Estamos no tempo do barulho e da música alta a ponto de tirar o sossego de quem quer dormir. As motos com escapamentos abertos e a imensa frota de veículo no seu vai e vem poluem os nossos ares. Os parques industriais e os aviões que cortam o céu de minuto em minuto afastam o silêncio para bem longe. Parece que as pessoas se habituam e até viciam com o barulho. Vemos grande parte das pessoas com fones nos ouvidos. Por um lado, apreciar uma boa música é legal, mas, por outro, parece que muitos não conseguem mais acalmar o seu interior e suportar o silêncio.
Diante desse cenário aparece a Missionária de Deus, a mulher que soube fazer silêncio. Não fez silêncio porque não tinha nada para dizer e muito menos porque tinha medo de se comunicar. Fez silêncio para poder compreender melhor o projeto de Deus, que no momento não podia entender.
Os diversos acontecimentos que envolveram Maria desde o convite do anjo até a morte precoce do seu filho numa cruz, certamente Maria teve muitas dificuldades para entender tudo aquilo. Diante disso podia ter se revoltado e esbravejado, perguntado a Deus por que tudo aquilo estava acontecendo com ela e com a sua família. Por outro lado, não a vemos alienada e não se importando com aquilo. Ela assume uma postura encantadora, que nos chama a atenção.
Vejamos o episódio da perda de Jesus em Jerusalém. Certamente ela não conseguiu entender aquela atitude apesar da explicação dada por Jesus ao reencontrá-lo. Manifesta a sua preocupação de mãe e busca entender o porquê daquilo. Como não conseguiu naquele momento ela guardou tudo no seu coração. Não para destilar adrenalina como fazem as pessoas rancorosas e revoltadas, mas para no momento oportuno poder entender. Além disso, guarda no coração porque o coração é a morada de Deus. Por isso, guardava tudo diante de Deus a fim de que Ele, a seu tempo, iluminasse e ela pudesse entender.
Queridos leitores! Eis uma atitude evangélica ensinada pela nossa Mãe do Céu. Atitude essa que parece estar um tanto abandonada pelas nossas mães, pelos nossos pais e até pelos nossos jovens. Temos dificuldades para fazer silêncio e guardar no coração a fim de entender os fatos e os acontecimentos à luz de Deus. Parece que temos medo de Deus e daquilo que ele poderia nos comunicar. Preferimos o barulho e a gritaria diante dos revezes da vida. Na pior das hipóteses partimos para a briga verbal ou física, rompendo com o núcleo familiar.
Na celebração da festa da Mãe da Boa Esperança, Maria nos oferece a oportunidade para rever as nossas atitudes. Aponta-nos o caminho do silêncio mesmo que pareça contraditório, no meio de uma sociedade cheia de mil ruídos e poluições. Ensina-nos a guardar todos os fatos e acontecimentos que temos dificuldade de entender no coração. Guardar no coração, ou seja, diante de Deus, a fim de que a sua luz dele os ilumine, os purifique e, a seu tempo, nós possamos compreendê-los.
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