Ouvindo esse povo de Deus, que
nos procura diariamente para conversar, sente-se as barreiras e vales que
crescem nas famílias e outros grupos humanos. Particularmente encontramos
obstáculos nos relacionamentos matrimoniais e familiares. Pai para um lado, mãe
para o outro e filhos desunidos. Muitas células eclesiais e sociais estão
enfermas, adoecendo, assim, a Igreja e a sociedade como um todo.
Inúmeras pessoas estão
enfermas, isto é, carregam dentro de si o lixo do ódio, da falta de perdão e o
desejo da vingança. Com isso estão morrendo para os relacionamentos que fazem
viver alegremente. À semelhança dos caminhoneiros que bloqueiam as estradas,
eles bloqueiam a estrada da misericórdia e do perdão que alimentaria e
vivificaria os pecadores, que somos todos nós.
Diante dessa realidade ouve-se
um pedido importante que sai da boca de Deus e a Igreja o recomenda aos seus
membros, sobretudo neste tempo favorável, isto é, o tempo da quaresma: “Deixa a tua oferta aí diante do altar e vai
primeiro reconciliar-te com o teu irmão” (Mt 5,24a).
Eis a oferta que mais agrada a
Deus. Sair de si e ir ao encontro do outro para fazer as pazes. Não esperar que
o outro tome a iniciativa, mas sair na vanguarda e surpreender o outro que nos
ofendeu ou está ofendido com a oferta gratuita da reconciliação. Assim fez
Jesus quando ainda éramos pecadores; ele veio ao nosso encontro com mil
propostas de reconciliação a fim de nos vivificar.
Muito nos colocamos na
situação de vítimas e endurecemos o nosso coração, bloqueando o rio da
misericórdia, que resgata e vivifica. Ao bloquear matamos a nossa alegria e a
dos irmãos. Por isso o nosso querido papa Francisco, no seu documento Evangelii
Gaudium, convida a Igreja e todos nós a sairmos. Sairmos ao encontro do outro e
da outra com a boa notícia do Evangelho, que engloba a misericórdia e o perdão.
Não é coerente ir à Igreja e
participar da missa com proveito sem primeiro dispor-se a fazer as pazes com os
irmãos e as irmãs. Pode até apaziguar a consciência por alguns momentos, mas
não conseguimos viver a comunhão com Deus e com os irmãos que está nos
pressupostos da Santa Missa. A Missa não é um ato isolado. Ela exige e envolve
toda a nossa vida. Portanto a Missa nos convida à missão de nos reconciliarmos
com todos. Se não conseguimos de fato essa reconciliação, porque o outro não
aceita, pelo menos, que haja, da nossa parte, a vontade firme de reconciliar-nos
com todos.
No mundo de hoje não
precisamos apenas de líderes empresariais que impulsionam o mundo comercial com
seus inúmeros produtos. O mundo tem sede e necessidade de lideranças na área da
misericórdia e do perdão a fim de que vivifiquemos os nossos relacionamentos
familiares e sociais.
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