Quantas inverdades são
apresentadas com cara de verdades, com segundas intenções! Nos diversos
segmentos da vida a mentira ocupa o seu lugar e as consequências não tardam a
marcar os mentirosos e os que acolhem a mentira. Desde que o mundo é mundo, a
mentira parece ter estado presente. O diabo com a mentira conseguiu enganar Eva
e Adão e a relação com Deus e entre o casal já foi contaminada. O casal ficou
com medo de Deus e procurou esconder-se e na hora de dar explicações, Adão
acusou Eva.
Segundo o ensinamento da minha
querida mãe, o diabo ensina fazer a
panela, mas não sabe fazer a tampa. Por isso, boa notícia é que a mentira tem pernas curtas, isto é,
que logo pode ser desmascarada. Uma vez que é confrontada com a fonte da
verdade e da vida, isto é, com Deus, ela não se sustenta. Ela derruba o
mentiroso e salva o inocente.
Vejamos o caso específico da
acusação feita contra Suzana por dois idosos envelhecidos na mentira e na
maldade (Dn 13,41-62). Os velhos cheios de desejos torpes em relação à Suzana,
uma vez frustrados os seus planos, resolveram mentir perante a comunidade,
acusando a mesma de infidelidade matrimonial. O povo que é Maria vai com as outras aceitou facilmente a acusação e já ia para
apedrejar aquela senhora. Deus, porém, suscitou Daniel, um jovem cheio de
sabedoria, e questionou o julgamento. Feito o julgamento novamente, desta vez
diante da Sabedoria, que é um dom de Deus, a falsidade e a mentira foram
desmascaradas e a condenação caiu sobre mentirosos.
O grande problema surge quando
a comunidade não submete os julgamentos à luz da Sabedoria de Deus. Quando isso
ocorre, os inocentes são trucidados e falsos e mentirosos parecem vitoriosos.
Imaginemos irmãos e irmãs os nossos diversos julgamentos que estão acontecendo
no mensalão, na Petrobrás e em outros setores do nosso País! Será que estão
sendo submetidos à luz da Palavra de Deus ou de interesses escusos? Se prevalecer a segunda hipótese, certamente
muitos inocentes pagarão a conta enquanto que os corruptos cantarão vitória. Será
que a retirada do Crucifixo de algumas repartições não tem a ver com isso?
No episódio da mulher
surpreendida em adultério contemplamos uma cena maravilhosa de julgamento
perante a Sabedoria (Jo 8,1-11). Inicialmente vemos um grupo de fariseus e
mestres da Lei que trazem até Jesus uma mulher surpreendida em fragrante
adultério. Segundo a Lei judaica tais mulheres deveriam ser apedrejadas. É
estranho que apanharam apenas a mulher quando na verdade o adultério aconteceu
entre um homem e uma mulher. Cadê o homem? Ou para o homem era permitido tudo?
Contemplemos a cena da mulher
diante de Jesus, a Sabedoria de Deus, por excelência, e o grupo de acusadores.
Jesus conduz a todos, isto é, os acusadores e a mulher a contemplar a sua
verdade mais profunda. Diante da sabedoria de Deus todos descobriram que eram
limitados, mentirosos e pecadores. Com isso, perderam a vontade de condenar
notando que a condenação recaia também sobre eles.
Diante de Deus e da sua
Sabedoria todos somos mentirosos e pecadores. Com essa consciência viva
passamos a ser misericordiosos conosco e com os demais irmãos e irmãs que são
contaminados pela mentira, desde a origem. Delegaremos a Jesus o julgamento,
que por sua vez responderá que veio para salvar e não para condenar. “Ninguém
te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu
também, não te condeno” (Jo 8,11).
Mais uma vez estamos às portas
da Semana Santa. Mais uma vez temos a oportunidade de nos colocar diante do
Amor do Pai, que veio para arrancar de nós a mentira e o pecado, a fim de que
não mais condenemos as pessoas, mas nos empenhemos fortemente na salvação das
mesmas, como fez o nosso querido irmão Jesus de Nazaré.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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