terça-feira, 25 de novembro de 2014

SEREMOS JULGADOS PELO AMOR

Ao fazer o balanço das nossas atividades preocupam-nos os julgamentos. Por mais exatos que sejam os nossos balanços, nos mete medo o que os outros e, sobretudo os nossos patrões, irão pensar dos nossos resultados. As constantes cobranças para obter maiores resultados e a concorrência desleal nos deixam apreensivos imaginando que não seremos aprovados para ocupar o cargo na gestão do ano seguinte.
Os que conhecem bem as regras do mercado e as expectativas dos patrões, podem com alguma facilidade obter sucesso. Basta ter claro o seu objetivo e trabalhar com empenho e alegria e não tardarão alcançar o sucesso desejado. Se a pessoa conhece bem as exigências do mercado e do patrão, mas não se aplica, possuirá razões fortes para se apavorar diante dos relatórios que deverá apresentar a quem de direito.
No fim do Ano Litúrgico, a Palavra de Deus nos conduz a avaliar a nossa caminhada, como batizados. Somos colocados diante do Rei do Universo, Jesus Cristo, a fim de que avaliemos a missão que Ele nos confiou. É fundamental que a avaliemos como se fosse o último ano da nossa caminhada terrena, pois a natureza não nos garante que teremos mais um ano para completar a missão. A missão deve ser completada a cada dia, pois o amanhã não nos pertence.
Diante desse balanço, encontramos católicos que estão apavorados, porque ignoram ou conhecem muito mal o seu Patrão.  O concebem como um juiz severo sempre pronto a anotar as falhas e apresentar os castigos correspondentes a cada um, ou seja, a bênção ou a maldição, o Céu ou o Inferno. Ignoram que se trata de um Rei Misericordioso.
Se depender do nosso Patrão ninguém será desqualificado ou jogado no Inferno do isolamento e da solidão. Basta que leiamos com atenção a Boa Nova, onde o próprio Jesus afirma que não veio para condenar, mas para restaurar e salvar (Jo 3,17).  No texto do julgamento final aparece claro que o Pai do Céu preparou um lugar especial, “desde a fundação do mundo” (Mt 25,34) para cada filho. Um lugar para cada filho e cada filha no seu coração cheio de ternura. Em suma, enviou seu Filho Jesus para nos comunicar alto e bom som essa fundamental verdade de vida, que tem por objetivo encorajar-nos e não deixar-nos inseguros e apreensivos.
Cabe aqui uma palavra sobre Céu e sobre Inferno. Para aqueles que ainda estão na formação catequética infantil que veem o Céu como um jardim bonito, quero dizer que não se trata disso não. Trata-se do coração do próprio Deus. De Deus saímos e para Ele o nosso coração anseia retornar. “O nosso coração anda inquieto enquanto não repousa em Deus” (Sto. Agostinho).  Ao contrário, o inferno é o afastamento do Amor. É abandonar a Deus e por consequência os irmãos e as irmãs. É o isolamento total.
Onde começa o Céu e onde Começa o Inferno? Ele começa dentro de nós na medida em que vamos escolhendo um ou outro. Na medida em que escolhemos amar a Deus e aos irmãos o Céu começa a desabrochar em nós. Na medida em que escolhemos o egoísmo, ou seja, explorar a Deus e aos irmãos o inferno tem seu começo em nós.
Todos poderão saber se estamos caminhando para o Céu ou par o Inferno. Como assim? Pelas nossas atitudes saberão. Quando nós alimentamos os famintos, acolhemos os pecadores com misericórdia, envolvemos as crianças com ternura, visitamos os presos para promover a sua libertação, estivermos presentes junto aos que sofrem para consolá-los, acolhermos os sem eira e nem beira, enfim, quando acolhermos a todos com amor, vendo neles o rosto de Jesus, todos entenderão que estamos em comunhão com Deus e caminhando para o Céu.  
Por outro lado, se exploramos os demais, violentamos a esposa, traímos o marido e os filhos, enganamos o patrão ou os empregados, desprezamos os pequeninos, ignoramos o grito dos famintos, nos fazemos de cegos diante dos abandonados, enchemos o templo de Deus, que é o nosso corpo, de todos os vícios, todos saberão que estamos fechados para Deus e caminhando para o Inferno.  
Queridos leitores! Estamos no fim do Ano Litúrgico, tempo de apresentar o nosso balanço vital e não apenas empresarial. Se o balanço da empresa, por alguma razão, nos amedronta, o da vida nos encoraja, pois estamos diante de um Patrão misericordioso, que deseja dar-nos mil oportunidades para que empreguemos bem os nossos talentos. Ele não nos julga, mas apenas aparece cheio de bondade e amor dizendo: “Coloque-se diante de mim e julgue-se, pois eu não vim para julgar, mas para salvar e redimir” (Jo 3,17). Da escolha que você fizer dependerá o desabrochar do Céu ou do Inferno.
Que o Senhor nos encoraje a todos nós a direcionarmos a nossa vida para o Céu! Fim de ano é tempo de balanço e de conversão para todos, mas, sobretudo, para aqueles que propositalmente abriram as portas para o inferno. É tempo de fechar as portas para o mal e abri-las para Deus e para o amor aos irmãos. O Amor está dando mais uma chance, pois não deseja que ninguém vá para o inferno. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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