Não é uma decisão fácil de ser
tomada não. Por que não? Porque, por natureza, nós somos apegados às coisas e
as pessoas. Apegamo-nos à mãe e choramos exigindo o seu retorno, quando, por alguma razão, ela se afasta de nós. Quantos choros por causa da mãe! A seguir criamos fortes vínculos com os irmãos,
amiguinhos, namorados e cônjuges. Lembro-me
da partida para o seminário. Com foi duro! Deixar mãe, pai e irmãos, foi uma
decisão muito difícil, sobretudo, com os meus 16 anos. O que leva um
adolescente a tomar essa decisão? Só pode ser algo muito valioso.
Depois criamos apegos ao bico,
ao “cheirinho”, ao cachorrinho, à terra, à moto, ao carro, à casa e ao
dinheiro. Eles, de alguma forma, nos dão segurança. Com eles nos apresentamos e
nos sentimos importantes e poderosos. Sem
eles, normalmente sentimo-nos pobres, de segunda categoria, inseguros e cheios
de vergonha. Sendo assim, dá para
avaliar e, de alguma forma, entender a dificuldade do jovem rico de vender os
seus bens para seguir a Jesus. O evangelista afirma que ele estava apegado aos
bens. Não afirma que estava apegado a Jesus (cf Mt 19,21-22).
Jesus não veio mudar a
natureza do ser humano, mas veio para levá-la à perfeição. Por isso, não está
querendo mudar essa característica humana, mas sim levá-la à perfeição. Propõe
que o ser humano se apegue às coisas do alto, ou seja, que permanecem para a
vida eterna. Propõe o seu seguimento, pois ele é o caminho para a vida eterna. Assegura,
aos seus seguidores, que ganharão cem vezes mais aqui na terra além da vida
eterna (cf Mt 19,29).
Normalmente os seres humanos
são apegados. Por outro lado, eles desapegam-se de algo menos valioso para
comprar algo mais valioso e mais importante. Facilmente vendem as bijuterias
para adquirir ouro e prata. Sem maiores dificuldades vende-se uma propriedade
ou casa mais ou menos para adquirir uma melhor. Procura-se na loja a roupa que
tem maior valor social e não o menor. Dificilmente as pessoas normais
desapegam-se de algo valioso para ficar com o que pouco ou nada vale.
Eis, portanto, o caminho para
ajudar os jovens a deixar pai, mãe, irmãos, propriedades e bens. Educar para os
valores perecíveis e, sobretudo, para os eternos. Importa educar, desde cedo,
para os valores do reino. É fundamental ajudar as nossas crianças a descobrir
os valores do alto e apegar-se a eles. Se não abrirmos os filhos para Deus e
para os valores do alto fatalmente apegar-se-ão aos bens da terra
absolutizando-os em detrimento da fraternidade e da caridade. O que é pior
morrerão frustrados por ter que deixar os seus bens.
Se um jovem ou um adulto for
educado na sua família para apreciar retamente todos os valores, os da terra e
os do Céu, ele terá uma boa chance de deixar tudo para seguir os apelos de
Jesus. Como São Francisco, será capaz de deixar o negócio lucrativo do pai para
seguir a Jesus na pobreza e na liberdade total. A exemplo de São Camilo, será
capaz de deixar as aventuras e ilusões do mundo para cuidar de Jesus em cada
enfermo e abandonado. Terá, inclusive, a
coragem de renunciar ao casamento por amor a Jesus a fim de ser testemunha viva
dos valores do reino, que nem os ladrões e a morte roubam.
Peçamos a graça de nós
católicos apegar-nos, sempre mais, a Jesus e aos seus valores a fim de, na
liberdade, utilizar de todos os bens da terra para a construção de uma
sociedade justa e fraterna, sem preguiça e roubalheiras.
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