Sobretudo, nos tempos atuais,
em que se corre atrás de ganhar a loteria, ganhar status, acumular bens e
dinheiro e mais dinheiro, a Boa Nova de Jesus nos põe um questionamento. Vale a pena ganhar o mundo inteiro e perder a
saúde e a vida? Essa corrida frenética atrás dos bens de consumo, a maioria
deles não essenciais, é válida, do ponto de vista cristão? Claro que temos
necessidades e precisamos satisfazê-las com equilíbrio.
O Evangelho (Mt 16,24-28) não
nos proíbe de procurar os bens que necessitamos. Aliás, nos incentiva a ganhar
o pão com o suor do nosso rosto e não viver apenas de sonhos ou com o dinheiro
alheio. Ele questiona essa busca desenfreada de bens, de dinheiro, do mundo
inteiro sem ocupar-se em ganhar a vida eterna. Focar os bens perecíveis em
detrimento dos bens eternos é ser louco, segundo o Evangelho.
Jesus nos convida a sermos
ricos para Deus e para os irmãos e não apenas de bens perecíveis, que da terra
vieram e na terra ficarão. Ser ricos para Deus e para os outros significa dar a
vida e repartir os bens que, por ventura possuímos. Não há outro jeito de
investir com sabedoria nos bens que duram para a eternidade.
Guardar a nossa vida e os
nossos bens é ser candidato firme para a morte e a frustação. Por conta disso,
muita gente diante da morte entra em “parafuso”. Ao contrário, buscar repartir
a vida e os bens significa guardá-los para a o Céu. Em outras palavras: “Quem
quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perde a sua vida por causa de mim
vai encontrá-la” (Mt 16,25).
Caros leitores, eis a proposta
revolucionária de Jesus: Tomar a cruz da própria vida e os bens que
conquistamos e colocá-los a serviço da promoção do outro a exemplo do Mestre.
Jesus não procurou guardar nada para si.
Ele repartiu os bens, a mãe, a vida, o corpo e o sangue com todos os
seus irmãos. Claro que se trata de um desafio enorme, pois a nossa cultura
prega abertamente a importância de sermos ricos de bens e coisas para consumir.
Exalta os poderosos desse mundo e, por vezes, menospreza os que investem nos
bens eternos.
Ser cristão não significa
marchar contra a cultura do acumular, mas apresentar um novo jeito de acumular
tesouros. Apresentar a alternativa do ser rico para Deus e para os irmãos. Ser
rico emprestando a nossa vida para os irmãos e para as irmãs em forma de
serviço amoroso. Consagrando a nossa vida aos outros como casados, sacerdotes,
religiosos ou leigos. Lavando os pés dos irmãos como fez o Mestre antes da sua
Páscoa. Atualizar o milagre da multiplicação dos pães repartindo o pouco que
somos e temos com os demais irmãos. Procedendo assim, estamos acumulando
tesouros no Céu que começa aqui e agora e nos dá o direito de vivermos alegres
e felizes todos os dias da nossa vida.
Essa nova alternativa de ser
rico não nos priva dos bens da terra, mas, ao contrário, nos apresenta o seu
real valor, e por isso mesmo, os direcionamos todos para o céu da fraternidade
e não para o inferno do egoísmo.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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