quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O DOM DA PAZ

Convivendo com as pessoas notamos que em cada um existe um sonho de paz e tranquilidade. Entendemos que o Criador plantou essa semente no coração da sua criatura predileta. Por outro lado, notamos que muitos corações andam cheios de violência e angustia. Violência essa que aparece em forma de guerra familiar, comunitária, social, racial e até entre países.
Há pessoas e ideologias que defendem que a paz se garante com exércitos, com muitos equipamentos bélicos. Na verdade, o que conhecemos é que a violência gera violência e a guerra fomenta mais guerras. Nesse sentido os nossos jornais estão repletos de exemplos. Basta ler e refletir um bocadinho.  Quando fazemos uma leitura crítica, logo entendemos que a violência e a guerra são altamente lucrativas, em termos financeiros, para alguns egoístas e inescrupulosos.  Por isso, se busca tapar o sol com a peneira.
Há milênios, Jesus caminhava rumo a Jerusalém. Ao chegar à encosta, próxima da cidade, o Evangelho de Lucas (Lc 19,41-44) nos fala que ele chorou. Chorou não porque tivesse batido o dedão em alguma pedra, mas porque as lideranças judaicas matavam os profetas imaginando que com isso garantiriam a paz. Ele exclama sobre aquela cidade: “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!” Com isso sinaliza que a paz não brota da violência ou da morte dos que denunciam os erros e anunciam um novo jeito de viver, que é a missão específica dos profetas.
O que mesmo pode trazer a paz apontada por Jesus? Importa, inicialmente, que compreendamos que a paz apontada por Jesus é diferente da paz prometida pelo mundo, interesseiro e egoísta. Jesus ressuscitado ofereceu a paz aos seus discípulos reunidos no cenáculo, como primeiro dom. Vejo que é o primeiro presente oferecido à sua comunidade apostólica após a ressurreição. Entendo que a Paz é abrir o coração e a mente e acolher Jesus Cristo Ressuscitado com seu Projeto de Amor e Bondade. A paz tomou conta dos apóstolos reunidos e eles jogaram fora o medo, abriram as portas e saíram pelo mundo anunciando um mundo novo, de fraternidade e paz. 
Essa proposta não é apenas para um grupinho de católicos ou evangélicos, mas para todos os filhos e filhas de Deus. Noto que muitos resistem a Jesus e não o acolhem como centro e senhor das suas vidas, como nos diz o nosso querido papa Francisco. Muitos colocam o dinheiro, a terra, o ouro, a prata, o petróleo, a fama, a beleza física como centro das suas vidas e para conseguir isso chegam a passar por cima dos irmãos e das irmãs mais fracos. Chegam até a eliminar os profetas e outros que dificultam essa sua busca egoísta. Por conta disso, surgem as guerras e toda a sorte de males no mundo e nas relações humanas.
Queridos irmãos e irmãs! Como S. Lucas, continuo hoje vendo Jesus derramando copiosas lágrimas sobre as nossas cidades. Lágrimas essas que desejam lavar a cegueira de muitas lideranças que inescrupulosamente mandam eliminar os que sonham e lutam por um mundo de fraternidade e de paz. Uma torrente de lágrimas santas para lavar todo o egoísmo e desrespeito à vida humana, que existe, ainda hoje, no campo e nas cidades.
Portanto, queridos irmãos e irmãs a paz está ao alcance da humanidade toda, mas depende de nós abrirmos o coração e acolhê-la ou continuar com os nossos projetos egoístas, que levam à rivalidade e desencadeiam guerras familiares, políticas e até mundiais. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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