segunda-feira, 24 de agosto de 2015

RELIGIÃO NÃO É CABRESTO

Observando a realidade da vida nós víamos o papai colocando um cabresto na mula e após isso ele conseguia conduzi-la para onde ele queria, sem maiores dificuldades. Nessa mesma direção alguns pensam a religião como um cabresto que é colocado nas pessoas para melhor manipulá-las, segundo os seus interesses.
Se por um lado existam segmentos religiosos que pensam e agem desse modo, a religião proposta pela Bíblia católica não é assim não. Senão, vejamos alguns exemplos retirados da Liturgia da Palavra do décimo primeiro domingo do tempo comum.
Na primeira leitura (Js 24,1-2.15-18), Josué propõe ao povo escolher a quem quer servir. Apresenta as diversas possibilidades e as pessoas devidamente esclarecidas optam para servir ao Senhor que as acompanha na caminhada, orientando-as e auxiliando-as sem mentiras e enganações. Portanto, na liberdade escolhem o seu Deus e aceitam vivenciar as suas orientações porque são verdades libertadoras e não apenas freios para subjuga-los.
No evangelho (Jo 6,60-69) diante das exigências do seu seguimento, Jesus deixa os seus discípulos livres para segui-lo ou para abandoná-lo. Diante disso, alguns partiram para outros caminhos, porque procuravam uma religião fácil, mesmo que mentirosa e enganadora. Pedro, porém, movido pelo Espírito de Deus toma a palavra e afirma que só Jesus tinha palavras de vida eterna. Por isso mesmo, na liberdade, se dispõe a segui-lo onde quer que vá porque Jesus e suas palavras traziam liberdade e vida eterna para ele e não apenas consolação momentânea.
Portanto, queridos irmãos, a religião proposta por Jesus não tem o objetivo de manipular ninguém, mas é o caminho da libertação que torna as pessoas livres para os valores eternos que se encarnam, particularmente, na acolhida e cuidado amorosos dos irmãos, especialmente dos mais necessitados.  Por isso, mesmo a verdadeira religião não se restringe a encantamento, louvação, roda de amigos, mas conduz à acolhida do órfão, da viúva, dos doentes, do fraco e do indigente.
Além disso, a verdadeira religião não edifica uma Igreja voltada para si mesma, mas voltada para fora. Uma Igreja que sai de si mesma e vai ao encontro do outro que está nas periferias da vida. De modo especial, investe na formação de pessoas livres e corajosas para sair de si mesmas e irem ao encontro dos doentes, dos idosos, dos indefesos, dos presos, dos sem dignidade, para acolhê-los e envolvê-los de cuidados.
A religião proposta por Jesus conduz as pessoas para a missão. Uma vez que as pessoas experimentam a Jesus e a consistência da sua Palavra elas renascem para uma vida nova. Vida esta, não mais voltada para si e para interesses egoístas, para a religião das facilidades, mas sempre para os outros, apesar das dificuldades. Nesse sentido, o marido será capaz de viver para a esposa e a esposa para o seu marido por amor, isto é, na escolha livre e não por imposição coercitiva. O marido será capaz de considerar a esposa sempre mais digna do que a si mesmo e, portanto, servi-la como se estivesse servindo o próprio Cristo e, por sua vez, a esposa será capaz de fazer o mesmo com o esposo (cf Ef 5,21-32).

Em suma, a religião de Jesus não é um cabresto para dominar e conduzir homem e mulheres. Ela é o caminho verdadeiro que conduz as pessoas à libertação do egoísmo e as habilita para Amar a Deus, que as acompanha pelas estradas da vida, e aos irmãos de caminhada, especialmente os mais fracos e necessitados. 
  

Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 

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