quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

OS GANHOS DO PERDÃO

Já que as pessoas gostam de ganhar e se sentem mal quando perdem, vamos falar um pouco sobre os ganhos que o indivíduo e a comunidade, como um todo, podem conseguir, através do perdão dado e recebido.
Apesar de todos os avanços e esclarecimentos conquistados pelas novas gerações, ainda hoje, muitas pessoas têm dificuldade para perdoar a si e aos demais. Dificuldades porque acreditam que elas e os outros não merecem o perdão; dificuldades porque entendem que perdoar é ser fraco, além de achar que ao não perdoar estão punindo o outro, de alguma forma. Para derrubar essas e outras barreiras pretendo mostrar quem ganha e o que ganha com o perdão dado generosamente a si e aos demais.
Inicialmente, o perdão não é uma questão de merecer ou não, como costuma pensar os que carregam uma mentalidade retributiva. O perdão é uma questão de amor e não de comercio. Em Jesus de Nazaré ficou evidente que o perdão é um sinal claro da bondade do nosso Pai e Criador. Porque Ele é bom, está sempre pronto a perdoar os seus filhos e filhas ao menor sinal de arrependimento e desejo de mudança de vida. A parábola do Filho Pródigo, ou melhor, do Pai Misericordioso (Lc 15 ,11-31) mostra bem essa disposição permanente de Deus de acolher e perdoar.
Nesse sentido Deus está sempre livre em relação a todos. Não faz diferença com ninguém. Manda a chuva sobre bons e sobre maus, mando o sol para bronzear a pele da pessoa santa e da prostituída. Nisto Deus está sempre livre para amar e ser amado. Deus não se cerca de muros, mas mantém as portas do coração sempre abertas para acolher a todos os seus filhos.
Os filhos e filhas de Deus procuram trilhar os caminhos do Pai, seguido as pegadas de Jesus, o revelador do Pai. Estão sempre prontos a perdoar a si e aos demais irmãos, que por ventura os ofenderam. Fazem isso por serem filhos do Pai Misericordioso e cheio de bondade. Ao proceder assim carregam a paz no coração, em outras palavras ganham a paz e a alegria além de uma multidão de amigos e amigas, que por sua vez foram beneficiados.
Em segundo lugar entendemos que perdoar é ser forte na capacidade de amar e não fraco como pensam os fomentadores das guerras, que acreditam mais na vingança e na força das armas. Movido pelo amor Jesus derramou o perdão sobre os que o insultavam enquanto estava agonizando na cruz. Movida pelo amor Maria assumiu a todos nós pecadores como filhos e filhas e passou a cuidar de cada um com zelo maternal.
Com essa atitude Jesus e Maria mantiveram-se livres para amar e para serem amados. Os autênticos seguidores de Jesus são aqueles que acreditam fortemente na força do amor misericordioso. Como dizia o anjo dos leprosos, Raul Folereau, eles acreditam na bomba do amor. Não só acreditam nela, mas a detonam sobre si e sobre todos os seus irmãos. Com essa atitude ganham mais vida, liberdade, paz e alegria para si e para toda a comunidade.
Em terceiro lugar aparece um grupo que pensa que ao não conceder o perdão estaria punido o outro. De alguma forma é verdade mas, sem dar-se conta, essas pessoas, não percebem que estão tomando veneno imaginando, com isso, matarem o seu adversário. Seguramente, estão matando a sua alegria de viver.  
Em termos de saúde, ao não perdoar a si e aos demais, a pessoa está tomando veneno e repartindo o mesmo nos seus relacionamentos. Ela está perdendo a saúde física, social, econômica e espiritual. Quem não perdoa é um perdedor e um fracassado. Não tardará em herdar a doença e a tristeza.
Ao contrário, a pessoa que aprendeu a aplicar na vida a terceira lei de Newton perdoa facilmente porque entende que a toda ação corresponde uma reação de igual força e valor. Portanto, ao perdoar ela se livra do ódio e do rancor e planta paz no seu coração e no do irmão perdoado. Ao perdoar cessa a raiva e a produção de adrenalina que, quando produzidas em excesso, podem causar ulceras, gastrites e outras doenças. Ao perdoar a pessoa ganha em saúde física, social, econômica e espiritual.

Finalmente, o perdão generoso concedido aos demais atrai todo o perdão do Céu e da terra sobre si e sobre a humanidade. Além disso, esse perdão é fonte de paz, de alegria, de liberdade e de saúde global. Quem é o doido que deseja perder tudo isso?  




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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