terça-feira, 18 de novembro de 2014

ELE NOS CONFIOU OS SEUS BENS



Quando alguém é escolhido para cuidar dos bens de uma pessoa portadora de grandes fortunas, normalmente, ele se sente privilegiado, por ter sido escolhido para essa função. Ele pensa que foi escolhido porque é o mais capaz para essa função. Consequentemente sente-se digno de confiança e um privilegiado.
A parábola dos talentos (Mt 25,14-30) fala de um patrão que confiou os seus bens a três pessoas a fim que que os administrassem enquanto ele estava viajando. No retorno ele cobraria os frutos dos seus administradores. A cada um confiou talentos segundo a sua capacidade administrativa. Aconteceu que os dois primeiros saíram e aplicaram os dons e o terceiro o enterrou.
Ao retornar o patrão mandou chamar os encarregados dos seus bens. Os dois primeiros vieram alegres e felizes comunicando que os bens confiados por ele foram multiplicados e o terceiro cheio de tristeza informou o patrão que por medo havia enterrado o talento. Os dois primeiros se alegraram com o seu Senhor e a eles lhe foi confiado muito mais e o terceiro entristeceu-se e perdeu até mesmo o talento que tinha recebido.
Queridos leitores! Quem são esses três personagens? Somos nós. Inicialmente, podemos e devemos entender que fomos escolhidos por Ele, no meio de milhões de possibilidades. Não foram os nossos pais que nos escolheram. Ele nos escolheu e capacitou para administrarmos os seus bens. A cada um confiou talentos para que os façamos crescer e multiplicar-se. A cada um confiou os talentos que pode administrar bem. Não foi exagerado com uns e tacanho com outros, como muitos imaginam. Confiou a cada um segundo as suas capacidades, nem mais nem menos. Portanto, foi muito justo com todos.
Quais são esses bens que nos foram confiados? Certamente que não são ouro ou prata ou ainda papel moeda. Esses são apenas ferramentas que podemos utilizar para administrar melhor os verdadeiros bens do Senhor. O Evangelho da Alegria nos apresenta o homem e a mulher vivos, como a glória do Senhor, conforme pensava Santo Irineu. Para vivificar os irmãos o Criador nos confiou capacidades, ou seja, talentos. Talentos para cuidar dos doentes, talentos para amparar as crianças, talentos para zelar dos jovens e adolescentes, eloquência para comunicar o seu Evangelho.
Ao jovem esposo encheu de talentos e qualidades para santificar a sua esposa, à esposa cumulou de ternura para envolver o seu amado e conduzi-lo à vida plena em Deus. Aos pais deu diversas capacidades para educar os filhos no bem, na verdade e na justiça e assim ajudá-los a expulsar a preguiça e o egoísmo e desabrocharem para a felicidade eterna.
Nos sacerdotes e religiosos fez cair chuva de graças e bênçãos para administrá-las em favor de todo o povo de Deus. O povo sedento vem buscar uma palavra, um conselho, uma orientação, uma bênção, um afago, um abraço e um sorriso. O religioso e sacerdote que são bons administradores estão sempre prontos para isso, pois sabem que esses bens são do Senhor e devem ser repartidos com todos. Ao serem repartidos eles se multiplicam por dois, por dez, por cem.
Os pais, os sacerdotes, os religiosos, os catequistas e os jovens sábios, entendem que além de possuírem dons e talentos diversos, eles próprios são um presente do Céu para dar-se aos demais irmãos. Reconhecem que tudo e todos são presentes que procedem do Pai das Luzes. Nada é nosso. Tudo é de Deus a serviço do maior bem de Deus, que é o homem e a mulher santificados, ou seja, vivos.
Queridos irmãos! Sintam a confiança que o Patrão depositou em nós. Em cada um de nós e não apenas nos padres, bispos e Papa. Ele nos fez ricos dos bens do Céu para colocá-los a serviço da promoção e santificação do outro e da outra. Não podemos mais por medo ou covardia enterrar os talentos e qualidades que a nós confiou, sob pena, de mergulharmos na tristeza e no inferno já em vida.

Também, não podemos contemporizar a aplicação dos talentos, imaginando que quando ficarmos velhos faremos isso ou aquilo. Não temos o amanhã, mas temos o hoje, o aqui e o agora para fazer bem. Há uma perversa ideia em voga por aí, ou seja, enquanto se é jovem a vida é para o divertimento, mesmo que à custa dos outros. A vida, jovem ou há mais tempo jovem, ela é para a promoção da vida dos irmãos.  Não somos donos do nosso futuro. O futuro a Deus pertence. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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