sexta-feira, 29 de maio de 2015

SENTADOS À BEIRA DO CAMINHO

Num dado momento, alguns se cansam da caminhada e sentam-se à beira do caminho. Alguns se sentam apenas para descansar um pouco e logo retomam o caminho com ardor renovado. Outros se sentam e por algumas razões não conseguem mais levantar-se sozinhos.  Tornam-se mendigos e lá ficam a mendigar por um longo tempo e até a vida inteira.
Vejamos o episódio do cego Bartimeu que estava sentado à beira do caminho a mendigar, narrado pelo evangelista Marcos (Mc 10,46-52). O Evangelista diz que quando o cego ouviu falar que Jesus estava passando ele se pôs a gritar pedindo ajuda. Alguém o mandou calar, mas ele gritou mais forte ainda. Parece que alguém o informou da bondade de Jesus e da sua proposta libertadora que trazia um novo sentido para a vida. Diante disso sente a tristeza de ser mendigo e deseja sair dessa situação. Deseja sair da marginalidade. Quer entrar no caminho de Jesus. Finalmente sente-se chamado por Jesus.
Em primeiro lugar para sair da cegueira é preciso querer sair. Mas só sente desejo de sair aquele que conhece um jeito melhor de viver como Bartimeu conhecia. Na carta aos Romanos São Paulo afirma que a fé vem da pregação. O desejo de sair da escuridão e seguir a luz, que é Jesus, só pode nascer do conhecimento que vem da pregação e do testemunho de vida. Eis, portanto, a importância fundamental da pregação para motivar os cegos a buscar a luz de Deus.
Em segundo lugar perguntamos se ainda há cegos e mendigos no meio de nós? E como existem em abundância. Basta ouvir os casais que se unem como mendigos, ou seja, um esperando que o outro lhe dê amor. Um fica a cobrar do outro, migalhas de amor e compreensão. Isso não é matrimônio. É um exemplo claro de mendicância. Por isso, se justifica sempre mais a ajuda do Encontro de jovens com Cristo e, uma vez casados, o Encontro de Casais com Cristo. Se o amor de Cristo não curar as cegueiras dos nossos filhos e dos nossos casais não teremos uma Igreja em saída e saindo na alegria.
Em terceiro lugar, fica a certeza que Jesus continua a passar pelos nossos caminhos onde alguns estão sentados, outros revoltados, alguns insatisfeitos, uns calados e outros gritando. Ele vai chamando a todos e perguntando o que queremos que ele nos faça. Lógico que alguns lhe pedirão para ser ricos e depois ficarão sem a paz. Outros lhe pedirão saúde para gastá-la de qualquer jeito. Haverá, certamente, muitos e muitos homens e mulheres sábios que lhe pedirão para ver. Não para ver as aparências, mas para ver o verdadeiro caminho que conduz à verdadeira vida.  
Finalmente, felizes aqueles que se deixarem tocar por Jesus e consequentemente curar o seu modo de ver. Uma vez curados verão que Jesus é o Caminho, a Verdade que conduz à verdadeira Vida. Cheios de júbilo jogarão fora o seu manto, isto é, o seu jeito egoísta de viver, e o seguirão, dispostos a fazer da vida um verdadeiro ofertório de amor e bondade aos irmãos, começando pela sua casa.

Peçamos, portanto, queridos leitores, que a graça de Deus toque as nossas cegueiras e as cure, para que possamos ver o Caminho e segui-lo com novo ardor missionário. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

terça-feira, 26 de maio de 2015

DEIXAR TUDO


Instintivamente o ser humano tende a apegar-se como estratégia de sobrevivência humana. Apega-se à mãe, aos familiares, à sua boneca, ao seu brinquedo, à sua namorada, à terra, aos bens e à própria vida. Quanto mais possui experimenta uma sensação de poder e felicidade. Sente-se o dono do seu pedaço. Psicologicamente isso é bom e gera segurança e autoestima.
Sem negar essa realidade humana, Jesus aparece e convida o seu irmão e a sua irmã a caminhar para águas mais profundas. Convida a confiar em Deus mais do que nas coisas e nos bens terrenos. Apresenta o desapego como o único caminho da liberdade. Quando nada e ninguém prende a pessoa, ela está livre para amar a Deus e as pessoas.
O apego gera a corrupção e tira a alegria e a esperança da vida, nos advertiu o Papa Francisco na homilia de ontem. O indivíduo que põe a sua segurança nos bens terrenos é capaz de ações torpes e desumanas para assegurar a posse dos mesmos e até de extorquir o irmão e a irmã.  Essas ações mesmas denunciam a pessoa e a tornam cada vez mais insegura e triste. Perde a liberdade além de prejudicar fortemente os seus irmãos. As posses e riquezas lhe roubam a alegria e o caminho para o Céu. O jovem rico, apesar do olhar bondoso de Jesus e do convite ao desapego ele ficou preso aos bens e foi embora triste ( cf Mc 10,17-27). Que pena! Possuem apenas dinheiro e bens que deixarão aqui para os filhos, netos e advogados disputarem, por ocasião da sua partida para a casa do Pai.

O desapego, em contra partida, vai libertando aquele grude natural e primário do ser humano, próprio da criança. Na medida em que a pessoa vai conhecendo o Evangelho de Jesus vai tomando consciência que a sua habitação final não é a terra, mas sim o coração de Deus. Para caminhar com mais liberdade para Deus será capaz de utilizar de todos os bens da terra, criaturas de Deus, sem, contudo, endeusa-los, ou seja, apegar-se a eles. Nenhum bem terreno a impedirá de ouvir a voz do seu amado. No desapego experimentará a liberdade de ir e vir, de amar e ser amado. 
Na liberdade, poderá responder com generosidade aos chamados de Deus.  Nada e ninguém a impedirá de ouvir a voz do seu amado. O menino Samuel ouviu o chamado do Senhor apesar da surdez do sacerdote Eli, que o mandava dormir. Ele responde: “Fala Senhor que teu servo te ouve" (cf 1 Sm 3). Maria ouviu o chamado do Senhor apesar de comprometida com José e respondeu: “Eis aqui a serva do Senhor” (cf Lc 1,26-38). Camilo de Lellis depois de contemplar o Crucifixo no hospital compreendeu que Deus o queria lá e deixou tudo para lá ficar a serviço dos enfermos.
Pedro, João, André, Tiago, Tadeu... ao ouvirem o chamado de Jesus deixaram redes, barcos, pai, mãe, irmãos, tudo e o seguiram. Deixaram a praia e corajosamente caminharam para as águas mais profundas do Amor de Deus e dos irmãos. Nessa opção preferencial para Jesus saborearam a liberdade e a alegria do Evangelho. Além disso, herdaram milhares de filhos, irmãos, pais, mães e ainda a certeza da vida eterna ( cf Mc 10,28-31).

