Já que as pessoas gostam de
ganhar e se sentem mal quando perdem, vamos falar um pouco sobre os ganhos que
o indivíduo e a comunidade, como um todo, podem conseguir, através do perdão
dado e recebido.
Apesar de todos os avanços e
esclarecimentos conquistados pelas novas gerações, ainda hoje, muitas pessoas
têm dificuldade para perdoar a si e aos demais. Dificuldades porque acreditam
que elas e os outros não merecem o perdão; dificuldades porque entendem que
perdoar é ser fraco, além de achar que ao não perdoar estão punindo o outro, de
alguma forma. Para derrubar essas e outras barreiras pretendo mostrar quem
ganha e o que ganha com o perdão dado generosamente a si e aos demais.
Inicialmente, o
perdão não é uma questão de merecer ou não, como costuma pensar os que carregam
uma mentalidade retributiva. O perdão é uma questão de amor e não de comercio. Em
Jesus de Nazaré ficou evidente que o perdão é um sinal claro da bondade do
nosso Pai e Criador. Porque Ele é bom, está sempre pronto a perdoar os seus
filhos e filhas ao menor sinal de arrependimento e desejo de mudança de vida. A
parábola do Filho Pródigo, ou melhor, do Pai Misericordioso (Lc 15 ,11-31)
mostra bem essa disposição permanente de Deus de acolher e perdoar.
Nesse sentido Deus está sempre
livre em relação a todos. Não faz diferença com ninguém. Manda a chuva sobre
bons e sobre maus, mando o sol para bronzear a pele da pessoa santa e da
prostituída. Nisto Deus está sempre livre para amar e ser amado. Deus não se
cerca de muros, mas mantém as portas do coração sempre abertas para acolher a
todos os seus filhos.
Os filhos e filhas de Deus
procuram trilhar os caminhos do Pai, seguido as pegadas de Jesus, o revelador
do Pai. Estão sempre prontos a perdoar a si e aos demais irmãos, que por ventura
os ofenderam. Fazem isso por serem filhos do Pai Misericordioso e cheio de
bondade. Ao proceder assim carregam a paz no coração, em outras palavras ganham
a paz e a alegria além de uma multidão de amigos e amigas, que por sua vez
foram beneficiados.
Em
segundo lugar entendemos que perdoar é ser forte na
capacidade de amar e não fraco como pensam os fomentadores das guerras, que
acreditam mais na vingança e na força das armas. Movido pelo amor Jesus
derramou o perdão sobre os que o insultavam enquanto estava agonizando na cruz.
Movida pelo amor Maria assumiu a todos nós pecadores como filhos e filhas e passou
a cuidar de cada um com zelo maternal.
Com essa atitude Jesus e Maria
mantiveram-se livres para amar e para serem amados. Os autênticos seguidores de
Jesus são aqueles que acreditam fortemente na força do amor misericordioso.
Como dizia o anjo dos leprosos, Raul Folereau, eles acreditam na bomba do amor.
Não só acreditam nela, mas a detonam sobre si e sobre todos os seus irmãos. Com
essa atitude ganham mais vida, liberdade, paz e alegria para si e para toda a
comunidade.
Em
terceiro lugar aparece um grupo que pensa que ao não conceder
o perdão estaria punido o outro. De alguma forma é verdade mas, sem dar-se
conta, essas pessoas, não percebem que estão tomando veneno imaginando, com
isso, matarem o seu adversário. Seguramente, estão matando a sua alegria de
viver.
Em termos de saúde, ao não
perdoar a si e aos demais, a pessoa está tomando veneno e repartindo o mesmo
nos seus relacionamentos. Ela está perdendo a saúde física, social, econômica e
espiritual. Quem não perdoa é um perdedor e um fracassado. Não tardará em
herdar a doença e a tristeza.
Ao contrário, a pessoa que
aprendeu a aplicar na vida a terceira lei de Newton perdoa facilmente porque
entende que a toda ação corresponde uma reação de igual força e valor.
Portanto, ao perdoar ela se livra do ódio e do rancor e planta paz no seu
coração e no do irmão perdoado. Ao perdoar cessa a raiva e a produção de
adrenalina que, quando produzidas em excesso, podem causar ulceras, gastrites e
outras doenças. Ao perdoar a pessoa ganha em saúde física, social, econômica e
espiritual.
Finalmente, o
perdão generoso concedido aos demais atrai todo o perdão do Céu e da terra
sobre si e sobre a humanidade. Além disso, esse perdão é fonte de paz, de alegria,
de liberdade e de saúde global. Quem é o doido que deseja perder tudo isso?
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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