Quando alguém se dirige a
nós dizendo: Gente! Vejam aquela paisagem. Sentimo-nos pouco motivados a olhar
para o quadro indicado com um chamado assim. Parece que não estão falando
diretamente a nós, mas a um todo, com sabor de abstrato. Não liga as pessoas
àquela realidade indicada. Em contrapartida, quando alguém nos chama pelo nome
e nos aponta a paisagem, parece que somos vinculados a ela e nos fala
pessoalmente a tal ponto de prender-nos a atenção.
Jesus, o Mestre dos mestres,
conhecia bem o coração do ser humano, por isso, quando chamava o fazia pelo
nome e não genericamente. Mirava a pessoa e a chamava pelo nome a fim de
vincula-la à missão que lhe propunha. A pessoa ao ouvir o seu nome entendia
claramente que o chamado era para ele e não para alguém outro no meio da
multidão. Ao ser olhada nos olhos e chamada pelo nome, a pessoa se sentia
escolhida, se sentida amada, se sentia digna de confiança e capacitada para uma
missão.
Em Lc 6,12-19 Jesus antes de
chamar os doze, passou a noite em oração a Deus. Procurou ouvir a voz do Pai,
antes de chamar os 12 que, junto com ele, a pedra de fundamento, lançariam as
bases da Igreja. Aqui Jesus nos ensina que antes de escolher pessoas para
assumirem ministérios na comunidade necessitamos dobrar os joelhos a fim de
colocar-nos à escuta do Pai. Não podemos mais usar apenas as nossas habilidade
humanas. Temos necessidade da luz de Deus a fim de edificar a Igreja de Deus.
Caso contrário, edificamos sobre a areia e não sobre a rocha, Jesus Cristo.
Conforme mencionamos acima,
Jesus não fez um chamado genérico, mas olhou para as pessoas e a elas dirigiu o
chamado. Olhou para Pedro, para André, para Tiago, para João, para Levi... e os
chamou. Chamou-os pessoalmente. Chamou-os pelo nome, isto é, pela sua
identidade indelével, recebida desde o berço e muitos, desde o ventre de suas
mães.
Os apóstolos assim chamados
pelo nome se sentiram pessoalmente olhados por Jesus. Olhados com um olhar de
afeto e ternura. Sentiram-se envolvidos pelo amor de Jesus. Sentiram-se
escolhidos e amados em profundidade e não apenas pelas habilidades ou belezas
externas. No chamado fizeram uma experiência do amor de Jesus. No início da
vida religiosa dos apóstolos está uma experiência do amor de Jesus.
No chamado dos doze estamos
nós também, pois os doze representam as colunas da Igreja de Jesus, em
continuidade com as doze tribos de Israel e as doze portas do templo dos
Judeus. Nos doze, chamados pelo nome, estamos também nós, que fomos escolhidos
por Deus para nascer. Antes que nós estivéssemos no ventre da nossa mãe, Deus
já nos havia escolhido e amado. Fomos escolhidos e chamados pelo nome. Fomos
escolhidos e chamados nominalmente para fazer parte da Igreja de Jesus Cristo.
Como pedras vivas, entramos na construção desse edifício espiritual, que se
eleva sobre Jesus e as doze colunas apostólicas.
Portanto, meu querido irmão
e minha querida irmã, nós somos amados de Deus Pai. Ele nos escolheu para
existirmos. Não foram os nossos pais a nos escolher. Eles apenas puderam nos acolher
ou nos rejeitar. Deus nos escolheu e nos chamou pelo nome para que não tenhamos
dúvida do seu amor, mesmo que tenhamos dúvida do amor dos nossos pais ou dos
nossos irmãos.
Ele nos chamou pelo nome a
fim de comunicar-nos que o seu amor é pessoal. Além disso, aos nos chamar pelo
nome, ele quis dar-nos uma missão própria, isto é, que não podemos transferir
para terceiros. Hoje estamos na moda de terceirizar tudo e alguns de nós caímos
na armadilha de terceirizar a nossa missão na comunidade e na família,
imaginando que isso é possível. Na verdade, ninguém pode realizar a nossa
missão. O pai que não assume a paternidade na família a prejudica em muito,
pois a mãe apenas pode assumir a sua missão de mãe. O cristão que não assume a
sua missão na comunidade eclesial deixa uma lacuna na construção da mesma.
Ninguém pode realizar aquilo que Deus lhe confiou. Os nossos talentos são
únicos e são para a comunidade e não para enterrar.
Peçamos a Deus a graça de
perceber o chamado amoroso de Deus Pai sobre nós. Mais do que isso, peçamos a
graça da determinação de responder com generosidade a esse chamado assumindo a
nossa missão na família e na Igreja de Jesus, edificada sobre os Apóstolos.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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