Ninguém de nós queridos
irmãos nasce prata ou ouro puros, mas à semelhança da ganga impura, nascemos
fracos, cheios de medos, limitações e pecados. Somos um composto de barro e
sopro divino (cf Gn 2,7). Por conta disso, com grande pranto, pedimos socorro
logo que nos deparamos com a luz do dia. Imediatamente braços fortes nos amparam,
nos acariciam, nos alimentam para que cresçamos fortes e vigorosos. Em suma, o
Céu e a terra vêm em socorro de cada filho que pisa o planeta azul.
Eis a nossa realidade
humana, queridos irmãos! Somos um presente do Céu, mas viemos a este mundo
embrulhados em lama e profundas limitações. Alguns nascem em berços mais ricos
outros mais pobres, mas todos somos muito frágeis e necessitamos de mil ajudas
para conquistarmos as sonhadas medalhas de bronze, prata e ouro.
Esta terra de Iomerê (SC) há
muitos anos teve o privilégio de acolher um bebê. Um bebê que foi esperado com
amor de mãe e de pai. Aconchegado num lar com diversos irmãos. Logo a seguir
foi batizado com o nome de João Afonso Zago. Esse menino, com a ajuda dos pais,
dos parentes e sacerdotes, foi crescendo em idade e sabedoria e logo entendeu
que a vida era para servir.
Movido pelo medo do inferno
e pelo desejo de ir para o Céu, decidiu entrar para o seminário a fim de ser
sacerdote. Passou por muitas dificuldades para superar os exigentes estudos
preparatórios. Muito perseverante na oração, à semelhança de S. João Maria Vianney,
confiou mais em Deus do que si. Com 29 anos foi ordenado sacerdote camiliano,
aqui nesta igreja, na festa de São Pedro e São Paulo, pela imposição das mãos
do bispo Dom Daniel Ostin. Sacerdote camiliano que tinha medo do hospital e de
doentes, pois até então não tinha tido maiores contatos com eles.
Obediente aos seus
superiores não tardou em ser nomeado capelão do Hospital S. Camilo. Com pernas
trêmulas, mas confiante na Graça de Deus e na proteção de S. Camilo, que o
atraiu, foi para junto dos enfermos e de lá nunca mais se afastou. Descobriu a
alegria de poder servir a Jesus em cada irmão e em cada irmã enfermos. Nas
casas e hospitais, enxugou as lágrimas de inúmeros enfermos, ungiu com o
carinho de Deus a milhares de outros; quantas pessoas ajudou a partir paro o
Céu com grande confiança! Quantos e quantos dias, passada a meia noite, estava,
o consolador dos aflitos, visitando os enfermos, consolando os familiares e
animando os profissionais da saúde! Quantos medos e temores foram expulsos da
pessoa do Pe. João pelo exercício da caridade para com os enfermos! A caridade
para com os sofredores e seus cuidadores foi purificando o coração medroso do
Pe. João.
Pe. João não se limitou à
capelania, mas envolveu-se na formação dos futuros religiosos camilianos. O seu
exemplo de sacerdote fiel a Deus e ao povo formava mais do que todo o seu
conhecimento filosófico e teológico. O seu amor ao carisma camiliano o fazia
perseverar nesse serviço, apesar dos desafios da formação. Trabalhando como formador foi sendo formado e
santificado.
Foi no cuidado do povo e das
famílias que o nosso aniversariante deixou a maior marca. Jesus, como a Pedro,
lhe perguntou: “Você me ama?” João respondeu cuidando a todos com grande
ternura. Mereceu até o título de João de Deus, cantado em prosa e verso pelos
seus paroquianos. Nesse serviço foi amadurecendo como o vinho. Cada ano que
passava ele ia ficando mais apreciado pelos degustadores. No cadinho da
caridade sacerdotal foi perseverando na oração e no serviço à comunidade. Dia
após dia foi sendo fortalecido e purificado. Com o
passar do tempo os casais, os jovens, as religiosas foram descobrindo essa mina
de prata, aos 25 anos, que hoje, graças a Deus, está colhendo ouro, ou seja, 50
anos de doação como sacerdote camiliano, imitando as pegadas de Jesus.
Queridos irmãos! Como
pudemos ouvir um pouco, ninguém nasce pronto e limpo como a prata e o ouro.
Todos, necessitamos da ajuda da comunidade e da Graça de Deus que não se cansa
de nos acolher e perdoar. O que importa é não desanimar na caminhada. Por mais
difícil que ela seja a caminhada no sacerdócio ou no casamento, importa perseverar
e confiar mais em Deus do que em si. Além disso, é fundamental confiar no outro
e na comunidade. Assumindo a nossa vocação e missão dessa forma, chegaremos,
com a Graça de Deus, a sermos coroados com as medalhas de prata e ouro.
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