Não é incomum termos dúvidas a
respeito da pertença de uma coisa ou outra aquela pessoa ou àquela outra. Como
superarmos essa dúvida? Eis uma pergunta que gera curiosidade e algum
interesse. Também há pessoas confusas a respeito do que pertence a Deus ou não.
Tentemos, pois, jogar um pouco de luz sobre isso a partir da Palavra de Deus,
que quer ser luz para os nossos olhos e força para tomar decisões.
No Evangelho de Mateus
(22,15-21) diante da cilada montada pelos inimigos de Jesus a respeito do
pagamento dos impostos a Cezar, Jesus lança uma grande luz a respeito do que
deve ser dado a Deus e aos seres humanos. Diante da interrogação dos que armam
ciladas para Jesus, ele pede que lhe mostrem a moeda. Eles apresentaram a mesma
e este perguntou de quem era aquela figura e aquela inscrição. Eles responderam
que era do Imperador César. Diante disso, Jesus os orienta a dar a César o que
é dele e a Deus o que é de Deus.
Com isso Jesus não caiu na
armadilha, ou seja, se respondesse que era para pagar o imposto a César eles o
acusariam diante das autoridades judaicas como defensor do Império Romano, se
respondesse de não pagar o imposto a Roma, igualmente eles o acusariam diante
do Império como revolucionário e os romanos o apanhariam. Como Jesus cresceu em
idade e sabedoria saiu por uma terceira via, que os inteligentes inimigos não
haviam pensado. Terceira via que ilumina bem a questão da pertença, ou seja, o
que pertence a quem.
Por falar em pertença, Jesus
aponta para as marcas que indicam a pertença a este ou àquele indivíduo. A
moeda que possui por excelência a marca de Deus é o ser humano, feito à imagem
e semelhança do Criador. Por conta disso, todos os impérios deveriam saber que
esse bem inestimável pertence a Deus e ninguém pode escravizar ou eliminar. Ao
contrário, deveriam acolhê-lo como o maior patrimônio do País e zelar para o
seu crescimento e bem estar. Acolhê-lo, desde o ventre materno até o retorno ao
ventre da terra pela via natural.
Se é assim, resulta que a
esposa não é propriedade do marido e vice-versa o marido não é propriedade da
esposa. Ambos são presentes de Deus dados um para o outro para se ajudarem na
edificação e santificação da família. Os filhos, igualmente, não são
propriedade dos pais, mas presentes de Deus para que os pais os eduquem para Deus
e para a fraternidade. Diante desses presentes, tanto os pais como os filhos
deveriam ter uma atitude de gratidão a Deus, doador de todos os seres humanos.
Em cada criatura, surge uma
marca de Deus Pai. Basta que deixemos cair as escamas dos nossos olhos e não
tardaremos a erguer um hino de louvor ao criador de tudo e de todos. A nova e
velha evangelização nos levará a perceber que tudo é dom de Deus que fala do
seu amor por nós. Como São Francisco seremos capazes de chamar as criaturas
todas de irmãs e dar-lhe o seu devido respeito e valor.
Mas o que pertence ao homem?
Aquilo que possui a sua marca. Aquele que trabalha com dedicação e amor imprime
a sua marca naquilo que faz e a ele pertence. Se persevera no seu trabalho ou
estudo imprimirá o seu caráter e não tardará em atingir o sucesso. Aquele que imprime preguiça e descuido no que
faz também imprime a sua marca e a ele pertence a pobreza e a miséria. Muitos
não perseveram no trabalho ou no estudo e saltam de um ramo para o outro e logo
colhem um tombo e o fracasso. Aquele que planta fofocas e críticas maldosas a
ele pertencem esses lixos, e não ao outro que foi objeto da fofoca e da
crítica.
Peçamos a graça de perceber o
que é nosso e o que é do outro e dar a cada um, o que lhe pertence, com uma
grande dose de misericórdia, é claro. Peçamos o entendimento que tudo pertence
a Deus e que tudo foi-nos dado por amor, a fim de que vivamos por amor e em
tudo imprimamos a marca da gratidão e do amor.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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