“Consideremos as nossas
coisas como se fossem dos pobres: somente aquilo que tivermos dado a eles, será
nosso! Se colocamos o pão nas mãos dos pobres, encontrá-lo-emos na eternidade nas
mãos de Cristo”.
Eis
aqui mais um grande desafio proposto pelo nosso Herói da Caridade. Atualmente,
observamos que a maioria do nosso povo é educado para tomar posse das coisas e não
para abrir mão delas. O pensamento de Camilo coloca-nos diante de uma nova
orientação cultural. Orientação essa que nos conduz contra a corrente. Pela
nossa experiência não é fácil nadar contra a correnteza. Requer do nadador
força dupla para vencer a corredeira que vai nos conduzindo contra a nossa
vontade.
São
Camilo orienta-nos para que consideremos as nossas coisas como se fossem dos
pobres. Como chegar a fazer isso sem que haja uma força impositiva que vem de
fora de nós, dado que por natureza somos egocêntricos e um tanto egoístas? A
nosso ver o Evangelho nos ensina como fazer isso. Necessitamos criar no nosso
coração um grande amor a Deus. Cheios do amor a Deus nós beberemos avidamente a
sua Palavra. No coração da sua Palavra descobriremos que tudo o que fizermos a
um irmão ou irmã pobre, Deus o considera feito a Ele. Movidos pelo amor a Deus seremos
capazes de abrir mão de todas as suas coisas em favor deles.
Muito
mais do que abrir mão das nossas coisas seremos capazes de fazer o que os
namorados apaixonados fazem, isto é, consagrar todo o nosso ser a serviço dos
mesmos. Se ainda não estivermos convencidos disto, basta que meditemos a vida
dos Heróis da Igreja, isto é, dos nossos Santos.
Vejamos
S. Francisco que renunciou toda a riqueza do seu pai Bernardone, inclusive as
suas próprias vestes. Após essa renúncia chocante para os seus familiares ele
se consagrou inteiramente aos pobres e leprosos. Olhemos um pouco o nosso santo dos doentes
que saía pelas ruas a pedir esmolas para a manutenção da comunidade, mas
chegava em casa sempre de mãos vazias pois acabava distribuindo aos pobres que
existiam em todas as esquinas da Roma.
Somente
esse grande amor a Deus nos capacitará a marchar contra a cultura do ter sempre
mais, que vai escravizando o coração do ser humano e tornando-nos menos felizes.
Somente um grande amor a Deus nos levará a abrir mão de algumas coisas e de um
pouco de nosso tempo para fazer alguém feliz. Somente um amor imenso a Deus nos
levará a abrir mão de tudo e de todos para na liberdade consagrar-nos
inteiramente aos demais irmãos, especialmente aos mais pobres.
Peçamos
a graça de descobrir esse tesouro, mencionado no Evangelho de Mateus (Mt 13,44)
que leva o indivíduo a abrir mão de todas as coisas terrenas para adquirir esse
tesouro no Céu.
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