sexta-feira, 7 de novembro de 2014

SER ESPERTOS


      Hoje se fala que o mundo é dos espertos. Em parte, eu concordo com essa ideia, mas por outro lado tenho reparos a fazer. Acredito que a esperteza é uma qualidade que Jesus está destacando no Evangelho de Lucas 16,1-8. Nesse episódio, vemos Jesus elogiando a esperteza do administrador que tomou decisões radicais sem se importar se aquilo que estava fazendo era lícito ou não. Não estava preocupado se estava ou não lesando o seu patrão, mas estava empenhado em garantir o seu futuro.
Não me parece que Jesus esteja aprovando a malandragem do administrador. Uma coisa é a esperteza, outra coisa é a malandragem. Em momento algum Jesus aprova a falcatrua do administrador prejudicando fortemente o seu patrão, mas destaca e elogia a esperteza dele que habilmente administra em causa própria.
Com isso, Jesus está desafiando os seus discípulos missionários a serem tão ou mais espertos do que aquele administrador desonesto e imoral. Aquele administrador tinha o peso da consciência suja que podia estar contra ele e bloqueando a sua criatividade, mesmo assim foi muito hábil. Os discípulos de Jesus, que pressupomos administram em favor do Reino de Deus, não possuem o bloqueio da consciência, pois ela está livre para com toda a criatividade tomar as melhores decisões diante das oportunidades da vida quotidiana.
Em outras palavras, Jesus está dizendo para os seus seguidores, que um mundo mais justo e mais fraterno está à disposição de todos os que usarem da esperteza do administrador desonesto para edificá-lo. Ao contrário da esperteza desonesta, em causa própria, Jesus está dizendo que existe uma esperteza evangélica fantástica que pode edificar um mundo melhor, sem guerras e violências.
Ele está motivando a todos nós batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo a usar de toda a criatividade e esperteza para enriquecer a sua Igreja, patrimônio espiritual. Enriquecer atraindo os verdadeiros tesouros para ela. Quem são os tesouros? Certamente que não são ouro, prata ou trigo, mas os filhos e as filhas de Deus. Por isso, esse evangelho visa motivar a todos os discípulos de Jesus a trabalhar com grande esperteza a fim de atrair o maior número de pessoas para Deus.
Além disso, está motivando a todos nós a sermos bons administradores dos tesouros do Patrão, isto é, dos filhos e das filhas de Deus, que já integram as nossas comunidades. Indiretamente está desaprovando a desonestidade dos administradores que agem em proveito próprio e não em favor do bem comum. Desaprova o uso das pessoas, tesouros de Deus, em causa própria.

Peçamos a graça de sermos administradores honestos e criativos e, assim, enriquecer sempre mais a Igreja de Jesus Cristo com os tesouros do Céu, isto é, nossos irmãos e nossas irmãs. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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