A vida humana
implica tomada de decisões. Nem sempre é fácil. Particularmente quando nos
encontramos diante de várias alternativas. Saber tomar decisões boas é o grande
objetivo da nossa vida humana. Entendemos,
porém, que as decisões boas, às vezes, não são as mais prazerosas. Muitas delas
implicam renúncias e grandes sacrifícios.
Vivemos hoje
numa nova época. Época essa em que as pessoas são educadas e formadas para o
mais fácil, para o mais prazeroso, para a satisfação imediata. Por conta disso muitas pessoas têm
dificuldades de tomar decisões, sobretudo, quando implicam renuncias e
sacrifícios. Alguns tentam abraçar tudo e não apertam nada. Outros tentam
terceirizar as decisões, ou seja, deixar que os pais, o professor, o padre ou
outra pessoa tome as decisões por eles. Os hedonistas escolhem apenas aquilo
que lhe dá prazer imediato.
Normalmente as
pessoas têm dificuldades para assumir a responsabilidade que envolve as
decisões que tomam no seu dia a dia. Muitas vezes procuram culpados para justificar
as escolhas mal sucedidas. Diante disso, a Palavra de Deus em Eclo 15,16-21
afirma que o homem é colocado diante de duas alternativas, isto é: “A vida e a
morte, o bem e o mal. Ele receberá aquilo que preferir”.
Em primeiro
lugar, notamos que o homem está diante de duas alternativas e não diante de
diversas. Ele precisa decidir-se por uma delas, pois uma é contrária à outra.
Nisto não existe margem para a dúvida. É preciso escolher uma delas e arcar com
a responsabilidade da escolha. Segundo a Palavra de Deus, não é mais possível delegar
a terceiros a tomada das nossas decisões e consequentemente a responsabilização
dos mesmas pelos nossos fracassos.
Nós mesmos
somos colocados diante da vida e da morte, do bem e do mal. Nós mesmos temos
que escolher e nos responsabilizar pelas nossas escolhas. Dentro de cada ser
humano existe o Espírito de Sabedoria, o espírito de Deus, que geme com gemidos
inenarráveis, segundo São Paulo, apontando para as boas escolhas que podemos
fazer. Inspira-nos a escolher o bem, a vida e a felicidade e nunca o egoísmo, o
mal, a infelicidade e a morte.
Um casal me
procurou para falar comigo alegando dificuldades no seu relacionamento.
Procurei acolhê-lo com carinho e decisão firme de ouvi-lo para poder entendê-lo.
Ambos disseram-me que estavam juntos há oito anos e tinham um filho de três
anos. No ano de 2013 começaram a brigar e a brigar. Um belo dia a mulher
comunicou ao marido que iria sair de casa como de fato o fez. Foi morar com
outro homem amigo de infância. Na convivência se deu conta que aquela escolha
não foi a melhor, pois a felicidade que tanto almejava estava bem longe.
Entendeu que foi uma escolha egoísta e não uma boa escolha, conduzida pelo
Espírito Santo. Assumiu o seu fracasso e voltou ao marido para reconciliar-se.
Nessas alturas
eu imagino os meus leitores. Muitos com as mãos cheias de pedras para
arremessar contra a traidora para acabar de matá-la (Jo 8,1-11). Outros com o
coração fechado dizendo: “Você teve a sua oportunidade. Agora siga o seu caminho,
pois não a queremos mais”.
Vejamos,
porém, o marido dessa jovem senhora. Ele permaneceu fiel. Como o Pai do Filho
Pródigo permaneceu à espera da sua amada. Permaneceu com o coração cheio de
amor misericordioso. Procurou ver a rosa e não apenas os espinhos. Por isso, quando ela chegou de volta não a
condenou, mas a acolheu, a perdoou e a conduziu à sua cama nupcial. Logo que
pode a conduziu ao Sacerdote para juntos receberem o sacramento da
reconciliação e a bênção da casa. Que escolha maravilhosa foi a do marido que
possibilitou o bem, a vida, e a felicidade! Que escolha maravilhosa foi a
última dessa mulher que possibilitou a reconciliação, a alegria e a vida
daquela família!
Queridos
leitores! O Espírito de Deus está dentro de nós todos. Ele nos coloca diante do
trabalho e da preguiça, do bem e do mal, da vida e da morte, da felicidade e da
infelicidade, do perdão e da condenação, do pensar bem e pensar mal. O Espírito
Santo fará tudo para nos conduzir no caminho da vida e da felicidade, mas não
poderá escolher por nós. Jesus já garantiu a nossa vida e felicidade. Portanto,
viver ou morrer, ser feliz ou infeliz depende da cada um de nós e não da sorte
ou do azar, como muitos pensam.
Pe. Arlindo Toneta – MI
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais – PR
padretoneta@yahoo.com.br
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