Peçamos, caros leitores, a graça da libertação do apego infantil. Que o amor de Deus nos liberte de tudo e de todos para que possamos ouvir a sua voz! Mais do que isso, para que possamos seguir os seus apelos e assim construir uma história de amor e bondade, consagrando a nossa vida e os nossos bens para isso.   






Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

CHEGOU A HORA


Estando Jesus em oração disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique... e dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste” (Jo 17,1-2). Chegou a hora de partir desse mundo para a casa do Pai. Parece que Jesus está um tanto ansioso para retornar ao Pai. Sabe que esse retorno se dará através de uma traição, de um julgamento iniquo e a consequente condenação à morte, mas não foge da cruz. Não se omite de dar a vida em resgate dos irmãos e irmãs. No meio de um grande sofrimento humano, aceita esse cálice para manifestar o imenso amor do Pai e resgatar os seus irmãos.
Nesta oração sacerdotal, que envolve todo o capítulo 17 do Evangelho de João, Jesus vai mostrando onde está o seu coração. Ele revela onde está o seu tesouro. Não está no ouro ou na prata. Não está no vínculo familiar com a mãe ou nos irmãos e também não está na própria vida. Não deixa margem para dúvidas. O seu tesouro está no Pai e na missão a ele confiada. De onde brotam essas duas certezas?
Ao percorremos os evangelhos logo nos damos conta que Jesus estava em constante sintonia com o Pai. Em João 4 ele afirma que o seu alimento é fazer a vontade do Pai (cf Jo 4,34). Quando ele ensina os discípulos a rezar ele começa dizendo: “Pai nosso”. Na ressurreição de Lázaro ele reza: “Pai, sei que sempre me ouves” (Jo 11,42). Na oração sacerdotal, objeto da nossa reflexão ele diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 17,22), além de invocá-lo seis vezes. Isso apenas para acenar para alguns exemplos dos muitos que são citados pelos evangelhos.
Fica bem claro que a sua vida girava em torno do Pai. Nenhuma ocupação com as coisas do mundo lhe tirou esse foco. Estava constantemente ligado no Pai. Nele encontrava a sua força para agir, para ensinar, para curar, e também para enfrentar as cruzes que foram pontilhando a sua caminhada, até a derradeira cruz do calvário. Com esse centro firmemente consolidado não se apavora diante da morte, mas confia no Pai que o glorificará junto a si.
Olhando um pouco para nós, seus irmãos, não sentimos essa firmeza diante da hora, ou seja, da hora de passar deste mundo para o Pai. Parece que não desenvolvemos laços de intimidade com o Pai e consequentemente essa hora apavora a muitos cristãos. Sempre que possível evitamos o assunto. Parece que nos falta a confiança no Pai cultivada e vivida por Jesus de Nazaré.
A sua oração não é um louvor alienante e sem compromisso, mas nela resplandece o seu amor pelos homens e pelas mulheres. A sua oração revela o carinho que tinha pelos seus implorando ao Pai que os preservasse do mal e os conduzisse à glória junto com eles. Aliás, a sua vida prática confirma a sua oração comprometida com os seus irmãos. Em vida tudo fez para livrar as pessoas do mal e do pecado. Chegou ao extremo de dar a sua vida e todo o seu sangue para manifestar às pessoas de boa vontade a capacidade de amor do Pai. Por amor ao Pai e às pessoas não fugiu do sofrimento e da cruz, mas os enfrentou corajosamente, certo que o amor teria a última palavra.

Queridos leitores! Na oração sacerdotal, Jesus revela que o amor ao Pai e o amor aos irmãos fazem parte da sua cruz redentora. Ao mesmo tempo ensina a nós seus seguidores que o caminho da missão permanente passa por esses dois eixos centrais da vida cristã. Sem o amor a Deus não haverá o compromisso com os irmãos. O interesse pelas pessoas, sem vínculo com o Pai, pode ser manipulação em vista de interesses pessoais. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

segunda-feira, 18 de maio de 2015

ESCOLA BÍLBICA - 18/05/2015 - ÀS 20H - SALA FREI EGÍDIO

     
     "Você conhece a teologia de Paulo"?

     Nós, da paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança, somos presenteados com a Escola Bíblica, que tem suas atividades letivas às segundas feiras, às 20h,  na sala Frei Egídio. Estamos estudando neste ano "missionário" o maior de todos os missionários da Igreja: o apóstolo Paulo.
     Nesta segunda teremos a presença do Prof. Fabrízio, mestre em bíblia e professor na PUC de Curitiba, e também na escola teológica da Diocese de Londrina.
     Fabrízio irá abordar sobre a teologia de Paulo, teologia esta, que escrita a quase dois mil anos ainda é estudada e debatida pela Igreja, e nós teremos a presença de um especialista para compartilhar seu conhecimento conosco. Aproveite este presente de Deus para você, venha e participe conosco.


     Obrigado e que Deus nos abençoe!

