quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SENHOR ENSINA-NOS A REZAR


No tempo de Jesus havia muitos deuses e muitos modos de orar. Os fariseus faziam suas orações em praça pública, outros ofereciam sacrifícios para agradar aos deuses e atrair sobre si e sobre os seus a proteção. João Batista ensinou os seus seguidores a rezar e a fazer diversos tipos de penitências preparando assim a vinda do Messias.
Com a chegada de Jesus algo novo vai surgindo. Jesus tem um modo pessoal de rezar. Costuma ir à sinagoga, mas não sabemos se rezava salmos, como faziam os judeus.  Ele se dirige ao Pai chamando-o de Abá, isto é, papai. Portanto, com uma grande intimidade. Ele não é adepto de sacrifícios e penitências à maneira dos escribas e fariseus. Ele também não é de muitas palavras, pois afirma que o Pai sabe de antemão o que o seu filho e filha necessitam.
Os seus seguidores, mais do que ele reza, estão atentos aos seus atos que decorrem da sua nova forma de rezar. Entusiasmados com os frutos da sua oração eles se aproximam e pedem que os ensine a rezar do jeito que ele reza. Não estão interessados numa oração formal e vazia, mas numa forma de rezar que transforma a maneira de viver o dia a dia. Diante disso, Jesus os ensina a rezar o Pai Nosso.
Adianto dizendo que o Pai Nosso não foi e não é uma oração formal, como podemos pensar.  Ela é uma oração que envolve um novo modo de viver. É uma oração que leva a uma ação concreta que chamou a atenção dos discípulos de Jesus. Em suma, ela é um plano de vida nova diante de Deus e diante dos irmãos.
Para certificar-nos do que estou falando, meditemos a primeira parte, isto é, Pai Nosso. Quando dizemos Pai Nosso estamos reconhecendo que temos um Pai que nos deu origem e, portanto, lhe devemos obediência e respeito. Não podemos esquecê-lo e muito menos menosprezá-lo como se não tivéssemos origem. Quem despreza as raízes cedo ou tarde acaba tombando como a árvore sem raízes.  Jesus se dirigia ao Pai como Abá, ou seja, papai. Com isso revela uma grande intimidade com o Pai e não uma relação formal e distante. Certamente ele ensinou os seus e a nós que o seguimos mais tarde a buscarmos essa intimidade de filhos e filhas com o Pai.
 Além disso, ao dizermos Pai nosso, estamos dizendo que o Pai é nosso e não meu. Estamos dizendo que o Pai é de todos os homens e de todas as mulheres do planeta e não apenas dos católicos, ou dos evangélicos. Estamos dizendo que o Pai ama a todos os seus filhos e filhas e não apenas os que vão à missa ou sorriem para nós. O Pai faz cair a chuva sobre todos. O Pai manda o sol para todas as peles e não apenas para algumas que nós julgamos especiais. Com isso, entendemos que somos todos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai. Se for assim, somos todos da mesma família e um responsável pelo outro, pois ele é nosso irmão.
Como filhos do mesmo Pai e membros da mesma família somos todos amados pelo Pai e chamados a fazer o mesmo com nossa origem e com os nossos irmãos e irmãs. Aliás, não podemos dizer que amamos a Deus se não amarmos os nossos irmãos, nos ensina São Tiago.  Não podemos mais isolar-nos no egoísmo dizendo que os outros se danem.
 Somos responsáveis pelo nosso irmão que passa fome. Por isso, Jesus ensina-nos a pedir o pão nosso e não apenas o pão meu, como fazem os egoístas. Lembro-me de uma senhora pobre de Pinhais – PR, que ia fazer mercado e comprava pacotes pequenos juntos com pacotes grandes de arroz. Na minha visão de economista questionei-a por que gastava mais com os pacotes pequenos se podia comprar apenas pacotes grandes? Ela me respondeu que estava fazendo isso pensando nos pobres que iriam pedir na sua casa. Claro que isso me fez pensar na oração que transforma a vida, que Jesus nos ensina hoje.
Além do pão material, não podemos mais negar o pão do perdão, se rezamos como Jesus rezava. Somos chamados a dar o pão da misericórdia e perdão a todos os nossos irmãos e irmãs que nos ofendem na caminhada da vida, pois o nosso Pai não se cansa de nos perdoar e nos acolher no banquete da vida. 




Pe. Arlindo Toneta  -  Pároco 

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário