sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

VAI RECONCILIAR-TE COM TEU IRMÃO

Ouvindo esse povo de Deus, que nos procura diariamente para conversar, sente-se as barreiras e vales que crescem nas famílias e outros grupos humanos. Particularmente encontramos obstáculos nos relacionamentos matrimoniais e familiares. Pai para um lado, mãe para o outro e filhos desunidos. Muitas células eclesiais e sociais estão enfermas, adoecendo, assim, a Igreja e a sociedade como um todo.
Inúmeras pessoas estão enfermas, isto é, carregam dentro de si o lixo do ódio, da falta de perdão e o desejo da vingança. Com isso estão morrendo para os relacionamentos que fazem viver alegremente. À semelhança dos caminhoneiros que bloqueiam as estradas, eles bloqueiam a estrada da misericórdia e do perdão que alimentaria e vivificaria os pecadores, que somos todos nós.
Diante dessa realidade ouve-se um pedido importante que sai da boca de Deus e a Igreja o recomenda aos seus membros, sobretudo neste tempo favorável, isto é, o tempo da quaresma: “Deixa a tua oferta aí diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão” (Mt 5,24a).
Eis a oferta que mais agrada a Deus. Sair de si e ir ao encontro do outro para fazer as pazes. Não esperar que o outro tome a iniciativa, mas sair na vanguarda e surpreender o outro que nos ofendeu ou está ofendido com a oferta gratuita da reconciliação. Assim fez Jesus quando ainda éramos pecadores; ele veio ao nosso encontro com mil propostas de reconciliação a fim de nos vivificar.
Muito nos colocamos na situação de vítimas e endurecemos o nosso coração, bloqueando o rio da misericórdia, que resgata e vivifica. Ao bloquear matamos a nossa alegria e a dos irmãos. Por isso o nosso querido papa Francisco, no seu documento Evangelii Gaudium, convida a Igreja e todos nós a sairmos. Sairmos ao encontro do outro e da outra com a boa notícia do Evangelho, que engloba a misericórdia e o perdão.
Não é coerente ir à Igreja e participar da missa com proveito sem primeiro dispor-se a fazer as pazes com os irmãos e as irmãs. Pode até apaziguar a consciência por alguns momentos, mas não conseguimos viver a comunhão com Deus e com os irmãos que está nos pressupostos da Santa Missa. A Missa não é um ato isolado. Ela exige e envolve toda a nossa vida. Portanto a Missa nos convida à missão de nos reconciliarmos com todos. Se não conseguimos de fato essa reconciliação, porque o outro não aceita, pelo menos, que haja, da nossa parte, a vontade firme de reconciliar-nos com todos.
No mundo de hoje não precisamos apenas de líderes empresariais que impulsionam o mundo comercial com seus inúmeros produtos. O mundo tem sede e necessidade de lideranças na área da misericórdia e do perdão a fim de que vivifiquemos os nossos relacionamentos familiares e sociais.

Como batizados e membros da Igreja de Jesus Cristo, o homem, por excelência, misericordioso, peçamos a graça de liderarmos esse processo que vivifica as famílias e os demais relacionamentos humanos. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