     Genésio Villas Boas.
     Coordenador da Escoa Bíblica Nossa Senhora da Boa Esperannça
     "A minh'alma tem sede de Deus"

sexta-feira, 15 de maio de 2015

A VOSSA TRISTEZA SE TRANSFORMARÁ EM LEGRIA

Ao ouvirmos alguém dizendo que as nossas dores se mudarão em alegria, uma luz se acende no meio dos nossos sofrimentos. A esperança injeta um ânimo extra para assumirmos o fardo e leva-nos a caminhar com firmeza, apesar das dificuldades, a fim de poder contemplar o sol que nos alegrará sobremaneira.
Lembro-me de um episódio narrado por Saint Exupery, quando o avião caiu na cordilheira dos Andes no meio da neve. O piloto sozinho no meio do gelo entendeu que teria chance de viver se caminhasse, caso contrário, congelaria. Por isso se pôs a caminhar. Depois de algumas horas os pês foram inchando e já não cabiam nas botinas. Já não aguentava mais. Pelo seu cérebro já passava a ideia de cair no meio do gelo e lá ficar por alguns minutos congelando. Nisto brilhou uma luz na sua mente, ou seja, a sua esposa e filhos o aguardavam em casa de braços abertos. Movido por esse combustível caminhou o dia todo e foi salvo.
Para nós seguidores de Jesus, temos razões de sobra para acreditar que as nossas dores se transformarão em alegria, pois os Evangelhos são palavras de vida e esperança que estão saindo da boca de Jesus Cristo. Não são palavras que brotam de alguns políticos e outros mentirosos, que dizem uma coisa e seguem por outro caminho contraditório, gerando incredulidade. A vida coerente de Jesus não nos deixa margem para dúvidas e incredulidades. Ele carregou com firmeza todas as nossas cruzes e sofrimentos na certeza da vitória final da ressurreição e da alegria plena em Deus.
Enquanto o mundo se alegra com a derrota do outro, com a crucificação de Jesus, com o dinheiro fácil, com o prazer imediato, com a alegria do porre e outras orgias, para logo após sentir o amargo da vida, nós sentimos as dificuldades para gestar o amor verdadeiro, que é doação gratuita e serviço ao outro. Como Jesus nós carregamos o peso do mundo na esperança de vida nova, que já experimentamos em Jesus Ressuscitado e Vitorioso. Na vitória do nosso Mestre experimentamos, aqui e agora, a nossa vitória e alegria duradouras.
Seguindo as pegadas de Jesus a nossa tristeza se transformará em alegria. A missão de plantarmos as sementes do Evangelho no coração da família e da sociedade envolve lutas e dificuldades de toda a sorte, mas as palavras do Mestre nos encorajam e nos fazem semear, mesmo com os obstáculos e as lágrimas. Todo o sofrimento para plantar o amor cristão, para escrever a misericórdia, para semear a bondade, carrega no seu bojo a alegria verdadeira e duradoura, que ninguém pode roubar. Portanto, neste mundo, a alegria cristã desabrocha no meio das dificuldades e das lutas e não de uma vida cheia de facilidades e prazeres imediatos. 
Neste mundo egoísta Jesus veio plantar e parturir o Céu, ou seja, a alegria eterna, contemplada e vivenciada pelos primeiros cristãos. Por isso, toda a sua coragem e determinação, apesar das lutas perseguições que encontraram, próprias do mundo egoísta. Para a realização da sua obra, Jesus encontrou as dificuldades e dores. Os seus seguidores não passarão por caminhos mais fáceis, se quiserem ser coerentes.

Peçamos a graça de compreender que o projeto de Jesus, plantado neste mundo, envolve sofrimentos que nos atingem e envolvem na medida em que assumirmos o nosso Batismo e a missão inerente ao mesmo. Que as palavras de Jesus: “A vossa tristeza se transformará em alegria” anime a todos nós a semear com largueza, apesar das resistências, próprias do mundo!




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quarta-feira, 13 de maio de 2015

GANHADORES DO SORTEIO AÇÃO ENTRE AMIGOS - 10/05/2015



1.º PRÊMIO – CARRO (VW UP)
83.765  JURANDIR SENA (PINHAIS)

2.º PRÊMIO – MOTO
36.630  LUCILA LENNERT (PINHAIS)

3.º PRÊMIO – GELADEIRA
13.705  METALÚRGICA COPERAÇO (PINHAIS)

4.º PRÊMIO – TV
14.902   JONAS MATTOS (PINHAIS)

5.º PRÊMIO – TABLET

32.371  ELIS REGINA TYBUSCH (CURITIBA)

  "PARABÉNS AOS GANHADORES E OBRIGADO A TODOS    QUE CONTRIBUÍRAM DE ALGUMA FORMA COM A FESTA DA PADROEIRA. QUE NOSSA SENHORA DA BOA ESPERANÇA CUBRA DE BENÇÃOS A TODOS OS QUE PROCURARAM DAR O MELHOR DE SI PARA QUE ESTA FESTA FOSSE O QUE FOI, E MOSTRE A ÚNICA BOA ESPERANÇA, OU SEJA, JESUS CRISTO, QUE PASSOU NO MEIO DE NÓS FAZENDO BEM A TODOS. "





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

NOSSA SENHORA DA BOA ESPERANÇA

Fazendo uma pesquisa nos diversos sites, nos deparamos com os costumes portugueses, sobretudo da família Cabral, de carregar a imagem de N. Senhora da Boa Esperança nas embarcações a fim de gerar em todos a esperança de chegar a bom termo, mesmo com os perigos do mar.
A primeira estátua foi trazida de Portugal junto com os navegadores. Nossa Senhora dos Navegantes é também conhecida pelo nome de Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Boa Viagem; Nossa Senhora da Boa Esperança e Nossa Senhora da Esperança (wikipédia).
A fundação da Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança é muito interessante, pois ela foi construída em 1927, por ocasião do casamento de Comendador Umberto Scarpa com Adelaide Weiss, filha de duas personalidades da cidade de Pinhais, os senhores Guilherme e Adelaide Weiss. Logo após a cerimônia, a igreja foi doada à comunidade.

