Ao fazer o balanço das nossas
atividades preocupam-nos os julgamentos. Por mais exatos que sejam os nossos
balanços, nos mete medo o que os outros e, sobretudo os nossos patrões, irão
pensar dos nossos resultados. As constantes cobranças para obter maiores
resultados e a concorrência desleal nos deixam apreensivos imaginando que não
seremos aprovados para ocupar o cargo na gestão do ano seguinte.
Os que conhecem bem as regras
do mercado e as expectativas dos patrões, podem com alguma facilidade obter
sucesso. Basta ter claro o seu objetivo e trabalhar com empenho e alegria e não
tardarão alcançar o sucesso desejado. Se a pessoa conhece bem as exigências do
mercado e do patrão, mas não se aplica, possuirá razões fortes para se apavorar
diante dos relatórios que deverá apresentar a quem de direito.
No fim do Ano Litúrgico, a
Palavra de Deus nos conduz a avaliar a nossa caminhada, como batizados. Somos
colocados diante do Rei do Universo, Jesus Cristo, a fim de que avaliemos a
missão que Ele nos confiou. É fundamental que a avaliemos como se fosse o
último ano da nossa caminhada terrena, pois a natureza não nos garante que
teremos mais um ano para completar a missão. A missão deve ser completada a
cada dia, pois o amanhã não nos pertence.
Diante desse balanço,
encontramos católicos que estão apavorados, porque ignoram ou conhecem muito
mal o seu Patrão. O concebem como um
juiz severo sempre pronto a anotar as falhas e apresentar os castigos
correspondentes a cada um, ou seja, a bênção ou a maldição, o Céu ou o Inferno.
Ignoram que se trata de um Rei Misericordioso.
Se depender do nosso Patrão
ninguém será desqualificado ou jogado no Inferno do isolamento e da solidão.
Basta que leiamos com atenção a Boa Nova, onde o próprio Jesus afirma que não
veio para condenar, mas para restaurar e salvar (Jo 3,17). No texto do julgamento final aparece claro que
o Pai do Céu preparou um lugar especial, “desde a fundação do mundo” (Mt 25,34)
para cada filho. Um lugar para cada filho e cada filha no seu coração cheio de
ternura. Em suma, enviou seu Filho Jesus para nos comunicar alto e bom som essa
fundamental verdade de vida, que tem por objetivo encorajar-nos e não
deixar-nos inseguros e apreensivos.
Cabe aqui uma palavra sobre
Céu e sobre Inferno. Para aqueles que ainda estão na formação catequética
infantil que veem o Céu como um jardim bonito, quero dizer que não se trata
disso não. Trata-se do coração do próprio Deus. De Deus saímos e para Ele o
nosso coração anseia retornar. “O nosso coração anda inquieto enquanto não
repousa em Deus” (Sto. Agostinho). Ao
contrário, o inferno é o afastamento do Amor. É abandonar a Deus e por
consequência os irmãos e as irmãs. É o isolamento total.
Onde começa o Céu e onde
Começa o Inferno? Ele começa dentro de nós na medida em que vamos escolhendo um
ou outro. Na medida em que escolhemos amar a Deus e aos irmãos o Céu começa a
desabrochar em nós. Na medida em que escolhemos o egoísmo, ou seja, explorar a
Deus e aos irmãos o inferno tem seu começo em nós.
Todos poderão saber se estamos
caminhando para o Céu ou par o Inferno. Como assim? Pelas nossas atitudes
saberão. Quando nós alimentamos os famintos, acolhemos os pecadores com
misericórdia, envolvemos as crianças com ternura, visitamos os presos para
promover a sua libertação, estivermos presentes junto aos que sofrem para
consolá-los, acolhermos os sem eira e nem beira, enfim, quando acolhermos a
todos com amor, vendo neles o rosto de Jesus, todos entenderão que estamos em
comunhão com Deus e caminhando para o Céu.
Por outro lado, se exploramos
os demais, violentamos a esposa, traímos o marido e os filhos, enganamos o
patrão ou os empregados, desprezamos os pequeninos, ignoramos o grito dos
famintos, nos fazemos de cegos diante dos abandonados, enchemos o templo de
Deus, que é o nosso corpo, de todos os vícios, todos saberão que estamos
fechados para Deus e caminhando para o Inferno.
Queridos leitores! Estamos no
fim do Ano Litúrgico, tempo de apresentar o nosso balanço vital e não apenas
empresarial. Se o balanço da empresa, por alguma razão, nos amedronta, o da
vida nos encoraja, pois estamos diante de um Patrão misericordioso, que deseja
dar-nos mil oportunidades para que empreguemos bem os nossos talentos. Ele não
nos julga, mas apenas aparece cheio de bondade e amor dizendo: “Coloque-se
diante de mim e julgue-se, pois eu não vim para julgar, mas para salvar e redimir”
(Jo 3,17). Da escolha que você fizer dependerá o desabrochar do Céu ou do
Inferno.
Que o Senhor nos encoraje a
todos nós a direcionarmos a nossa vida para o Céu! Fim de ano é tempo de
balanço e de conversão para todos, mas, sobretudo, para aqueles que propositalmente
abriram as portas para o inferno. É tempo de fechar as portas para o mal e
abri-las para Deus e para o amor aos irmãos. O Amor está dando mais uma chance,
pois não deseja que ninguém vá para o inferno.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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