OS GANHOS DO PERDÃO

Já que as pessoas gostam de ganhar e se sentem mal quando perdem, vamos falar um pouco sobre os ganhos que o indivíduo e a comunidade, como um todo, podem conseguir, através do perdão dado e recebido.
Apesar de todos os avanços e esclarecimentos conquistados pelas novas gerações, ainda hoje, muitas pessoas têm dificuldade para perdoar a si e aos demais. Dificuldades porque acreditam que elas e os outros não merecem o perdão; dificuldades porque entendem que perdoar é ser fraco, além de achar que ao não perdoar estão punindo o outro, de alguma forma. Para derrubar essas e outras barreiras pretendo mostrar quem ganha e o que ganha com o perdão dado generosamente a si e aos demais.
Inicialmente, o perdão não é uma questão de merecer ou não, como costuma pensar os que carregam uma mentalidade retributiva. O perdão é uma questão de amor e não de comercio. Em Jesus de Nazaré ficou evidente que o perdão é um sinal claro da bondade do nosso Pai e Criador. Porque Ele é bom, está sempre pronto a perdoar os seus filhos e filhas ao menor sinal de arrependimento e desejo de mudança de vida. A parábola do Filho Pródigo, ou melhor, do Pai Misericordioso (Lc 15 ,11-31) mostra bem essa disposição permanente de Deus de acolher e perdoar.
Nesse sentido Deus está sempre livre em relação a todos. Não faz diferença com ninguém. Manda a chuva sobre bons e sobre maus, mando o sol para bronzear a pele da pessoa santa e da prostituída. Nisto Deus está sempre livre para amar e ser amado. Deus não se cerca de muros, mas mantém as portas do coração sempre abertas para acolher a todos os seus filhos.
Os filhos e filhas de Deus procuram trilhar os caminhos do Pai, seguido as pegadas de Jesus, o revelador do Pai. Estão sempre prontos a perdoar a si e aos demais irmãos, que por ventura os ofenderam. Fazem isso por serem filhos do Pai Misericordioso e cheio de bondade. Ao proceder assim carregam a paz no coração, em outras palavras ganham a paz e a alegria além de uma multidão de amigos e amigas, que por sua vez foram beneficiados.
Em segundo lugar entendemos que perdoar é ser forte na capacidade de amar e não fraco como pensam os fomentadores das guerras, que acreditam mais na vingança e na força das armas. Movido pelo amor Jesus derramou o perdão sobre os que o insultavam enquanto estava agonizando na cruz. Movida pelo amor Maria assumiu a todos nós pecadores como filhos e filhas e passou a cuidar de cada um com zelo maternal.
Com essa atitude Jesus e Maria mantiveram-se livres para amar e para serem amados. Os autênticos seguidores de Jesus são aqueles que acreditam fortemente na força do amor misericordioso. Como dizia o anjo dos leprosos, Raul Folereau, eles acreditam na bomba do amor. Não só acreditam nela, mas a detonam sobre si e sobre todos os seus irmãos. Com essa atitude ganham mais vida, liberdade, paz e alegria para si e para toda a comunidade.
Em terceiro lugar aparece um grupo que pensa que ao não conceder o perdão estaria punido o outro. De alguma forma é verdade mas, sem dar-se conta, essas pessoas, não percebem que estão tomando veneno imaginando, com isso, matarem o seu adversário. Seguramente, estão matando a sua alegria de viver.  
Em termos de saúde, ao não perdoar a si e aos demais, a pessoa está tomando veneno e repartindo o mesmo nos seus relacionamentos. Ela está perdendo a saúde física, social, econômica e espiritual. Quem não perdoa é um perdedor e um fracassado. Não tardará em herdar a doença e a tristeza.
Ao contrário, a pessoa que aprendeu a aplicar na vida a terceira lei de Newton perdoa facilmente porque entende que a toda ação corresponde uma reação de igual força e valor. Portanto, ao perdoar ela se livra do ódio e do rancor e planta paz no seu coração e no do irmão perdoado. Ao perdoar cessa a raiva e a produção de adrenalina que, quando produzidas em excesso, podem causar ulceras, gastrites e outras doenças. Ao perdoar a pessoa ganha em saúde física, social, econômica e espiritual.

Finalmente, o perdão generoso concedido aos demais atrai todo o perdão do Céu e da terra sobre si e sobre a humanidade. Além disso, esse perdão é fonte de paz, de alegria, de liberdade e de saúde global. Quem é o doido que deseja perder tudo isso?  




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O JEJUM QUE AGRADA AO SENHOR

