Olhando para a realidade nós
logo podemos entender que o homem veio do barro, ou da terra molhada.
Certamente o Espírito de Deus fez o autor bíblico entender essa realidade a
partir da observação. O homem alimenta-se e vive a partir da lama e não da
terra seca. A terra seca é estéril e produz desertos. Ao contrário, a terra
molhada produz jardins, abriga e nutre a vida. A partir disso, podemos entender
toda a preocupação com a preservação das nossas aguas, particularmente com a
estiagem que atinge São Paulo e outras regiões do Brasil.
No livro do Gênesis (Gn
2,4-17) encontramos uma página que comenta essa verdade a respeito da vida e
particularmente da vida humana. Inicia dizendo que o Senhor Deus fez o homem do
pó da terra, para dizer da origem e destino dele enquanto terroso. Acrescentou
nesse boneco o seu hálito e o mesmo se tornou um ser vivente. Tudo isso para
dizer que a vida é um sopro de Deus. Sem esse sopro o homem não passa de terra
estéril. Em Deus o homem vive e é eterno.
Deus fez brotar da terra um
jardim com uma variedade imensa de árvores frutíferas e colocou o homem no meio
dele para que zelasse e se alimentasse dos frutos do mesmo. Recomendou que não
estragasse ou poluísse o mesmo para não por em risco a vida dos irmãos e a
própria. Quando o homem ignora essa orientação do seu autor e se deixa guiar
pelo egoísmo, do seu coração brota uma fonte de morte que põe em risco o jardim
todo e a própria vida.
Por isso mesmo, encontramos no
evangelho de Marcos (Mc 7,14-23) Jesus falando que toda a maldade que põe em
risco a nossa vida brota do nosso coração egoísta, que se afasta de Deus e das
suas orientações e não de fora. Do nosso coração desobediente brotam a
ganancia, a inveja, as más intenções, maldades, calúnias e tudo o mais que põe
em risco a vida do jardim e do seu zelador, que deveria ser o homem e a mulher.
Jesus veio dizer novamente ao
homem e à mulher que Deus fez brotar uma fonte de água que vivificou a terra e
produziu um jardim em favor do homem. Se o homem acolher o Espírito de Deus e a
sua Palavra feita carne, ele poderá ser um bom jardineiro e assegurar a vida do
jardim e a própria.
Sombras e luzes. Aparecem sombras,
ou seja sinais negativos, sempre que poluímos os rios, colocamos em risco as
espécies, envenenamos os alimentos e a terra, matamos os irmãos na infância ou
na juventude, discriminamos pessoas por causa da sua religião, cor ou sexo,
investimos em armas e não no cuidado para com a vida, etc, etc.
Luzes brilham quando o sopro
de Deus, isto é, a vida está em primeiro lugar e tudo mais gira em seu redor,
como ferramentas para cuidar do jardim e do ser humano, seu legítimo dono. Um
exemplo prático aparece em cada pessoa que procura zelar pela água que mata a
sede e ela mesma procura ser, como Jesus, água viva que mata a sede de
acolhimento e amor do outro.
Peçamos a graça de deixar-nos
conduzir pelo Espirito de Deus e assim fazermos da terra toda, um grande jardim,
cheio de toda sorte de árvores frutíferas, boas para alimentar a vida de todos,
sem mais exclusões e guerras fratricidas.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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