Muitas e muitas vezes não
somos acolhidos por pessoas, por instituições e até por comunidades eclesiais.
Acontece isso porque somos de outra cor, porque somos pobres, porque somos
mulheres, porque somos portadores de alguma deficiência ou por alguma outra
razão. O fato é que as portas se fecham para nós. Diante dessas portas que se fecham
como reagimos? Em primeiro lugar não nos sentimos bem diante disso. As nossas
faces normalmente ficam vermelhas expressando toda a nossa raiva. Muitas vezes
partimos para o revide com impropérios e desejos de vingança.
No dia em que a Igreja celebra o patrono dos biblistas,
isto é, São Jerônimo, a liturgia nos apresenta no Evangelho de Lucas um
episódio de rejeição. O Evangelista narra que Jesus está indo para Jerusalém e
enviou alguns discípulos à sua frente para preparar pousada. Eles entraram numa
aldeia de samaritanos e estes não quiseram recebe-los, pois faziam menção que
estavam indo para Jerusalém e os samaritanos não se davam bem com os habitantes
de Jerusalém. Por essa razão fecharam as portas para Jesus e para a sua turma.
(cf. Lc 9,51-56).
Observemos a reação dos discípulos, que certamente
estavam indignados com o não acolhimento da sua proposta. Perguntaram a Jesus: “Senhor,
queres que ordenemos desça fogo do céu para consumi-los?” Notem a
costumeira reação humana diante da falta de acolhida por parte dos demais. Os
olhos ficam cegos de raiva e tentam destruir os obstáculos a ferro e a fogo.
Diante dessa natureza humana Jesus lança a semente do evangelho
dando a entender que é um direito dos demais não recebê-lo e aos seus
seguidores. Devem ter as suas razões para agir dessa maneira. Importa não
nivelar-se a eles, partindo para o revide, mas respeitar a sua decisão, mesmo
que equivocada. Essa é a forma de reagir de Deus diante das recusas humanas.
Essa deveria ser a forma cristã de reagir diante do mau acolhimento de algum
irmão ou irmã. Essa forma respeitosa de acolher o seu fechamento, pode ser a
chave para fazê-los rever o seu posicionamento e apressar a conversão.
Além disso, Jesus aponta para os seus as demais
possibilidades que estão à sua frente. Não é porque uma porta se fecha que a
caminhada missionária para. Anima-os a ir em frente para outro povoado onde
provavelmente encontrarão acolhida. Portanto, não é o fechamento de alguém que
nos paralisa na caminhada rumo à Jerusalém Celeste, para onde estamos indo. É
fundamental, para o seguidor de Jesus, caminhar para Deus apesar dos outros.
Caríssimos irmãos! Peçamos a graça de acolher esse novo
modo de reagir diante da falta de acolhida que podemos encontrar na nossa
caminhada rumo ao Céu. Modo esse que manifestará ao mundo que somos
evangelizados e colocamos em prática a vontade do Pai.
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