Iniciamos a quaresmo com um dia de jejum e abstinência de carne. Depois de um tempo longo de comilanças de carnes e outras iguarias, a nossa Igreja Católica nos oferece oportunidades. Oportunidades de rever o modo de nos alimentar. Rever e possivelmente passar a alimentar-nos melhor para termos mais vida e saúde.
Inicialmente, quando olhamos para a realidade da vida, nos damos conta que mais da metade do nosso povo está acima do peso. Peso este, que compromete, particularmente, as articulações e o coração; entendemos que é urgente mudar para termos mais qualidade de vida e saúde.
Termos mais vida e saúde para que? Em primeiro lugar porque nós moramos no nosso corpo e acredito que todos nós desejamos morar numa casa boa e saudável e não numa casa caindo aos pedaços além de suja ou podre. Ninguém gosta, em sã consciência, de morar num corpo doente. Em segundo lugar para podermos repartir com os nossos irmãos essa vida e saúde em forma de acolhimento e amor que se torna serviço. Eis, portanto, o tempo quaresmal como uma oportunidade para cuidarmos disso.
Em segundo lugar, fazer jejum de alimentos é uma oportunidade de sentir a fome de muitos irmãos que ainda não possuem o pão nosso de cada dia, necessário para viverem com dignidade. Pão nosso que não chega às suas mesas, muitas vezes, por conta da preguiça pessoal, mas a maioria das vezes como consequência do nosso egoísmo que concentra demais pão no corpo, a ponto de ficarmos obesos, ou no armazém, por falta de confiança na providência divina.
Em terceiro lugar, fazer jejum de alimentos que nutrem o corpo é uma oportunidade que nos leva a perceber que o homem e a mulher precisam mais do o alimento que nutre o corpo. Precisamos de toda a Palavra que sai da boca de Deus para crescermos à sua imagem e semelhança e não apenas como gado ou frangos para o abate. É uma oportunidade para sermos mais ricos de Deus, que é o bem supremo, e relativizarmos os bens materiais, que são apenas ferramentas para escrevermos uma história de amor e partilha aqui na terra.
Além disso, qual é o jejum que mais agrada ao Senhor? Certamente que não são as privações de chocolates, de refrigerantes ou de outras bebidas e comidas, que obviamente podem ser importantes para quem se propõe esse sacrifício com propósito de mudar hábitos danosos à sua saúde.
O sacrifício que mais agrada a Deus, porque beneficia a nós e aos irmãos, é acolher as pessoas todas, quebrar as cadeias injustas, libertar os oprimidos, repartir o pão com os famintos e vestir os nus (cf Is 58, 1-9). Eis, queridos leitores, o jejum agradável a Nosso Senhor. Não porque Ele precise disso. Ele não precisa de nada de ninguém de nós. Ele considera feito a Ele tudo o que fizermos aos irmãos e às irmãs.
Como princípio, Deus não se alegra com as nossas abstinências, jejuns e sacrifícios, porque Ele não precisa de nada. Ele é Deus e não um homem carente de roupa, comida e bebida. Como a mãe, Ele se alegra quando nós acolhemos e zelamos do seu filho. Quando zelamos de nós e dos nossos irmãos, que somos seus filhos, Deus se alegra profundamente e nos leva a experimentar o paraíso desde já. Portanto, toda a renúncia, jejum e sacrifício que liberta e visa o bem comum, faz a humanidade mais justa e feliz, é apreciada e abençoada, sobremaneira, pelo nosso querido Pai do Céu.
Fazemos votos que todos nós entendamos essa verdade evangélica que liberta e edifica uma sociedade mais justa e fraterna, conforme a proposta da Campanha da Fraternidade. Fazemos votos, sobretudo, que os nossos mandatários do País, não percam as oportunidades e se convertam deixando de roubar e votar mordomias para si e migalhas para os demais. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

GANHAR O MUNDO INTEIRO OU GANHAR A VIDA?

