“Deus
quer que sirvamos, que consolemos, que ajudemos aos que sofrem, sem distinção
de pessoas. Antes, vamos mais prontamente aos mais pobres e abandonados, para
ajudá-los e assisti-los até o fim”.
Para fechar o mês de S.
Camilo, vai aí mais um pensamento típico de gente santa. Normalmente, nós que
andamos um tanto longe da santidade, escolhemos as pessoas mais agradáveis para
servir, enquanto que as chatas e rabugentas, as esquecemos e até as ignoramos.
Lembro aqui, do jornalista que
foi dizer a Madre Tereza de Calcutá que estava cuidando de um doente malcheiroso,
que não faria aquilo nem por mil dólares. A Santa disse que também não o faria
por mil dólares. Diante disso o jornalista insistiu perguntando por que o fazia
então? Ela respondeu que fazia aquilo por amor a Deus e às pessoas.
Eis o combustível que move os
santos e santas de Deus. Certamente que não é o dinheiro ou outros interesses
pessoais. O Amor a Deus e às pessoas é o que move os gigantes da caridade a
fazer extraordinariamente bem aquilo que os endinheirados não fariam por mil
dólares, ou seja, cuidar de um mendigo fedido, de uma criança abandonada ou de
um doente malcheiroso.
Neste tempo em que se briga
para superar racismos e discriminações, a orientação do nosso Santo revela toda
a sua atualidade. Camilo chama os seus a ajudarem a todos sem distinções. Se
uma distinção pode ser feita é em relação aos mais pobres, pois eles necessitam
mais dado a sua indigência.
Por que essa orientação? Enquanto
os ricos e mais bem de vida possuem condições financeiras e gente para
atendê-los, os pobres e indigentes, por vezes, não possuem nem uma e nem outra.
Por isso mesmo, Camilo recomenda que se alguma distinção deva ser feita que se atendam
mais prontamente os pobres, pois
eles têm por amigo, normalmente, um cachorro e ninguém que os ajude.
Importa perceber que em
momento algum ele recomenda que os ricos não devam ser atendidos. Muito menos
incita os seus contra os ricos, que por vezes são mais pobres do que os pobres
de bens materiais, pois alguns deles andam longe de Deus enquanto os pobres,
financeiramente falando, na sua maioria, andam muito ligados a Ele.
Camilo ousa pedir que se ajude
os necessitados até o fim e não uma
vez apenas, como costumeiramente fazemos, muitas vezes para nos livrar deles. Basta
pensar um pouco nas nossas doações nas ruas, praças e esquinas. Pede que
façamos uma caminhada de escuta atenta e serviçal até o fim da vida, sempre que
necessário e possível. Pede, em suma, que os ajudemos a viver e a morrer bem.
Peçamos a graça de colocar em
prática essa sábia e santa orientação de Camilo de Lellis, para edificarmos uma
sociedade mais justa e mais fraterna.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança