segunda-feira, 23 de março de 2015

A FORÇA DA MENTIRA É LIMITADA

Quantas inverdades são apresentadas com cara de verdades, com segundas intenções! Nos diversos segmentos da vida a mentira ocupa o seu lugar e as consequências não tardam a marcar os mentirosos e os que acolhem a mentira. Desde que o mundo é mundo, a mentira parece ter estado presente. O diabo com a mentira conseguiu enganar Eva e Adão e a relação com Deus e entre o casal já foi contaminada. O casal ficou com medo de Deus e procurou esconder-se e na hora de dar explicações, Adão acusou Eva.
Segundo o ensinamento da minha querida mãe, o diabo ensina fazer a panela, mas não sabe fazer a tampa. Por isso, boa notícia é que a mentira tem pernas curtas, isto é, que logo pode ser desmascarada. Uma vez que é confrontada com a fonte da verdade e da vida, isto é, com Deus, ela não se sustenta. Ela derruba o mentiroso e salva o inocente.
Vejamos o caso específico da acusação feita contra Suzana por dois idosos envelhecidos na mentira e na maldade (Dn 13,41-62). Os velhos cheios de desejos torpes em relação à Suzana, uma vez frustrados os seus planos, resolveram mentir perante a comunidade, acusando a mesma de infidelidade matrimonial. O povo que é Maria vai com as outras aceitou facilmente a acusação e já ia para apedrejar aquela senhora. Deus, porém, suscitou Daniel, um jovem cheio de sabedoria, e questionou o julgamento. Feito o julgamento novamente, desta vez diante da Sabedoria, que é um dom de Deus, a falsidade e a mentira foram desmascaradas e a condenação caiu sobre mentirosos.
O grande problema surge quando a comunidade não submete os julgamentos à luz da Sabedoria de Deus. Quando isso ocorre, os inocentes são trucidados e falsos e mentirosos parecem vitoriosos. Imaginemos irmãos e irmãs os nossos diversos julgamentos que estão acontecendo no mensalão, na Petrobrás e em outros setores do nosso País! Será que estão sendo submetidos à luz da Palavra de Deus ou de interesses escusos?  Se prevalecer a segunda hipótese, certamente muitos inocentes pagarão a conta enquanto que os corruptos cantarão vitória. Será que a retirada do Crucifixo de algumas repartições não tem a ver com isso?
No episódio da mulher surpreendida em adultério contemplamos uma cena maravilhosa de julgamento perante a Sabedoria (Jo 8,1-11). Inicialmente vemos um grupo de fariseus e mestres da Lei que trazem até Jesus uma mulher surpreendida em fragrante adultério. Segundo a Lei judaica tais mulheres deveriam ser apedrejadas. É estranho que apanharam apenas a mulher quando na verdade o adultério aconteceu entre um homem e uma mulher. Cadê o homem? Ou para o homem era permitido tudo?
Contemplemos a cena da mulher diante de Jesus, a Sabedoria de Deus, por excelência, e o grupo de acusadores. Jesus conduz a todos, isto é, os acusadores e a mulher a contemplar a sua verdade mais profunda. Diante da sabedoria de Deus todos descobriram que eram limitados, mentirosos e pecadores. Com isso, perderam a vontade de condenar notando que a condenação recaia também sobre eles.
Diante de Deus e da sua Sabedoria todos somos mentirosos e pecadores. Com essa consciência viva passamos a ser misericordiosos conosco e com os demais irmãos e irmãs que são contaminados pela mentira, desde a origem. Delegaremos a Jesus o julgamento, que por sua vez responderá que veio para salvar e não para condenar. “Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também, não te condeno” (Jo 8,11).

Mais uma vez estamos às portas da Semana Santa. Mais uma vez temos a oportunidade de nos colocar diante do Amor do Pai, que veio para arrancar de nós a mentira e o pecado, a fim de que não mais condenemos as pessoas, mas nos empenhemos fortemente na salvação das mesmas, como fez o nosso querido irmão Jesus de Nazaré. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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