Hoje se
fala que o mundo é dos espertos. Em parte, eu concordo com essa ideia, mas por
outro lado tenho reparos a fazer. Acredito que a esperteza é uma qualidade que
Jesus está destacando no Evangelho de Lucas 16,1-8. Nesse episódio, vemos Jesus
elogiando a esperteza do administrador que tomou decisões radicais sem se
importar se aquilo que estava fazendo era lícito ou não. Não estava preocupado
se estava ou não lesando o seu patrão, mas estava empenhado em garantir o seu
futuro.
Não me parece que Jesus esteja
aprovando a malandragem do administrador. Uma coisa é a esperteza, outra coisa
é a malandragem. Em momento algum Jesus aprova a falcatrua do administrador
prejudicando fortemente o seu patrão, mas destaca e elogia a esperteza dele que
habilmente administra em causa própria.
Com isso, Jesus está
desafiando os seus discípulos missionários a serem tão ou mais espertos do que
aquele administrador desonesto e imoral. Aquele administrador tinha o peso da
consciência suja que podia estar contra ele e bloqueando a sua criatividade,
mesmo assim foi muito hábil. Os discípulos de Jesus, que pressupomos
administram em favor do Reino de Deus, não possuem o bloqueio da consciência,
pois ela está livre para com toda a criatividade tomar as melhores decisões
diante das oportunidades da vida quotidiana.
Em outras palavras, Jesus está
dizendo para os seus seguidores, que um mundo mais justo e mais fraterno está à
disposição de todos os que usarem da esperteza do administrador desonesto para
edificá-lo. Ao contrário da esperteza desonesta, em causa própria, Jesus está
dizendo que existe uma esperteza evangélica fantástica que pode edificar um
mundo melhor, sem guerras e violências.
Ele está motivando a todos nós
batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo a usar de toda a
criatividade e esperteza para enriquecer a sua Igreja, patrimônio espiritual.
Enriquecer atraindo os verdadeiros tesouros para ela. Quem são os tesouros?
Certamente que não são ouro, prata ou trigo, mas os filhos e as filhas de Deus.
Por isso, esse evangelho visa motivar a todos os discípulos de Jesus a
trabalhar com grande esperteza a fim de atrair o maior número de pessoas para
Deus.
Além disso, está motivando a
todos nós a sermos bons administradores dos tesouros do Patrão, isto é, dos
filhos e das filhas de Deus, que já integram as nossas comunidades.
Indiretamente está desaprovando a desonestidade dos administradores que agem em
proveito próprio e não em favor do bem comum. Desaprova o uso das pessoas,
tesouros de Deus, em causa própria.
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