sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O JEJUM QUE AGRADA AO SENHOR

Iniciamos a quaresmo com um dia de jejum e abstinência de carne. Depois de um tempo longo de comilanças de carnes e outras iguarias, a nossa Igreja Católica nos oferece oportunidades. Oportunidades de rever o modo de nos alimentar. Rever e possivelmente passar a alimentar-nos melhor para termos mais vida e saúde.
Inicialmente, quando olhamos para a realidade da vida, nos damos conta que mais da metade do nosso povo está acima do peso. Peso este, que compromete, particularmente, as articulações e o coração; entendemos que é urgente mudar para termos mais qualidade de vida e saúde.
Termos mais vida e saúde para que? Em primeiro lugar porque nós moramos no nosso corpo e acredito que todos nós desejamos morar numa casa boa e saudável e não numa casa caindo aos pedaços além de suja ou podre. Ninguém gosta, em sã consciência, de morar num corpo doente. Em segundo lugar para podermos repartir com os nossos irmãos essa vida e saúde em forma de acolhimento e amor que se torna serviço. Eis, portanto, o tempo quaresmal como uma oportunidade para cuidarmos disso.
Em segundo lugar, fazer jejum de alimentos é uma oportunidade de sentir a fome de muitos irmãos que ainda não possuem o pão nosso de cada dia, necessário para viverem com dignidade. Pão nosso que não chega às suas mesas, muitas vezes, por conta da preguiça pessoal, mas a maioria das vezes como consequência do nosso egoísmo que concentra demais pão no corpo, a ponto de ficarmos obesos, ou no armazém, por falta de confiança na providência divina.
Em terceiro lugar, fazer jejum de alimentos que nutrem o corpo é uma oportunidade que nos leva a perceber que o homem e a mulher precisam mais do o alimento que nutre o corpo. Precisamos de toda a Palavra que sai da boca de Deus para crescermos à sua imagem e semelhança e não apenas como gado ou frangos para o abate. É uma oportunidade para sermos mais ricos de Deus, que é o bem supremo, e relativizarmos os bens materiais, que são apenas ferramentas para escrevermos uma história de amor e partilha aqui na terra.
Além disso, qual é o jejum que mais agrada ao Senhor? Certamente que não são as privações de chocolates, de refrigerantes ou de outras bebidas e comidas, que obviamente podem ser importantes para quem se propõe esse sacrifício com propósito de mudar hábitos danosos à sua saúde.
O sacrifício que mais agrada a Deus, porque beneficia a nós e aos irmãos, é acolher as pessoas todas, quebrar as cadeias injustas, libertar os oprimidos, repartir o pão com os famintos e vestir os nus (cf Is 58, 1-9). Eis, queridos leitores, o jejum agradável a Nosso Senhor. Não porque Ele precise disso. Ele não precisa de nada de ninguém de nós. Ele considera feito a Ele tudo o que fizermos aos irmãos e às irmãs.
Como princípio, Deus não se alegra com as nossas abstinências, jejuns e sacrifícios, porque Ele não precisa de nada. Ele é Deus e não um homem carente de roupa, comida e bebida. Como a mãe, Ele se alegra quando nós acolhemos e zelamos do seu filho. Quando zelamos de nós e dos nossos irmãos, que somos seus filhos, Deus se alegra profundamente e nos leva a experimentar o paraíso desde já. Portanto, toda a renúncia, jejum e sacrifício que liberta e visa o bem comum, faz a humanidade mais justa e feliz, é apreciada e abençoada, sobremaneira, pelo nosso querido Pai do Céu.
Fazemos votos que todos nós entendamos essa verdade evangélica que liberta e edifica uma sociedade mais justa e fraterna, conforme a proposta da Campanha da Fraternidade. Fazemos votos, sobretudo, que os nossos mandatários do País, não percam as oportunidades e se convertam deixando de roubar e votar mordomias para si e migalhas para os demais. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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