A escolha do nome está relacionada com a história de José João Sordo, imigrante de origem italiana que, no ano de 1900, encomendou uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança. A imagem, vinda da Itália, foi abrigada numa escola existente em Pinhais, mas na década de 1930 ocupou um altar nesta igreja. Com a emancipação de Pinhais, a santa Nossa Senhora da Boa Esperança passou a ser a padroeira da cidade, cuja comemoração realiza-se no dia 13 de maio.
O nosso querido Papa Francisco nos diz que “a esperança é a mão que Nosso Senhor nos estende quando o vento sopra contra, e os obstáculos nos impedem de enxergar a meta”. Acrescenta também que “a esperança é o último recurso que o Criador nos oferece quando pensamos que tudo está perdido”.
Nossa Senhora da Boa Esperança nos aponta para esse recurso fantástico que é seu filho Jesus. Ele é a verdadeira boa esperança que Maria nos indica. Começou lá nas Bodas de Caná da Galileia dizendo: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5b) e continua orientando-nos para Ele até os nossos dias, nas suas diversas aparições. Ela mesma não chama a atenção sobre si, como se fosse o centro, mas aponta para o centro do cristianismo, que é Jesus.
Diante dessa verdade apontada por Maria, não podemos mais cair nas roubadas que o mundo apresenta. Quantas e quantas falsas esperanças são apresentadas como verdadeiras. Na verdade, muitos lobos travestidos de esperança se apresentam nas redes sociais e na mídia em geral. Falsas esperanças religiosas, sociais e econômicas. Precisamos da sabedoria mariana para não ser mais uma vítima das armadilhas do mundo.

A nossa Mãe Maria quer nos ensinar que não podemos dar a mão a qualquer um, mas é fundamental que grudemos nas mãos do Criador, assim como a criança gruda na mão da mãe para atravessar a rua. Normalmente ela não confia e qualquer um, mas na mãe ou no pai ela confia. Precisamos agarrar as mãos de Jesus assim como Pedro no meio do mar revolto da Galileia ousou fazer. O mais consolador é que as mãos de Jesus nãos estão mais pregadas na cruz. Ele ressuscitou e as suas mãos estão à nossa disposição. Ele está sempre de mãos abertas para que nós seguremos nelas e atravessemos os vales da vida e da morte com esperança e não mais com desespero, como fazem os homens e mulheres desprovidos de fé.





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

sexta-feira, 8 de maio de 2015

MARIA NOSSA MÃE

As mães acolhem os filhos no coração, no ventre e nos braços e os acompanham no crescimento humano, espiritual e social. Por pior que seja o filho, tanto mais se for especial, elas tudo fazem para ver o fruto do seu ventre feliz e realizado. Quando por algum motivo o filho cai nos caminhos da vida, lá estão elas sempre prontas a estender a mão e ajuda-lo a se levantar. A vitória do filho é a alegria da mãe. A derrota do filho leva a mãe a se derreter em lágrimas. Estamos falando das nossas mães que não pudemos escolher e nem elas nos escolheram. Elas nos acolheram como dádivas do céu e para lá procuram nos embalar.
Jesus também quis ter uma mãe. Pensem no carinho com que Maria cuidou desse menino, que desabrochou em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos seus irmãos. Ele, porém, não a quis só para si, mas a deu a cada um de nós, na pessoa de João Evangelista, lá no monte calvário, falando a Maria: “Mulher, eis aí o teu filho” indicando João. A partir daquela hora o discípulo a acolheu na sua casa (cf. Jo 19,25-27).
Claro que João deve ter feito o melhor para cuidar dela até a sua partida para o Céu. Por outro lado, pensemos o quanto ela cuidou desse discípulo amado, do seu filho Jesus. Além disso, certamente, ela o animou especialmente nos momentos difíceis da vida, a fazer sempre a vontade do seu filho, como aparece claro no Evangelho que ele redigiu: “Fazei tudo o que ele vos disser” (cf.Jo 2,5).
Esse privilégio não se restringe a João Evangelista, o discípulo jovem, mas está para todos nós. Na pessoa de João, Jesus viu eu, viu você, viu a todos nós. Portanto, ele deu a sua mãe a todos os seus irmãos e irmãs. João a levou para casa e ela cuidou dele com todo o carinho de mãe amorosa.  Nós também podemos levá-la para a nossa casa. Não depende mais dela ou de Jesus. Ele já a deu de presente para todos. Ela está sempre à disposição dos seus filhos.
Portanto, queridos leitores, nós não somos mais órfãos, como alguns se pensam pelos cantos da vida. Somos filhos queridos de Deus e de Maria. Em Jesus Deus nos adotou como filhos amados com direito a herança do Céu. Jesus nos deu a sua Mãe que também nos adotou com amor terno e materno. Podemos acolhê-la em nossa casa e em nossa vida. Certamente ela nos cuidará. Nos tomará no colo nos momentos mais difíceis da caminhada. Além disso, como mãe e mestra, não se cansará de nos indicar o caminho para o Céu.
Aliás, qual mãe amorosa irá querer que o seu filho ou a sua filha caia na depressão, na tristeza ou no inferno? Sendo assim ela fará tudo e mais um pouco para que eu e você sejamos filhos realizados e felizes. Não importa se você é padre, religioso, casado, solteiro ou viúvo. Importa, mais do que tudo isso, que você é filho e filha muito amado por Maria.
Quando encontro um bom número de irmãos e irmãs, religiosos, solteiros e casados, tristes e derrotados, me pergunto: Será que levaram Maria para casa? Será que a sua casa não está demais cheia de coisas e bens passageiros a tal ponto de não haver lugar para ela? As respostas a esses questionamentos estão no coração de cada um.

