sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A LEI QUE JESUS OBSERVAVA

No tempo de Jesus havia uma gama imensa de leis, isto é, mais de setecentas, para orientar o povo a respeito do que podia e daquilo que não podia ser feito por um judeu ortodoxo. Mais de quatrocentas eram negativas e as demais eram positivas. Notem a predominância do negativo e proibitivo.  Claro que havia os que punham em prática todas elas, pelos menos ao pé da letra, e eram chamados de ortodoxos, mas a maioria do povo observava algumas e ignoravam as demais, como acontece em todas as civilizações.
Como judeu Jesus nasceu e cresceu nesse ambiente permeado por essa gama de normas e orientações de vida. Porém, Ele não se deixou enredar por elas não. Ele foi crescendo em idade, sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens. Pouco a pouco foi apresentando a lei que ele estava disposto à por em prática. Para concretizá-la mostrou a disposição de relativizar a toda lei ou orientação judaica que não favorecia a sua realização.
Desde muito jovem estava no templo discutindo com os escribas e fariseu a respeito da lei que o seu Pai queria que os judeus e todos os demais povos pusessem em prática. Podemos imaginar os embates que surgiram entre ele e aqueles doutores, que sabiam tudo e mais um pouquinho das leis judaicas. Conheciam a lei pela lei, mas muitos deles ignoravam o Espírito da Lei, que teve o berço em Moisés.
Em torno dos seus 30 anos, após ser batizado por João Batista, Jesus iniciou a vida pública e logo foi revelando qual lei o Pai queria que pusesse em prática. Em primeiro lugar ele se encarnou numa pessoa humana para assinalar que o centro do mundo era o homem e não as normas e leis. No dia-a-dia foi revelando que o amor às pessoas era a lei que o Pai lhe havia confiado realizar. Por conta disso, não possuía uma agenda, mas sim, as necessidades dos seus irmãos e irmãs ao seu redor.
Na prática, estava sempre disposto a atender as necessidades dos que o rodeavam e mesmo dos que estavam distantes, quando alguém o suplicava, como no caso do servo do centurião romano. Para fazer bem às pessoas não havia hora, dia ou noite, sábado ou domingo. Foi mostrando que a pessoa está acima da lei, que a lei deve estar a serviço da pessoa e não o contrário. A lei é ferramenta para o amor à pessoa, uma vez que Deus não precisa do nosso amor. Ele é autossuficiente e não necessita das nossas orações. Nós precisamos nos conectar a Ele para recebermos a ceiva amorosa, como o ramo a recebe do tronco, que nos possibilita fazer leis que ajudem a melhor amar a pessoas, particularmente as mais necessitadas.
Portanto, queridos leitores, a lei que Jesus estava disposto a por em prática era o amor às pessoas. Amor esse que o levava a ter atitudes duras com os judeus que colocavam a lei acima do bem das pessoas. Não tinha dúvida de infringir a lei judaica do sábado que não permitia curar pessoas naquele dia, mas permitia tirar um boi que caia na cisterna (cf. Lc 14,1-6). Jesus fazia curas, expulsava demônios, multiplicava pães, acalmava tempestades, ressuscitava mortos e fazia toda sorte de bem em qualquer dia da semana, revelando que a lei que agrada ao Pai era o amor serviçal e libertador direcionado aos seus filhos e filhas.

Queridos leitores! Peçamos a graça de assimilar bem essa verdade revelada por Jesus no decorrer de toda a sua vida. Graça essa acolhida por S. Paulo, particularmente na estrada de Damasco, e incentivada na carta aos Filipenses quando a eles escreveu dizendo: “E isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência, para discernir o que é melhor” (Fip. 1,9s). Por outro lado, não tenhamos medo de por em cheque todas as leis e normas que dificultam esse amor serviçal e libertador dos nossos irmãos e das nossas irmãs. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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