Caminhando pelo mundo a fora encontram-se pessoas que querem sempre ganhar mais. Ganhar mais dinheiro, mais joias, mais prestígio, mais títulos, mais poder, mais carros, mais terras. Apesar disso, tais pessoas estão sempre ansiosas, inseguras, insatisfeitas e vivem infelizes e rodeadas de seguranças. Possuem tanto, mas perdem a liberdade e parecem desprovidas de vida e felicidade. Pouco a pouco, na medida que envelhecem, notam que tudo isso, à semelhança dos grãos de areia por debaixo dos pés do banhista vão sendo levados pela força do envelhecimento.
Nesse tempo de quaresma, dois caminhos se abrem diante deles: Apegar-se sempre mais aos bens e logo após perder tudo ou mudar de vida, convertendo-se ao Deus da Vida. Por isso o livro do Deuteronômio no seu capítulo 30, versículos 15 e 16, coloca as pessoas diante da vida e da morte. Da escolha que cada um fizer dependerá a felicidade e a desgraça, viver ou morrer. Ninguém é condenado, cada um se salva ou se condena pelas escolhas que fizer.
No Evangelho de Lucas (Lc 9,22-25) Jesus se apresenta como caminho para fugir da morte e alcançar a felicidade e a vida plena. Ele é a riqueza que enche o coração humano de vida e felicidade. Ele ensina que o mais importante é ser rico de vida e não tanto de bens materiais, que, sem dúvida, são necessários para viver com dignidade o projeto de Deus. Em momento algum despreza os bens, mas eles não são a finalidade última do ser humano.
No início dessa Campanha da Fraternidade, que possui como Tema: Fraternidade: Igreja e Sociedade e Lema: Eu vim para servir (cf Mc 10,45) Jesus quer nos ensinar a servir e não tanto a ganhar coisas, terras, bens, presentes, poderes, status, etc. Ensina-nos que quem quer ganhar a vida deve dá-la a sua semelhança. Quem guarda a vida e procura ser um ganhador do mundo todo vai perder tudo e pior de tudo, à custa do empobrecimento dos outros. Por que do empobrecimento dos outros? Em primeiro lugar porque não reparte o bem incomensurável que é ele mesmo e em segundo lugar porque com a concentração exagerada de bens e poderes nas suas mãos muitos serão privados do indispensável para viver com dignidade.
Jesus aparece como a única alternativa válida para quem quiser ganhar a vida e contribuir com a vida e a fraternidade. Ele nos ensina que a vida é para servir e não para acumular bens perecíveis. Por isso, ele diz: “Se alguém quiser me seguir tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,25). Em outras palavras, tome a cruz da sua vida e consagre-a a serviço dos irmãos e das irmãs, quer como casados, como solteiros, bem como, religiosos ou sacerdotes. Eis o único jeito de ser livre e feliz, com pouco ou com muito, e de ser rico de vida, que dura para a vida eterna.

Caríssimos leitores! Peçamos a graça de escolher o caminho do serviço e da vida que garante uma sociedade mais fraterna, justa e solidária. Que nesta quaresma possamos ser sempre mais ricos de Deus e, consequentemente, de vontade firme e decidida de acolher e servir os irmãos, especialmente os mais carentes e necessitados!




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

VISITAR OS ENFERMOS

Reflexão do Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Tempesta, por ocasião do Dia Mundial do Doente, em 11 de fevereiro
Por Card. Dom Orani Tempesta, O.Cist.
RIO DE JANEIRO, 10 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) - A doença nos mostra o quanto somos limitados. A busca da saúde e a preocupação com a dignidade da assistência fazem parte de nossa faina e de nosso próprio instinto. Diante de tantas circunstâncias e situações, a Pastoral dos Enfermos é uma presença da Igreja em todos os âmbitos ligados a esta situação. É o anúncio de que Deus está presente em nossa vida, de maneira especial nesse momento de fragilidade em que aprendemos a trabalhar de um outro modo e a ser mais contemplativo, além do esforço de arrancar o mal pela raiz. É o que celebramos na Unção dos Enfermos. Pela sagrada Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros, a Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e glorificado, para que os alivie e salve. Exorta os mesmos a que livremente se associem à paixão e à morte de Cristo, e contribuam para o bem do povo de Deus.

O Sacramento da Unção dos Enfermos, que podemos receber mais de uma vez quando passamos por doenças graves que necessitam de cuidados, é essa presença de fé e esperança nesse momento da vida. Costuma-se, na celebração, o padre dar ao doente o Sacramento da Confissão, com o propósito de o doente também arrepender-se de seus pecados e viver esse momento na graça de Deus.