Queridos leitores! Esta novena de Nossa Senhora da Boa Esperança quer ser mais uma oportunidade de levarmos Maria para casa, a fim de que ela, como a nossa mãe, que está junto de Deus, cuide de nós e nos mostre a única e verdadeira boa esperança, ou seja, seu filho Jesus Cristo, que é Verdade e Caminho para o Céu. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quinta-feira, 7 de maio de 2015

FESTA DA PADROEIRA NOSSA SENHORA DA BOA ESPERANÇA

7.º DIA DA NOVENA: MARIA EDUCADORA

Entremos um pouco nas nossas escolas e famílias e sintamos um pouco como está o nosso sistema educacional. Nas escolas encontramos professores abandonando essa atividade por causa da indisciplina dos alunos e dos entraves impostos pela legislação na sua correção.  Vemos até uma mãe de um aluno processando a professora porque retirou o celular dele por utilizar do mesmo durante a sua aula, atrapalhando os demais alunos além do professor. Ainda bem que a juíza que atuou no caso tinha um mínimo de bom senso e deu ganho de causa ao docente. Na verdade, normalmente, se dá razão ao aluno, mesmo na indisciplina e desrespeito ao professor.
Ao pastorear as minhas ovelhas visito frequentemente as empresas e famílias da paróquia que me foi confiada. Noto com muita frequência que as famílias estão muito desestruturadas. Grande parte delas, os pais já não vivem juntos, mas estão separados ou numa segunda e até numa terceira união. Os filhos estão ora com o pai, ora com a mãe e alguns com a avó ou avô. Notamos também a dificuldade dos pais quanto à disciplina e transmissão de valores religiosos e humanos. Em muitas casas os filhos são os verdadeiros ditadores. Mandam nos pais e os pais obedecem. Alguns trabalham como escravos para satisfazer o egoísmo dos filhos.  Parece que os comandos foram invertidos.  As consequências desse sistema estão aí. Muito desrespeito, desacato, indisciplina, agressões e outras atitudes negativas.
Nesse cenário estamos refletindo sobre Maria Educadora. Aquela que soube passar uma educação sólida e firme ao seu filho Jesus. Inicialmente não o deixou fazer o que quisesse, mas procurou acompanhá-lo no seu crescimento. Quando ele ficou em Jerusalém sem que os pais o soubessem, Maria e José estiveram à sua procura, até encontra-lo no templo discutindo com os Mestres da Lei. Quando o encontraram não lhe passaram a mão na cabeça, mas o questionaram por que havia procedido daquela maneira. Ao ser questionado teve que dar uma boa explicação. Parece que Maria e José não conseguiram entender bem e guardaram aquilo no seu coração, para que à luz de Deus, que reside no coração dos seus filhos, pudessem entender em outro momento. O episódio prossegue dizendo que Jesus retornou a Nazaré e era-lhes submisso (cf Lc 2,41-51).
O mais bonito é aquilo que resulta dessa educação disciplinada e hierarquizada, ou seja, onde os pais e professores assumem o comando e conduzem a educação para os valores, o respeito, a ordem, o trabalho, a verdade e o amor Deus e às pessoas. Senão ficou claro, vejamos o diz o Evangelho: “E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens” (Lc 2,52).
Queridos leitores! Acredito que em sã consciência ninguém deseja ter um filho ou um aluno indisciplinado e cheio de desrespeito. Ninguém deseja criar uma cobra dentro de casa para em seguida ser picado por ela. Por isso, entendo que a nossa querida Maria, Mãe de Jesus e educadora do mesmo, tenha algo de importante para nos ensinar.

Para sermos bons educadores é fundamental saber-nos filhos e filhas de Deus. Não menos importante é manter-nos unidos a Ele. Sem mim nada podeis fazer de bom, afirma Jesus (Cf. Jo 15,5). Sem a Verdade de Deus as meias verdades ideológicas vão entrando e fazendo seus estragos no coração dos nossos jovens.  À luz de Deus os pais e professores saberão assumir a sua missão de educadores na família e na escola e os resultados aparecerão nos filhos e nos alunos, que desabrocharão em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e das pessoas todas. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

6.º DIA DA NOVENA: MARIA PROTETORA DA VIDA

Um olhar sobre a realidade de hoje revela imediatamente as sombras que pesam sobre a vida humana. Atentados contra ela enchem os nossos jornais diariamente a ponto de nos horrorizar. As estatísticas contabilizam milhões de abortos, ou seja, pena de morte para inocentes que não pediram para nascer.  Os milhares de vítimas, geralmente jovens, por causa da droga e do seu escandaloso comércio, geram indignação. O abandono de crianças e idosos chocam os que possuem consciência da dignidade da pessoa humana.
No meio dessas nuvens escuras que ameaçam a vida dos filhos de Deus surge uma jovem com firme decisão de acolher o projeto do Deus da vida e por isso mesmo inteiramente dedicada a acolher e proteger o Filho de Deus a ela confiado, isto é, Jesus. Quando as ameaças de Herodes pesaram sobre o seu filho ela foge com a família para o Egito a fim de protegê-lo (cf Mt 2,13-23).
Por outro lado, desde o seu sim generoso a Deus ela esteve sempre atenta às necessidades das pessoas. Necessidades da prima Isabel (Lc 1,39-45), necessidades do casal em apuros em Caná da Galileia (Jo 2,1-11), necessidades dos discípulos dispersos após a morte do seu filho. Ela os reuniu no Cenáculo, como a galinha reúne os seus pintainhos, e os protegeu das ameaças que pairavam sobre eles (At 1,12-14). Por isso mesmo, Jesus a dá a todos nós como nossa mãe protetora (Jo 19,25-27).
Após ser elevada ao Céu, Maria continuou protegendo os seus filhos e filhas. As diversas aparições são provas vivas dessa sua maternidade protetora dos filhos. Em Aparecida (1717) ela aparece com a cor negra para gritar aos brasileiros e ao mundo que os negros também eram seus filhos e ela queria que fossem tratados como irmãos e irmãs queridos e não mais como escravos comprados e vendidos no mercado negro. No México em 1531 quando se perguntava se os índios tinham alma e os mesmos estavam sendo dizimados pelos colonizadores, ela apareceu ao índio Juan Diego. Apareceu para dizer alto e bom som que os índios também eram filhos dela e queria que eles fossem acolhidos e amados e não destruídos.
Muitas vezes ela apareceu pedindo para que seus filhos e filhas não deixassem a oração de lado, como aconteceu em Fátima, aos pastores. A falta de oração nos distancia de Deus e consequentemente nos leva a desrespeitar a nossa vida e da dos demais. Para quem vive distante de Deus, qualquer moeda vale mais do que o ser humano. Onde falta Deus toda sorte de males e agressões à vida cresce e produz os seus malefícios contra a vida humana, que é preciosa aos olhos de Deus.
Em suma, onde a vida foi sendo ameaçada e desrespeitada a nossa Mãe foi mostrando o seu rosto materno a fim de gritar em favor dos seus filhos e filhas. Percorrendo a história da Igreja, vemos a nossa querida Mãe do Céu, vindo em socorro dos seus filhos e filhas nas dezenas e centenas de vezes.

