terça-feira, 28 de outubro de 2014

CHAMADOS PELO NOME

Quando alguém se dirige a nós dizendo: Gente! Vejam aquela paisagem. Sentimo-nos pouco motivados a olhar para o quadro indicado com um chamado assim. Parece que não estão falando diretamente a nós, mas a um todo, com sabor de abstrato. Não liga as pessoas àquela realidade indicada. Em contrapartida, quando alguém nos chama pelo nome e nos aponta a paisagem, parece que somos vinculados a ela e nos fala pessoalmente a tal ponto de prender-nos a atenção.

Jesus, o Mestre dos mestres, conhecia bem o coração do ser humano, por isso, quando chamava o fazia pelo nome e não genericamente. Mirava a pessoa e a chamava pelo nome a fim de vincula-la à missão que lhe propunha. A pessoa ao ouvir o seu nome entendia claramente que o chamado era para ele e não para alguém outro no meio da multidão. Ao ser olhada nos olhos e chamada pelo nome, a pessoa se sentia escolhida, se sentida amada, se sentia digna de confiança e capacitada para uma missão.

Em Lc 6,12-19 Jesus antes de chamar os doze, passou a noite em oração a Deus. Procurou ouvir a voz do Pai, antes de chamar os 12 que, junto com ele, a pedra de fundamento, lançariam as bases da Igreja. Aqui Jesus nos ensina que antes de escolher pessoas para assumirem ministérios na comunidade necessitamos dobrar os joelhos a fim de colocar-nos à escuta do Pai. Não podemos mais usar apenas as nossas habilidade humanas. Temos necessidade da luz de Deus a fim de edificar a Igreja de Deus. Caso contrário, edificamos sobre a areia e não sobre a rocha, Jesus Cristo.

Conforme mencionamos acima, Jesus não fez um chamado genérico, mas olhou para as pessoas e a elas dirigiu o chamado. Olhou para Pedro, para André, para Tiago, para João, para Levi... e os chamou. Chamou-os pessoalmente. Chamou-os pelo nome, isto é, pela sua identidade indelével, recebida desde o berço e muitos, desde o ventre de suas mães.

Os apóstolos assim chamados pelo nome se sentiram pessoalmente olhados por Jesus. Olhados com um olhar de afeto e ternura. Sentiram-se envolvidos pelo amor de Jesus. Sentiram-se escolhidos e amados em profundidade e não apenas pelas habilidades ou belezas externas. No chamado fizeram uma experiência do amor de Jesus. No início da vida religiosa dos apóstolos está uma experiência do amor de Jesus.

No chamado dos doze estamos nós também, pois os doze representam as colunas da Igreja de Jesus, em continuidade com as doze tribos de Israel e as doze portas do templo dos Judeus. Nos doze, chamados pelo nome, estamos também nós, que fomos escolhidos por Deus para nascer. Antes que nós estivéssemos no ventre da nossa mãe, Deus já nos havia escolhido e amado. Fomos escolhidos e chamados pelo nome. Fomos escolhidos e chamados nominalmente para fazer parte da Igreja de Jesus Cristo. Como pedras vivas, entramos na construção desse edifício espiritual, que se eleva sobre Jesus e as doze colunas apostólicas.

Portanto, meu querido irmão e minha querida irmã, nós somos amados de Deus Pai. Ele nos escolheu para existirmos. Não foram os nossos pais a nos escolher. Eles apenas puderam nos acolher ou nos rejeitar. Deus nos escolheu e nos chamou pelo nome para que não tenhamos dúvida do seu amor, mesmo que tenhamos dúvida do amor dos nossos pais ou dos nossos irmãos.

Ele nos chamou pelo nome a fim de comunicar-nos que o seu amor é pessoal. Além disso, aos nos chamar pelo nome, ele quis dar-nos uma missão própria, isto é, que não podemos transferir para terceiros. Hoje estamos na moda de terceirizar tudo e alguns de nós caímos na armadilha de terceirizar a nossa missão na comunidade e na família, imaginando que isso é possível. Na verdade, ninguém pode realizar a nossa missão. O pai que não assume a paternidade na família a prejudica em muito, pois a mãe apenas pode assumir a sua missão de mãe. O cristão que não assume a sua missão na comunidade eclesial deixa uma lacuna na construção da mesma. Ninguém pode realizar aquilo que Deus lhe confiou. Os nossos talentos são únicos e são para a comunidade e não para enterrar.

Peçamos a Deus a graça de perceber o chamado amoroso de Deus Pai sobre nós. Mais do que isso, peçamos a graça da determinação de responder com generosidade a esse chamado assumindo a nossa missão na família e na Igreja de Jesus, edificada sobre os Apóstolos. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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