciumenta, o
jovem indolente, o católico desanimado, o cristão que julga e condena os demais
irmãos, o aproveitador das pessoas, o ladrão e enganador. Sepultou o homem e a
mulher cheios de vícios que destroem a família em vez de edifica-la. Fez isso
com a firme esperança que no Domingo de Páscoa ressurja o Cristo e com ele a
mulher e o homem novos. Novos no Amor de Deus, a fim de edificarmos uma cidade
mais justa e mais fraterna. Novos no espírito de acolhida, para construirmos
uma comunidade onde a Acolhida Amorosa seja a sua marca maior. Novos na decisão
de dar a vida em forma de serviço amoroso à família e à comunidade.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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