Para começo de conversa
importa que alinhemos o entendimento, isto é, que compreendamos o que significa
sacrificar o filho. Sacrifício vem do latim, que significa sacrum facere, isto é, tornar sagrado. Sendo assim importa que cada
um de nós torne sagrado o filho que tem. Mas qual filho nós temos se grande
parte das pessoas não é casada e não fez filhos biológicos? Qual é então o
sacrifício que Deus nos convida a fazer e de qual filho?
Os povos pagãos tinham o
costume de imolar um dos filhos ou filhas para acalmar a fúria dos deuses.
Normalmente alguém virgem para agradar mais os deuses e assim acalma-los e
receberem a benção. Parece que os seus deuses tinham sede do sangue dos
inocentes. Abraão, que vivia junto a esses povos, num dado momento, entendeu
que o seu Deus exigia o sacrifício cruente do seu único filho, isto é, imolá-lo
com uma faca e queimá-lo. Na verdade o Deus dele que é o nosso Deus não exige
esse tipo de sacrifícios, mas aponta para outro caminho (cf Gn 22,1-18).
Caminho esse concretizado particularmente pelo filho de Deus Jesus de Nazaré. “Não
quisestes sacrifícios e holocaustos, mas me destes um corpo”.
Qual filho, nós somos
convidados a oferecer a Deus? Jesus é a resposta. Ele se consagra inteiramente
ao projeto do Pai. Vive a vontade do Pai. Afirma que o seu alimento é fazer a
vontade daquele que o enviou, isto é, do Pai (cf Jo 4,34). Imola a sua vontade
para viver a vontade do Pai. Consagra-se inteiramente para realizar o projeto
do Pai, isto é, resgatar a humanidade do pecado e da morte.
No episódio da transfiguração
vemos Jesus subindo a montanha com Pedro, Tiago e João para na intimidade de
Deus revelar que pela consagração e doação total aos irmãos chegaria à gloria
do Céu. Pedro ficou encantado com a teofania, ou seja, com a manifestação
gloriosa de Jesus. Pensou até em ficar
nessa contemplação, mas Jesus o trouxe para a realidade da vida a fim de
conduzir os demais irmãos para a montanha de Deus.
Inicialmente Jesus veio para
mostrar-nos que o filho a ser sacrificado somos nós mesmos. Cada um de nós
recebeu um filho, ou seja, eu mesmo. Somos chamados pelo nome a subir a montanha
do Senhor para que Ele nos consagre, nos santifique, nos transfigure, pois só
Ele é Santo. Em outras palavras, somos chamados a viver na intimidade do Pai
para gradativamente chegar a pensar como Deus e sobretudo, a agir como Deus.
Jesus convida três pessoas
para segui-Lo. Não significa exclusão dos demais, mas, pelo contrário, inclusão
de todo o povo de Deus. O número três significa a totalidade dos homens e das
mulheres. Todos os filhos de Deus são chamados por Jesus a subir a montanha do
Senhor. Jesus como o irmão mais querido estende a mão para todos nós e deseja
conduzir-nos para a intimidade de Deus a fim de que nos santifique e assim experimentemos,
desde já, o gosto do Céu.
Uma vez que fazemos essa
experiência de Jesus glorificado Ele nos conduz para o meio dos nossos irmãos
nas cidades, nas periferias e nas roças para que estendamos as nossas mãos a
eles a fim de conduzi-los à consagração a Deus, aqui e agora, para que também
experimentem o gosto do Céu. Em outras palavras, nos tornamos discípulos
missionários dele para conduzir os demais para à montanha do Senhor.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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