
Diante disso queremos jogar um
pouco de luz e esperança para todos. Essa luz vamos encontrá-la, inicialmente,
no profeta Jeremias (Jr 31,7-9) onde o Senhor afirma pela boca do seu
mensageiro: “ Exulta de alegria meu povo ... Eu os reunirei desde as
extremidades da terra. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre
preces, como um pai acolhedor ...”. Que linda promessa de Deus! Deus não apenas
promete, mas realiza as suas promessas, a seu tempo.
Tanto é verdade que Deus
enviou o seu filho Jesus para concretizar essa promessa e outras mais. Uma
amostra dessa realização podemos ver no Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52) onde
ele ouve o grito do excluído da comunidade. Trata-se do cego Bartimeu, filho de
Timeu, que era cego e mendigo e estava sentado à beira do caminho. Vivia das
esmolas de alguns transeuntes que julgavam estar fazendo caridade. Quando pedia
ajuda a alguém importante que por lá passava para sair daquela situação era
calado dizendo: “fica quieto no seu canto e não incomode”.
Para confirmar isso, notem o
que aconteceu quando ele ouviu dizer que Jesus estava passando por lá. Ele se
pôs a gritar pedindo ajuda e o texto do Evangelho afirma que “muitos o
repreendiam para que se calasse” (Lc 10,48a). Não fosse a insistência dele,
apesar da comunidade, talvez tivesse permanecido na mendicância a vida toda.
Mas ele gritou mais forte e Jesus o ouviu e mandou chamá-lo. Ao ouvir que Jesus
o chamava e queria acolhê-lo deu um pulo de alegria e foi até Jesus. Este o
acolheu e o curou para que seguisse no caminho e não mais permanecesse na
marginalidade e na mendicância.
O texto afirma que após essa
acolhida e cura o jovem abriu os olhos e viu o verdadeiro caminho que é Jesus e
seguiu as suas pegadas alegremente. Eis, queridos irmãos e irmãs o projeto de
Deus! Projeto esse que não deseja que nenhum dos seus filhos seja excluído e
marginalizado e tenha que viver como mendigo. Em sã consciência ninguém quer
viver como mendigo, ou seja, das migalhas que caem das mesas dos demais, mas
todos buscam o seu lugar na sociedade e na comunidade eclesial. Na verdade,
esse lugar existe, e ninguém pode ocupar o lugar do outro.
Jesus veio ensinar que todos somos
filhos de Deus e podemos entrar no caminho, que é Ele mesmo, para recuperar a
nossa dignidade de filhos e filhas. Ele veio para revelar o Caminho, que é Ele
mesmo, e nós seus discípulos missionários devemos facilitar esse encontro com
Jesus e não dificultá-lo, marginalizando a muitos.
Como fazer isso na prática
quotidiana? Inicialmente, ver a pessoa humana como filho e filha de Deus, portanto
como o valor maior da criação. Consequentemente estar sempre pronto para
acolhê-la como um presente de Deus e atendê-la nas suas necessidades
fundamentais de filho e filha de Deus. Manter as portas do nosso coração e das
nossas igrejas sempre abertas para acolher a todos sem exclusões. Entender que
ninguém tira o lugar de ninguém na comunidade, mas cada um ocupa o seu lugar,
assim como os tijolos entram na construção ocupando o seu lugar. Aliás, cada um
chega na comunidade para enriquecer a todos e a cada um. Portanto, sem medo e
sem julgamentos, facilitar e ajudar a todos a assumirem esse lugar, sendo assim
construtores da comunidade e não mais demolidores, com a nossa insegurança e
inveja, que lamentavelmente, ainda infestam as nossas comunidades.
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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