Um importante requisito para a realização do Sacramento é a vontade do doente em querer recebê-lo. A família pode aconselhá-lo, chamar o padre a casa dele e propor o Sacramento, mas sem impô-lo ao doente. Recebido com fé, o Sacramento dará muitos frutos e graças.
Jesus sempre teve um grande carinho pelos doentes. Quando os judeus os desprezavam, porque consideravam a doença um castigo de Deus, Ele os acolhia com amor e os curava. “E passando, Jesus viu um cego de nascença. Os seus discípulos perguntaram-lhe: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: nem ele nem seus pais, mas foi para se manifestarem nele as obras de Deus” (Jo 9, 1-3). Jesus quis que aqueles que o acompanhavam continuassem sua missão, por isso deu a seus discípulos o dom da cura. “Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo” (Mc 6, 12s). O Senhor ressuscita e renova este envio e confirma, através de sinais realizados pela Igreja, ao invocar seu nome: "Quando colocarem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados" (Mt 16, 18).

Para aprofundar este tema é que temos a oportunidade de viver mais um Dia Mundial do Doente. Ele foi instituído por São João Paulo II em 1992, e é celebrado, anualmente, em 11 de fevereiro, na festividade de Nossa Senhora de Lourdes.Em nossa Arquidiocese, além da celebração na Basílica de Lourdes, teremos missa especial em hospitais de cada Vicariato com os agentes da pastoral, doentes, familiares, médicos, enfermeiros e funcionários para aprofundar esta proximidade da Igreja junto àquele que sofre.

Para reflexão desse dia, a Santa Sé divulgou, no dia 30 de dezembro de2014, amensagem do Papa Francisco para esse XXIII Dia Mundial do Doente.

O tema deste ano convida-nos a meditar uma frase do livro de Jó: “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo” (29,15). O Papa Francisco encoraja a fazer esta meditação na perspectiva da “sapientia cordis”, ou seja, da sabedoria do coração, e frisa que sabedoria do coração significa servir o irmão. Com efeito, as palavras de Jó evidenciam o serviço aos necessitados – insiste o Papa –, recordando aqui as pessoas que permanecem junto dos doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavar, vestir e alimentar.
Este serviço, especialmente quando se prolonga no tempo, pode tornar-se cansativo e pesado; é relativamente fácil servir alguns dias, mas torna-se difícil cuidar de uma pessoa durante meses ou até anos, inclusive quando ela já não é capaz nem de agradecer. E, no entanto, que grande caminho de santificação é este! – exclama o Papa. Em tais momentos, pode-se contar, de modo particular, com a proximidade do Senhor, sendo, também, de especial apoio a missão da Igreja – escreve o Papa –, que continua: sabedoria do coração é sair de si para ir ao encontro do irmão.

Às vezes, o nosso mundo se esquece do valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesi do fazer e do produzir, esquece-se a dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro. No fundo, por detrás dessa atitude, há muitas vezes uma fé morna, que esqueceu a palavra do Senhor que diz: “a Mim mesmo o fizestes”. Por isso,  o Papa Francisco recorda uma vez mais a “absoluta prioridade da ‘saída de si próprio’”  para se pôr ao serviço do irmão necessitado.

Na mensagem, o Papa Francisco fala das sabedorias: 1- Sabedoria do coração; 2- Sabedoria do coração é servir o irmão; 3- Sabedoria do coração é estar com o irmão; 4- Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão; 5- Sabedoria do coração é ser solidário com o irmão, sem julgá-lo.

Ao concluir a mensagem, o Papa Francisco se remete a Maria Santíssima, pois foi ela que acolheu em seu ventre a Sabedoria Encarnada, que é Jesus Cristo, e depois recitou uma prece: “Ó Maria, Sede da Sabedoria, intercedei como nossa Mãe por todos os doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos, no serviço ao próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento, acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração”.
Temos um belo serviço de visita aos enfermos, que vejo com alegria que cada vez melhor se organiza. Agradeço a Deus e a tantos irmãos do clero que se desdobram em ser essa presença. Convido outros irmãos e irmãs para que se associem nessa missão evangelizadora e importantíssima, seja nas visitas aos hospitais, seja nas residências. Eu mesmo gostaria de ter mais possibilidade de ter essa presença, e, quando consigo, agradeço a Deus, como pude fazer algumas vezes durante a Trezena de São Sebastião.

Este é um convite que faço a todos os arquidiocesanos, para que, neste Ano da Esperança Cristã, levemos a esperança que é Cristo para os que estão nos leitos hospitalares, ou em suas residências presos a uma cama, enfermos. Tenho visto muitos exemplos e sinais dessa presença.