Ao meditarmos sobre essa maternidade protetora de Maria estamos querendo entender melhor a nossa missão de filhos e filhas, isto é, de darmos continuidade à missão da mãe. Ela nos convida com insistência de mãe amorosa a assumirmos essa tarefa tão necessária nos nossos dias. A vida em muitos setores da sociedade corre perigo e ela quer contar com as nossas mãos protetoras. Mesmo na nossa paróquia temos pessoas vulneráveis e N. Senhora da Boa Esperança está convidando a cada um de nós, particularmente nesta novena, a assumirmos essa tarefa com as suas bênção e intercessão. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

5.º DIA DA NOVENA: MARIA MÃE DE JESUS

Diante dessa afirmação surge nas nossas mentes curiosas uma pergunta: Como uma menina pode se preparar para ser mãe de Jesus?  Percorrendo os passos de Maria de Nazaré, que foi mãe de Jesus, não fica difícil de responder a essa interrogação.
Inicialmente a vemos uma jovem como as demais. No aspecto físico, talvez não fosse uma beldade, mas havia algo muito bonito nela que encantou a Deus.  Procurava estar sempre aberta para Ele. Mantinha-se atenta à vontade de Deus. Uma vez certa da sua vontade respondia afirmativamente e com toda a generosidade.
Era portadora de uma firme decisão, isto é, de sempre dizer sim a Deus, mesmo que no momento não pudesse entender os detalhes e desdobramentos do chamado divino. Na mente e no coração daquela menina não havia espaço para a recusa da vontade de Deus.
Uma qualidade fabulosa estava atrelada a tudo isso, ou seja, a prontidão para sair de si e ir ao encontro das necessidades dos irmãos, parentes ou não. A preguiça, o medo, o comodismo não tinha lugar naquela jovem. Era uma disposição constante para ir ao encontro dos necessitados.
Ia ao encontro dos outros com a firme disposição de se colocar a serviço. Sem escolher esse ou aquele trabalho, por ser mais fácil ou porque dava mais destaque, ela estava disposta a envolver-se naquilo que fosse necessário.
Dessa jovem mulher, assim preparada, é que nasceu Jesus de Nazaré o Salvador da Humanidade. Com isso ela foi agraciada como a mãe do Salvador. Aqui pode surgir uma pontinha de inveja e ciúme da nossa parte. Quero adiantar que não há motivo para isso, caros leitores. O próprio Jesus afirma que aquele que põe em prática a sua Palavra, à semelhança de Maria, também pode ser mãe dele (cf Mt 12,46-50).
Claro que não estamos falando de mãe biológica, mas podemos ser mães espirituais de Jesus. Na medida em que a Palavra de Deus é acolhida e posta em prática os pensamentos, palavras e ações de Jesus aparecerão em cada um de nós. Seremos capazes de responder sempre sim a Deus e estaremos sempre prontos a ir, em nome dele, para as famílias a fim de levar Jesus e o serviço alegre.
Na medida em que abrirmos espaço para os nãos a Deus, misturados com alguns sins, estaremos sendo mãe de um Jesus deficiente e mutilado. Geraremos um Cristo que não cativa ninguém ou que assusta as pessoas e as afasta da Igreja e do convívio familiar. Apresentaremos, com isso, uma igreja morna e desanimada, que não empolga ninguém.

Diante do exposto, fica a responsabilidade de cada um de nós de preparar-nos bem para sermos mães de Jesus a fim de leva-lo a todas as pessoas do mundo. Se ele ainda é pouco conhecido é sinal que está faltando mães dele que o apresentem com alegria aos demais irmãos. Qual mãe que não tem a alegria de apresentar o seu filho? Parece que todas apresentam os seus filhos saudáveis e tendem esconder os nasceram com alguma deformação. Se Jesus é desconhecido significa que há poucas mães, à semelhança de Maria, que geram um Jesus perfeito e o apresentam com alegria. Se quisermos podemos mudar isso para melhor. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

