Eis uma tarefa que me leva
para a casa dos meus pais. Quando meninos, apesar de 16 irmãos, todos tínhamos
tarefas a cumprir. Alguns davam pasto para os bovinos, outros alimentavam os
porcos, um terceiro grupo cuidava das vacas, tirava leite, e os demais tinham a
incumbência de varrer a casa. Muitas vezes a preguiça amarrava e varredores e
estes escondiam a sujeira nos cantos ou em baixo do tapete. Quando a
supervisora descobria a malandragem imaginem o que acontecia! Tinham que
retirar toda a sujeira escondida na casa e mandá-la para o seu devido lugar, ou
seja, para fora. Com isso, a casa ficava limpa e a saúde morava nela, para o
bem estar de toda a família.
No Evangelho de João 2,13-22
encontramos Jesus que entra no templo de Jerusalém e força as pessoas a tirar
de lá tudo aquilo que não convém à saúde daquela casa. Expulsa a todos os que
exploram os demais com a venda superfaturada de bois, ovelhas e pombas. Derruba
as mesas dos cambistas e pede que as retirem de lá. Finaliza dizendo: “Não façais
da casa de meu pai uma casa de comercio!” ou um covil de ladrões e exploradores
da boa fé dos demais.
Através desse episódio narrado
por João, Jesus quer nos conduzir para águas mais profundas. Não fica apenas
nos questionamentos que podemos nos fazer acerca do comércio dentro das nossas
Igrejas. Logicamente devemos nos perguntar a respeito disso e, mais do que
isso, devemos corrigir eventuais distorções comerciais que lá ocorrem. Porém,
Jesus está aprofundando o seu ensinamento e atingindo a nossa vida pessoal para
que, como consequência, possa resplandecer nas nossas Igrejas, nas nossas
empresas e também nas nossas Câmaras e Senados.
Quando afirma: “Destruam esse
templo e em três dias eu o levantarei” ele está falando do templo do seu corpo.
Jesus está falando do templo de cada um de nós. Ele está dizendo que é
necessário fazer a limpeza do nosso templo e não apenas das construções de
pedras, alvenaria ou madeira. Claro que devemos manter limpo e livre do comércio
explorador as nossas igrejas, mas, mais do que isso, é nossa tarefa primeira,
manter livre disso o nosso corpo que, a partir de Jesus, surge como o novo
templo de Deus.
O profeta Ezequiel 47,1-12
descreve a visão onde ele vê o templo do qual saia água que corria para o
deserto rumo ao mar morto. Por onde
passavam essas águas que brotavam do templo surgia vida, frutos e saúde. O
Profeta, por antecipação, viu Jesus, o novo templo, do seu lado aberto brotou
água e sangue, que trouxe vida nova para todos os que se abrem, como o deserto,
para acolhê-lo. “Eu vim para que todos
tenham vida ou saúde em abundância” (Jo 10,10).
Queridos leitores! São Paulo
na carta aos cristãos de Corinto afirma que os batizados são santuário de Deus
e que o Espírito de Deus mora neles (cf. 1 Cor 3,16). Portanto, caros irmãos,
importa avançar para águas mais profundas. É fundamental entender que nós, os
batizados, somos pedras vivas do templo do Senhor. Cada cristão é um
templozinho do Senhor. Não importa se criança, jovem ou idoso. O mais
importante é compreender-nos como templos do Senhor e, portanto, com obrigação
de estarmos limpos, para que Ele, conosco habite com dignidade.
Não é mais tempo de varrer a
sujeira por debaixo do tapete ou escondê-la nos cantos da nossa vida. Ele é luz
que tudo conhece e tudo vê. Portanto, para quem quer ser cristão de verdade não
dá mais para ocultar a sujeira do nosso egoísmo e exploração dos demais. Ele
mesmo a denuncia e nos convida diariamente à conversão, isto é, a varrer a
nossa vida com a vassoura do amor a fim de que rios de água viva possam brotar
de nós.
No fim de mais um Ano
Litúrgico, importa que cada um de nós faça um exame de consciência, para
dar-nos conta dos frutos que crescem em nós e à nossa volta. É sábio dar-se
conta se crescem árvores venenosas ou se crescem árvores cujos frutos e folhas
dão vida e saúde à família e a todos os que de nós se alimentam, de alguma
forma. Se por ventura notarmos que envenenamos e adoecemos os demais, não
desesperemos. Convidemos Jesus para entrar em nós e varrer a nossa vida com a
vassoura da sua misericórdia. Não tardarão a brotar vida e saúde nas nossas
relações. Se, por outro lado, notarmos que de nós brotam vida e saúde, saibamos
que estamos ligados à fonte da vida, que é Jesus, e passemos a louvá-lo sempre
mais, pois ele faz maravilhas com o barro que se deixa moldar por Ele.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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