Que a luz divina do Cristo Ressuscitado brilhe nos corações de todos os enfermos e nas suas famílias. Que Maria Santíssima, Auxiliadora dos Cristãos, Mãe dos Enfermos e Consoladora dos Aflitos nos ensine a aceitar o caminho do sofrimento guiado pela Palavra de Deus, que nos anima e nos guia ao do Cristo Redentor!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Fonte: Visitar os Enfermos / ZENIT – O mundo visto de Roma

http://www.zenit.org/pt/articles/visitar-os-enfermos?utm_campaign=diarioportughtml&utm_medium=email&utm_source=dispatch

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O SENHOR DEUS FEZ O HOMEM DO PÓ DA TERRA E COM SEU SOPRO

Olhando para a realidade nós logo podemos entender que o homem veio do barro, ou da terra molhada. Certamente o Espírito de Deus fez o autor bíblico entender essa realidade a partir da observação. O homem alimenta-se e vive a partir da lama e não da terra seca. A terra seca é estéril e produz desertos. Ao contrário, a terra molhada produz jardins, abriga e nutre a vida. A partir disso, podemos entender toda a preocupação com a preservação das nossas aguas, particularmente com a estiagem que atinge São Paulo e outras regiões do Brasil.
No livro do Gênesis (Gn 2,4-17) encontramos uma página que comenta essa verdade a respeito da vida e particularmente da vida humana. Inicia dizendo que o Senhor Deus fez o homem do pó da terra, para dizer da origem e destino dele enquanto terroso. Acrescentou nesse boneco o seu hálito e o mesmo se tornou um ser vivente. Tudo isso para dizer que a vida é um sopro de Deus. Sem esse sopro o homem não passa de terra estéril. Em Deus o homem vive e é eterno.
Deus fez brotar da terra um jardim com uma variedade imensa de árvores frutíferas e colocou o homem no meio dele para que zelasse e se alimentasse dos frutos do mesmo. Recomendou que não estragasse ou poluísse o mesmo para não por em risco a vida dos irmãos e a própria. Quando o homem ignora essa orientação do seu autor e se deixa guiar pelo egoísmo, do seu coração brota uma fonte de morte que põe em risco o jardim todo e a própria vida.
Por isso mesmo, encontramos no evangelho de Marcos (Mc 7,14-23) Jesus falando que toda a maldade que põe em risco a nossa vida brota do nosso coração egoísta, que se afasta de Deus e das suas orientações e não de fora. Do nosso coração desobediente brotam a ganancia, a inveja, as más intenções, maldades, calúnias e tudo o mais que põe em risco a vida do jardim e do seu zelador, que deveria ser o homem e a mulher.
Jesus veio dizer novamente ao homem e à mulher que Deus fez brotar uma fonte de água que vivificou a terra e produziu um jardim em favor do homem. Se o homem acolher o Espírito de Deus e a sua Palavra feita carne, ele poderá ser um bom jardineiro e assegurar a vida do jardim e a própria.
Sombras e luzes. Aparecem sombras, ou seja sinais negativos, sempre que poluímos os rios, colocamos em risco as espécies, envenenamos os alimentos e a terra, matamos os irmãos na infância ou na juventude, discriminamos pessoas por causa da sua religião, cor ou sexo, investimos em armas e não no cuidado para com a vida, etc, etc.
Luzes brilham quando o sopro de Deus, isto é, a vida está em primeiro lugar e tudo mais gira em seu redor, como ferramentas para cuidar do jardim e do ser humano, seu legítimo dono. Um exemplo prático aparece em cada pessoa que procura zelar pela água que mata a sede e ela mesma procura ser, como Jesus, água viva que mata a sede de acolhimento e amor do outro.

Peçamos a graça de deixar-nos conduzir pelo Espirito de Deus e assim fazermos da terra toda, um grande jardim, cheio de toda sorte de árvores frutíferas, boas para alimentar a vida de todos, sem mais exclusões e guerras fratricidas. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A PAZ DE JESUS!