terça-feira, 5 de maio de 2015

FESTA DA PADROEIRA NOSSA SENHORA DA BOA ESPERANÇA

4.º DIA DA NOVENA: MARIA DO SILÊNCIO

Estamos no tempo do barulho e da música alta a ponto de tirar o sossego de quem quer dormir. As motos com escapamentos abertos e a imensa frota de veículo no seu vai e vem poluem os nossos ares. Os parques industriais e os aviões que cortam o céu de minuto em minuto afastam o silêncio para bem longe. Parece que as pessoas se habituam e até viciam com o barulho. Vemos grande parte das pessoas com fones nos ouvidos. Por um lado, apreciar uma boa música é legal, mas, por outro, parece que muitos não conseguem mais acalmar o seu interior e suportar o silêncio. 
Diante desse cenário aparece a Missionária de Deus, a mulher que soube fazer silêncio. Não fez silêncio porque não tinha nada para dizer e muito menos porque tinha medo de se comunicar. Fez silêncio para poder compreender melhor o projeto de Deus, que no momento não podia entender.
Os diversos acontecimentos que envolveram Maria desde o convite do anjo até a morte precoce do seu filho numa cruz, certamente Maria teve muitas dificuldades para entender tudo aquilo. Diante disso podia ter se revoltado e esbravejado, perguntado a Deus por que tudo aquilo estava acontecendo com ela e com a sua família. Por outro lado, não a vemos alienada e não se importando com aquilo. Ela assume uma postura encantadora, que nos chama a atenção.
Vejamos o episódio da perda de Jesus em Jerusalém. Certamente ela não conseguiu entender aquela atitude apesar da explicação dada por Jesus ao reencontrá-lo. Manifesta a sua preocupação de mãe e busca entender o porquê daquilo. Como não conseguiu naquele momento ela guardou tudo no seu coração. Não para destilar adrenalina como fazem as pessoas rancorosas e revoltadas, mas para no momento oportuno poder entender. Além disso, guarda no coração porque o coração é a morada de Deus. Por isso, guardava tudo diante de Deus a fim de que Ele, a seu tempo, iluminasse e ela pudesse entender.
Queridos leitores! Eis uma atitude evangélica ensinada pela nossa Mãe do Céu. Atitude essa que parece estar um tanto abandonada pelas nossas mães, pelos nossos pais e até pelos nossos jovens. Temos dificuldades para fazer silêncio e guardar no coração a fim de entender os fatos e os acontecimentos à luz de Deus. Parece que temos medo de Deus e daquilo que ele poderia nos comunicar. Preferimos o barulho e a gritaria diante dos revezes da vida. Na pior das hipóteses partimos para a briga verbal ou física, rompendo com o núcleo familiar.
Na celebração da festa da Mãe da Boa Esperança, Maria nos oferece a oportunidade para rever as nossas atitudes. Aponta-nos o caminho do silêncio mesmo que pareça contraditório, no meio de uma sociedade cheia de mil ruídos e poluições. Ensina-nos a guardar todos os fatos e acontecimentos que temos dificuldade de entender no coração. Guardar no coração, ou seja, diante de Deus, a fim de que a sua luz dele os ilumine, os purifique e, a seu tempo, nós possamos compreendê-los.

Caros leitores! Eis um ensinamento precioso da Missionária do Pai. Feliz o homem e a mulher que acolhe essa lição e mais feliz ainda será aquele que tiver coragem e determinação de colocá-la em prática. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

3.º DIA DA NOVENA: MARIA SERVIDORA

No meio da realidade hodierna (moderna) onde as pessoas tendem a procurar alguém que as sirva para serem felizes, surge uma proposta nova e transformadora encarnada e vivida pela Grande Missionária do Pai do Céu, isto é, Maria de Nazaré. Nesse senário que cheira a egoísmo essa mulher surge como uma estrela que irradia uma luz nova.  A luz do amor e do serviço gratuito em favor de todos.
Percorrendo os Evangelhos, especialmente o de Lucas, a encontramos constantemente “antenada” em Deus e, por isso mesmo, muito atenta as necessidades das pessoas. A visita à prima Isabel não surgiu para gastar o tempo ou para fazer fofoca da vida alheia. Ela foi para lá com o intuito de ajudar a sua prima no que fosse necessário. Permaneceu por lá enquanto aquela família necessitava dela. Quando não mais necessitavam dos seus serviços, retirou-se para a sua casa (cf Lc 1,39-45).
Nas Bodas de Caná (cfJo 2,1-11) ela não estava lá apenas para usufruir da festa, como costuma fazer a maioria das pessoas. Estava atenta e sempre pronta a ajudar naquilo que as pessoas e a comunidade. Quando não conseguia atender sabia a quem recorrer. A vemos recorrendo ao seu Filho Jesus e implorando aos servidores que fizessem tudo o que ele dissesse a fim de que o vinho novo, o vinho da alegria jorrasse abundantemente em substituição à água das inúmeras leis, e, assim a família fosse unificada e santificada.
Depois da sua assunção ao Céu a vemos constantemente vindo ao encontro dos seus filhos e filhas, nas diversas aparições, a fim de servi-los nas suas necessidades. Por conta disso, ela recebeu centenas de títulos, que por si só falam da sua atitude servidora, mesmo depois de estar na glória de Deus. Em razão disso ela mereceu o título Mãe intercessora.
Diante dessa mãe servidora resta-nos perguntar se não esquecemos esse importante ensinamento da Mãe. Pelas atitudes de muitos casados, solteiros e consagrados entendemos que muitos filhos e filhas de Maria necessitam retornar à sua escola. Retornar para aprender a lição do serviço gratuito e amoroso que o egoísmo roubou.

Para que isso aconteça verdadeiramente necessitam alimentar-se de Deus e da sua Palavra, manter-se unidos a Deus, como o ramo ao tronco, a fim de poder produzir muitas uvas doces que nutrem a família e a comunidade. Vazio do amor de Deus nenhum dos filhos será capaz de sair do seu comodismo e, muito menos, dedicar-se em favor dos demais de forma generosa e gratuita. Ao contrário, vazios de Deus, correrão em busca de tudo e de todos na tentativa de preencher o coração. Porém, nunca conseguirão isso, pois o coração foi feito para Deus e não para as coisas. Lamentamos comunicar, mas um coração vazio de Deus não poderá produzir nada de bom, produzirá apenas uvas azedas que amargam a própria vida e a da comunidade. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

