Estamos apresentando S. Camilo como um modelo de vida a ser seguido. Não
o apresentamos como alguém para ser adorado como alguns que crêem diferente nos
acusam. Em momento algum ele chamou a atenção sobre si e muito menos se endeusou
para ser adorado. Pelo contrário, se apresentou sempre como um tição para o
inferno se não fosse a Graça de Deus que o curasse e santificasse. O apresentamos,
portanto, como uma seta que aponta o caminho para o Céu, que é Jesus, a quem
devemos adorar.
São Camilo, como seta que aponta o caminho para o Céu, nos recorda que o
caminho para Céu passa pelo amor aos doentes. Ele confirma a primeira carta de
São João que diz que todo aquele que ama os enfermos nasceu de Deus e conhece a
Deus.
"Os enfermos são os nossos
senhores e patrões, amemo-los ternamente. Vejamos nos pobres a própria pessoa
de Cristo. Estes pobres que servimos um dia nos farão ver a face de Deus"
(São Camilo).
Aqui Camilo força-nos a rever o nosso conceito de patrão. Geralmente o patrão
é o superintendente do hospital e todos procuram respeitá-lo e obedecem as suas
ordens. Geralmente acolhem e obedecem mais por medo do que por amor. Camilo
chama-nos para mudar os paradigmas. Ele afirma categoricamente que os nossos
patrões são os doentes e não os administradores. Os doentes são a razão de ser
do hospital e de nós também. Eles são os nossos senhores, isto é, nossos
patrões. Eles mandam e nós devemos atendê-los nas suas necessidades, movidos
pelo amor e não mais pelo medo de perder o emprego. Eles são Jesus Cristo,
nosso Senhor, doente e necessitado. Portanto nós cristãos e camilianos, somos
chamados a obedecer aos doentes e a servi-los vendo em cada um deles o rosto de
Jesus.
Camilo não quis ser apenas diferente, mas quis colocar em prática o
Evangelho de Jesus Cristo que diz que tudo o que fizermos e um doente foi ao
próprio Jesus que o fizemos (cf. Mt 25,36ss). Quis colocar em prática o
Evangelho que diz que seremos julgados pelo amor e não pelo medo.
Ele continua dizendo que a caridade para com os doentes nos abre as
portas para a visão do rosto de Deus. Nós, que servimos os doentes nos
hospitais e nas casas, somos privilegiados pois, podemos, desde já,
contemplar o rosto de Jesus em cada enfermo. Podemos amar, de forma bem concreta,
a Deus em cada sofredor. Podemos saborear o Céu na caridade junto aos enfermos,
nossos verdadeiros patrões.
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