terça-feira, 27 de outubro de 2015

ACOLHER É FUNDAMENTAL

Olhando ao nosso redor vemos inúmeros irmãos e irmãs que se sentem excluídos e marginalizados. Excluídos por preconceitos raciais e religiosos temos um grande número. Excluídos porque são tidos como anormais e, por isso mesmo, não se enquadram nos esquemas da normalidade cultural. Rejeitados pelos pais porque vieram sem ser planejados. Excluídos por conta da insegurança dos líderes eclesiais que têm medo de perder o seu lugar nos grupos da Igreja. Quanta dor e sofrimento por causa da exclusão! Quantas lágrimas rolam do rosto dos nossos irmãos por sentirem-se fora da comunidade, das famílias e da Igreja! Eis uma realidade dura e desafiadora para todos nós que nos dizemos seguidores de Jesus.
Diante disso queremos jogar um pouco de luz e esperança para todos. Essa luz vamos encontrá-la, inicialmente, no profeta Jeremias (Jr 31,7-9) onde o Senhor afirma pela boca do seu mensageiro: “ Exulta de alegria meu povo ... Eu os reunirei desde as extremidades da terra. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces, como um pai acolhedor ...”. Que linda promessa de Deus! Deus não apenas promete, mas realiza as suas promessas, a seu tempo.
Tanto é verdade que Deus enviou o seu filho Jesus para concretizar essa promessa e outras mais. Uma amostra dessa realização podemos ver no Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52) onde ele ouve o grito do excluído da comunidade. Trata-se do cego Bartimeu, filho de Timeu, que era cego e mendigo e estava sentado à beira do caminho. Vivia das esmolas de alguns transeuntes que julgavam estar fazendo caridade. Quando pedia ajuda a alguém importante que por lá passava para sair daquela situação era calado dizendo: “fica quieto no seu canto e não incomode”.
Para confirmar isso, notem o que aconteceu quando ele ouviu dizer que Jesus estava passando por lá. Ele se pôs a gritar pedindo ajuda e o texto do Evangelho afirma que “muitos o repreendiam para que se calasse” (Lc 10,48a). Não fosse a insistência dele, apesar da comunidade, talvez tivesse permanecido na mendicância a vida toda. Mas ele gritou mais forte e Jesus o ouviu e mandou chamá-lo. Ao ouvir que Jesus o chamava e queria acolhê-lo deu um pulo de alegria e foi até Jesus. Este o acolheu e o curou para que seguisse no caminho e não mais permanecesse na marginalidade e na mendicância.
O texto afirma que após essa acolhida e cura o jovem abriu os olhos e viu o verdadeiro caminho que é Jesus e seguiu as suas pegadas alegremente. Eis, queridos irmãos e irmãs o projeto de Deus! Projeto esse que não deseja que nenhum dos seus filhos seja excluído e marginalizado e tenha que viver como mendigo. Em sã consciência ninguém quer viver como mendigo, ou seja, das migalhas que caem das mesas dos demais, mas todos buscam o seu lugar na sociedade e na comunidade eclesial. Na verdade, esse lugar existe, e ninguém pode ocupar o lugar do outro.  
Jesus veio ensinar que todos somos filhos de Deus e podemos entrar no caminho, que é Ele mesmo, para recuperar a nossa dignidade de filhos e filhas. Ele veio para revelar o Caminho, que é Ele mesmo, e nós seus discípulos missionários devemos facilitar esse encontro com Jesus e não dificultá-lo, marginalizando a muitos.

Como fazer isso na prática quotidiana? Inicialmente, ver a pessoa humana como filho e filha de Deus, portanto como o valor maior da criação. Consequentemente estar sempre pronto para acolhê-la como um presente de Deus e atendê-la nas suas necessidades fundamentais de filho e filha de Deus. Manter as portas do nosso coração e das nossas igrejas sempre abertas para acolher a todos sem exclusões. Entender que ninguém tira o lugar de ninguém na comunidade, mas cada um ocupa o seu lugar, assim como os tijolos entram na construção ocupando o seu lugar. Aliás, cada um chega na comunidade para enriquecer a todos e a cada um. Portanto, sem medo e sem julgamentos, facilitar e ajudar a todos a assumirem esse lugar, sendo assim construtores da comunidade e não mais demolidores, com a nossa insegurança e inveja, que lamentavelmente, ainda infestam as nossas comunidades. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 

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