2.º DIA DA NOVENA: MARIA EM SAÍDA

Como é agradável o conforto da nossa casa quentinha com mil e uma coisas para curtir! Como é maravilhoso o nosso sítio ou a nossa casa de praia onde nos reunimos com os familiares para nos fins de semana para curtir esses ambientes! O nosso condomínio é muito seguro e agradável para se morar e para as crianças brincarem na piscina e nas diversas áreas de lazer! Essa é a tendência moderna de nos fecharmos em nossos ambientes seguros. Claro que isso tem o seu lado positivo, que não estamos negando, mas, por outro, podemos incorrer no perigo de nos isolarmos e deixar que os demais irmãos se danem, como frequentemente ouço.
Diante disso surge a proposta do Evangelho feita inicialmente a Maria de Nazaré, uma jovenzinha enamorada de José, o carpinteiro. Uma jovem que havia decidido nunca dizer não a Deus. Quando o Anjo Gabriel a informou que Deus a havia escolhido para ser mãe do seu filho Jesus ela entendeu que tinha uma grande missão no mundo. Ela entendeu que devia levar Jesus às famílias. Ciente disso não arrumou desculpas, mas partiu imediatamente para a casa da prima Isabel. Partiu com a firme decisão de levar o Deus da alegria. Tanto é verdade que aquela casa ficou repleta do Espírito Santo e a alegria apareceu em todos os semblantes. Aquela casa fiou cheia de cânticos e de alegria (cf Lc 1,39-45).
Diante da notícia ela podia se encher de vaidade ou de medo. Medo dos ladrões que havia pelas estradas de Nazareth até Aincarin, cidade onde morava a prima. Ao contrário, colocou em destaque a vontade de Deus e não a honra e os ladrões. Priorizou a missão de levar Jesus ao coração das famílias. Por conta disso, vemos Maria cheia de Deus e de liberdade indo para Aincarin, transbordando coragem, determinação e alegria. Certamente por onde passou evangelizou a todos com a sua alegria feminina.
Eis o grande apelo de Maria: “Encham-se de Deus e saiam do egoísmo e do medo para levar o Deus do Amor à toda gente”. Em sintonia com a grande missionária do Pai o papa Francisco chama a todos os católicos a sair da zona do conforto ou do medo para levar Jesus a toda a gente. Particularmente nas chamadas periferias do evangelho, ou seja, aonde a Boa Notícia ainda não chegou. Aonde a violência e o desrespeito à vida humana ainda imperam, fazendo correr rios de lágrimas e sangue. 
O apelo de Maria e do Papa encontrou acolhida na arquidiocese de Curitiba e, por isso mesmo, os nossos líderes religiosos estão chamando a todos nós a deixar-nos engravidar pelo Espírito de Deus.  Uma vez cheios do seu Amor seremos animados a sair das nossas Igrejas e das nossas estruturas para que as nossas paróquias sejam comunidade de comunidades. Comunidades nascidas e crescidas a partir da Palavra de Deus. Palavra esta lida, meditada, rezada e vivida a exemplo de Maria de Nazaré.

Fazemos votos que não seja o medo dos ladrões ou o comodismo a comandar a vida dos cristãos de hoje, dando origem a uma Igreja acuada e morna, mas sim a busca da vontade de Deus, que é de levar o Evangelho a todas as gentes, com a certeza de que Jesus Ressuscitou e estará conosco até o fim da nossa vida terrena, conforme Ele mesmo prometeu (cf Mt 28,19-20). 

1.º DIA DA NOVENA: MARIA DO SIM

Num rápido olhar sobre a realidade da vida humana deparamo-nos com o sim e com o não do homem e da mulher. Por vezes o homem diz sim e outras vezes ele diz não. Aliás, a vida é assim mesmo. É fundamental saber dizer sim para aquilo que convém e saber dizer não para o que nos ameaça. É pedagógico dizer sim à criança para aquilo que a edifica, mas requer dizer não quando a vida dela e da família é colocada em risco. Quem não sabe fazer isso não coloca limites para o filho e logo terá problemas sérios na fraternidade familiar.
Diante dos chamados de Deus nos deparamos dizendo sim e por vezes dizendo não. Dizendo sim quando nos convém e dizendo não quando exige algum sacrifício da nossa parte. Muitas vezes arrumamos desculpas de agenda ou alguma limitação humana, como tentou fazer Moisés dizendo que era gago, para justificar o nosso não a Deus que chama insistentemente.
Diante da Mãe de Deus, a Maria do Sim, surge um questionamento. É correto dizer sim a Deus quando nos parece vantajoso e dizer não quando nos tira do conforto? Maria ao ser convidada por Deus para colaborar no projeto da redenção é, para nós cristãos, a resposta viva. Ela procurou saber bem se aquela era a vontade de Deus. Uma vez que estava certa disso, respondeu com seu sim generoso, dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra”.  Mesmo sem saber tudo o que iria acontecer ela respondeu afirmativamente. Não perguntou se haveria dificuldades, se teria uma maternidade para o seu filho nascer, se o seu filho seria aceito por todos e, muito menos, se iria morrer de velho ou pregado numa cruz. Para ela o que importava mesmo era a vontade de Deus (cf Lc 1, 26-38).  
Diante das dificuldades não mudou o seu sim. Ela continuou dando o seu sim a Deus todos os dias da sua vida. Acolheu as dificuldades como parte do projeto da redenção. Não se revoltou contra Deus dizendo como muitos de nós falamos: “Por que Senhor me acontece essas coisas? Que mal eu fiz para ter que fugir para o Egito com o menino?”. Ela deu o seu sim a Deus, todos os dias da sua vida, apesar das dificuldades.
Por que ela nunca disse não a Deus? Porque entendeu que de Deus só podia vir a bondade e o bem, ou seja o céu. Dizer não as suas propostas seria promover o mal e o inferno. Consciente disso ela decidiu com firmeza promover a bondade e a fraternidade e não o reino do mal.

Diante desse modelo de mulher generosa para com Deus, como filhos de Deus e de Maria, somos convidados a refletir sobre o nosso sim a Deus que nos chama a assumir uma missão na comunidade familiar, eclesial e social. A Igreja de Jesus nos desafia a assumir essa missão divina e humana. Será que estamos conscientes que, como cristãos, deveríamos dizer sempre sim a Deus a exemplo de Maria? Será que entendemos que o nosso sim a Deus contribui diretamente na evangelização e na salvação dos nossos irmãos e irmãs? Será que compreendemos que o nosso sim a Deus nos garante uma vida repleta de paz e felicidade, apesar das dificuldades que poderão surgir no caminho? E finalmente, perguntamos a cada um: Nós estamos cientes que o nosso sim a Deus dá o inicio ao paraíso e o nosso não contribui para o inferno? 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR