Num rápido olhar sobre a realidade da vida humana deparamo-nos com o sim e com o não do homem e da mulher. Por vezes o homem diz sim e outras vezes ele diz não. Aliás, a vida é assim mesmo. É fundamental saber dizer sim para aquilo que convém e saber dizer não para o que nos ameaça. É pedagógico dizer sim à criança para aquilo que a edifica, mas requer dizer não quando a vida dela e da família é colocada em risco. Quem não sabe fazer isso não coloca limites para o filho e logo terá problemas sérios na fraternidade familiar.
Diante dos chamados de Deus nos deparamos dizendo sim e por vezes dizendo não. Dizendo sim quando nos convém e dizendo não quando exige algum sacrifício da nossa parte. Muitas vezes arrumamos desculpas de agenda ou alguma limitação humana, como tentou fazer Moisés dizendo que era gago, para justificar o nosso não a Deus que chama insistentemente.
Diante da Mãe de Deus, a Maria do Sim, surge um questionamento. É correto dizer sim a Deus quando nos parece vantajoso e dizer não quando nos tira do conforto? Maria ao ser convidada por Deus para colaborar no projeto da redenção é, para nós cristãos, a resposta viva. Ela procurou saber bem se aquela era a vontade de Deus. Uma vez que estava certa disso, respondeu com seu sim generoso, dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Mesmo sem saber tudo o que iria acontecer ela respondeu afirmativamente. Não perguntou se haveria dificuldades, se teria uma maternidade para o seu filho nascer, se o seu filho seria aceito por todos e, muito menos, se iria morrer de velho ou pregado numa cruz. Para ela o que importava mesmo era a vontade de Deus (cf Lc 1, 26-38).
Diante das dificuldades não mudou o seu sim. Ela continuou dando o seu sim a Deus todos os dias da sua vida. Acolheu as dificuldades como parte do projeto da redenção. Não se revoltou contra Deus dizendo como muitos de nós falamos: “Por que Senhor me acontece essas coisas? Que mal eu fiz para ter que fugir para o Egito com o menino?”. Ela deu o seu sim a Deus, todos os dias da sua vida, apesar das dificuldades.
Por que ela nunca disse não a Deus? Porque entendeu que de Deus só podia vir a bondade e o bem, ou seja o céu. Dizer não as suas propostas seria promover o mal e o inferno. Consciente disso ela decidiu com firmeza promover a bondade e a fraternidade e não o reino do mal.
Diante desse modelo de mulher generosa para com Deus, como filhos de Deus e de Maria, somos convidados a refletir sobre o nosso sim a Deus que nos chama a assumir uma missão na comunidade familiar, eclesial e social. A Igreja de Jesus nos desafia a assumir essa missão divina e humana. Será que estamos conscientes que, como cristãos, deveríamos dizer sempre sim a Deus a exemplo de Maria? Será que entendemos que o nosso sim a Deus contribui diretamente na evangelização e na salvação dos nossos irmãos e irmãs? Será que compreendemos que o nosso sim a Deus nos garante uma vida repleta de paz e felicidade, apesar das dificuldades que poderão surgir no caminho? E finalmente, perguntamos a cada um: Nós estamos cientes que o nosso sim a Deus dá o inicio ao paraíso e o nosso não contribui para o inferno?
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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