Encontro com muita frequência pessoa que dizem: A paz de Jesus! A paz de Jesus! Pergunto-me, por outro lado, o que mesmo eles querem dizer com isso? Causa-me espanto quando uma pessoa dá a paz de Jesus e, logo após, você a vê discriminando uns e fazendo grupinhos fechados com outros. Por conta disso, proponho-me a clarificar um pouco mais o que significa e o que implica quando damos para os demais a paz de Jesus.
Em primeiro lugar significa ter no coração e na mente a paz de Jesus, pois ninguém dá o que não tem. O que seria mesmo ter a paz de Jesus no coração e no pensamento? É acolher e viver a palavra de Jesus. “Se alguém me ama, guarda a minha palavra; meu pai o amará e viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14,23). É deixar-se invadir pelo amor misericordioso de Jesus, que nos liberta de todos os ressentimentos, invejas, ciúmes, desejos de vingança, ganâncias, preconceitos, intolerâncias e dogmatismos que nos roubam a paz de Jesus. Somente depois dessa libertação podemos dizer com autoridade: A paz de Jesus!
O próprio Jesus deu a sua paz aos seus seguidores nesses termos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14,27). Não se trata de uma paz aparente e de fachada como aquela do mundo. Aliás, a paz verdadeira é o primeiro presente de Jesus ressuscitado à sua comunidade apostólica quando, por três vezes lhe deseja: “A paz esteja convosco!” (cf Jo 20,19-26). Deseja que tenha a paz em plenitude e não apenas momentos de paz.

Carregar a paz de Jesus é suficiente?

Claro que não. Ser portador da paz de Jesus implica uma segunda parte exigida pela primeira. Não é possível carregar a paz de Jesus no coração e guarda-la apenas para si. Isso seria uma paz egoísta e não a paz de Jesus. Ao portarmos a paz de Jesus somos chamados a sermos construtores da paz em tudo o que somos e fazemos.
Em cada palavra que dizemos temos a missão de contribuir na edificação da paz. Não posso ter a paz de Jesus e ao mesmo tempo ser um fomentador de fofocas e intrigas. Se isso ocorrer, sou um doente espiritual ou ainda, um esquizofrênico. Necessito de tratamento e cura interior.
Em cada encontro com os irmãos e as irmãs temos a missão de procurar ouvi-los e compreende-los. Somos impelidos a dialogar e ajudar a plantar a semente do amor que traz a paz de Jesus. Não podemos mais julgar e excluir como procedem os que carregam a guerra no coração.
Diante dos excluídos os que carregam paz de Jesus ouvem o grito do próprio Jesus que pede socorro. Correm até eles e abrem o coração e os braços para acolhê-los e partilhar com eles os bens e a paz que carregam consigo. Não mais arranjam desculpas e culpados para se eximir da responsabilidade, mas fazem tudo o que estiver ao seu alcance e procuram motivar outros para ajudar.
Não trabalham apenas para si, mas trabalham para que todos tenham o pão nosso de cada dia. Não votam apenas leis para os seus próprios interesses, mas, sobretudo, aquelas que promovem e protegem a vida de todos.

Em suma, os que carregam a paz de Jesus no coração se sentem profundamente amados por Deus e se sentem impelidos a partilhar essa mesma paz com todos os seus irmãos e irmãs, não importando religião, cor, raça e sexo. Na prática, tudo fazem para que todos tenham o amor de Deus no coração, ou seja, aquele que traz a verdadeira paz de Jesus. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

SÃO BRÁS (protetor das doenças da garganta)

Bênção da garganta

São Brás é o protetor contra as doenças da garganta, e no dia 3 de fevereiro, celebra-se a sua festa. Nesse dia, as comunidades realizam a tradicional 'bênção de São Brás' ou 'bênção da garganta', que se faz cruzando duas velas sobre a garganta e rezando a oração:

Por intercessão de São Brás, Bispo e Mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Oração a São Brás

Ó glorioso São Brás, que restituístes com uma breve oração a perfeita saúde a um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, estava prestes a expiar, obtende para nós todas a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta. Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar e cantar os louvores de Deus. São Brás, rogai por nós. Amém.


Venha participar da missa hoje, aqui na matriz, às 18h30, e receber a benção da garganta para que Deus nos livre dos males da garganta e de qualquer outra doença, amém!






Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR