terça-feira, 18 de agosto de 2015

DEIXAR TUDO POR CAUSA DE JESUS

Não é uma decisão fácil de ser tomada não. Por que não? Porque, por natureza, nós somos apegados às coisas e as pessoas. Apegamo-nos à mãe e choramos exigindo o seu retorno, quando, por alguma razão, ela se afasta de nós. Quantos choros por causa da mãe!  A seguir criamos fortes vínculos com os irmãos, amiguinhos, namorados e cônjuges.  Lembro-me da partida para o seminário. Com foi duro! Deixar mãe, pai e irmãos, foi uma decisão muito difícil, sobretudo, com os meus 16 anos. O que leva um adolescente a tomar essa decisão? Só pode ser algo muito valioso.
Depois criamos apegos ao bico, ao “cheirinho”, ao cachorrinho, à terra, à moto, ao carro, à casa e ao dinheiro. Eles, de alguma forma, nos dão segurança. Com eles nos apresentamos e nos sentimos importantes e poderosos.  Sem eles, normalmente sentimo-nos pobres, de segunda categoria, inseguros e cheios de vergonha.  Sendo assim, dá para avaliar e, de alguma forma, entender a dificuldade do jovem rico de vender os seus bens para seguir a Jesus. O evangelista afirma que ele estava apegado aos bens. Não afirma que estava apegado a Jesus (cf Mt 19,21-22).
Jesus não veio mudar a natureza do ser humano, mas veio para levá-la à perfeição. Por isso, não está querendo mudar essa característica humana, mas sim levá-la à perfeição. Propõe que o ser humano se apegue às coisas do alto, ou seja, que permanecem para a vida eterna. Propõe o seu seguimento, pois ele é o caminho para a vida eterna. Assegura, aos seus seguidores, que ganharão cem vezes mais aqui na terra além da vida eterna (cf Mt 19,29).
Normalmente os seres humanos são apegados. Por outro lado, eles desapegam-se de algo menos valioso para comprar algo mais valioso e mais importante. Facilmente vendem as bijuterias para adquirir ouro e prata. Sem maiores dificuldades vende-se uma propriedade ou casa mais ou menos para adquirir uma melhor. Procura-se na loja a roupa que tem maior valor social e não o menor. Dificilmente as pessoas normais desapegam-se de algo valioso para ficar com o que pouco ou nada vale.
Eis, portanto, o caminho para ajudar os jovens a deixar pai, mãe, irmãos, propriedades e bens. Educar para os valores perecíveis e, sobretudo, para os eternos. Importa educar, desde cedo, para os valores do reino. É fundamental ajudar as nossas crianças a descobrir os valores do alto e apegar-se a eles. Se não abrirmos os filhos para Deus e para os valores do alto fatalmente apegar-se-ão aos bens da terra absolutizando-os em detrimento da fraternidade e da caridade. O que é pior morrerão frustrados por ter que deixar os seus bens.
Se um jovem ou um adulto for educado na sua família para apreciar retamente todos os valores, os da terra e os do Céu, ele terá uma boa chance de deixar tudo para seguir os apelos de Jesus. Como São Francisco, será capaz de deixar o negócio lucrativo do pai para seguir a Jesus na pobreza e na liberdade total. A exemplo de São Camilo, será capaz de deixar as aventuras e ilusões do mundo para cuidar de Jesus em cada enfermo e abandonado.  Terá, inclusive, a coragem de renunciar ao casamento por amor a Jesus a fim de ser testemunha viva dos valores do reino, que nem os ladrões e a morte roubam.

Peçamos a graça de nós católicos apegar-nos, sempre mais, a Jesus e aos seus valores a fim de, na liberdade, utilizar de todos os bens da terra para a construção de uma sociedade justa e fraterna, sem preguiça e roubalheiras.  




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 

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