Em todos os tempos notam-se
pessoas movendo-se ou assumindo determinados comportamentos por causa dos
outros ou movidos pela moda. O que é pior ainda é que determinados modismos se
impõem de tal forma que os que os adotam nem se perguntam pelo seu significado.
Por exemplo, o fato dos meninos mostrarem as cuecas. Não sei se é verdade, mas
alguém me disse que a moda surgiu nos presídios americanos e que indicava quem
estava disponível sexualmente para os colegas. Se isso é verdade, será que os
nossos meninos sabem disso ou será que nesse tempo de modismos o importante é
pegar a onda e apenas surfar sem importar-se com o significado do que se faz ou
se deixa de fazer? Parece que os modismos sempre mais vão fazendo a cabeça do
povo a tal ponto de meninas ficarem com meninas e meninos com meninos sem se
perguntarem pelo seu fundamento maior e a que resultados leva.
No Evangelho de hoje vemos um
indivíduo que não se movia pela moda ou pelas convicções dos outros. Tinha uma
personalidade própria e se recusava a pensar como a massa pensava. Não era do
contra só para ser do contra ou por mania de estrelismo. Não era escravo da
política, da religião ou de algum modismo do seu tempo. Agia com liberdade
absoluta e gradativamente ia abrindo os olhos do povo escravo. Por conta disso,
incomodava muito os que comandavam e conduziam as massas. Diante disso, tomaram
a decisão de eliminá-lo.
Onde ele encontrava tamanha
força e convicção para agir dessa forma tão livre? “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o
que enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho
da parte dele, e ele foi quem me enviou” (Jo 7,28s). Jesus vivia em
comunhão com o Pai e nele encontrava a sua força e determinação para agir. Não
agia para agradar a esse ou aquele ou por medo das autoridades. Agia assim para
revelar o amor e a liberdade pensada pelo Pai para todos os seus filhos e suas
filhas.
Na liberdade em Deus ele foi
assumindo todas as escravidões e pecados do homem e da mulher e as levou para a
cruz e para a sepultura. Da cruz e da sepultura brotou a liberdade para todos
os seus irmãos e irmãs, ou seja, a ressurreição para uma vida nova. Uma vida
livre das amarras e escravidões para melhor servir a família e a comunidade.
Olhando para a nosso povo
cristão, o vemos, ainda hoje, amarrado a modismos sem conta e inúmeras
escravidões. Diante disso, nos perguntamos onde os nossos cristãos encontram a
sua força para agir? Parece que, a maioria, não age movida por Deus, mas sim
por mil outros motivos e muitos deles, bem distantes do Deus do Amor.
Sendo assim, neste tempo de
quaresma, tempo de preparação para a páscoa da libertação, queremos pedir a
graça da libertação, sobretudo para os nossos batizados. Pedimos a libertação
dos modismos que desfiguram a beleza original de cada pessoa humana. Fazemos
votos que cada cristão e cada pessoa humana, a exemplo de Jesus, encontre no
Pai Nosso, isto é, no Pai do Céu, que é Pai de cada um de nós, a força maior
para agir na construção de uma sociedade justa, fraterna, livre e,
consequentemente, feliz.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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