Basta colocar-se diante da
pessoa humana e logo nos damos conta das suas inúmeras fomes. Fome de comida,
fome de dignidade e liberdade, fome de ter, fome de prazer, fome de poder, fome
de ser respeitado, aceito, perdoado, compreendido, etc., etc. Poderíamos
enumerar bem mais fomes que o rei da criação possui e, parece que não são
saciadas facilmente. Mas, qual é a fome fundamental dessa criatura?
Ao entrar no Livro do Êxodo,
objeto da primeira leitura deste 18.º domingo do tempo comum, nos deparamos com
um povo faminto. Inicialmente faminto de liberdade, pois estava sob a
escravidão de outro povo, isto é, dos Egípcios (cf Ex 3). Uma vez saciada a sua
fome de liberdade, encontramos o mesmo povo reclamando contra Moisés, seu
libertador, por falta de comida para encher seu estômago (cf. Ex 16). Mais
tarde encontraremos o mesmo povo reclamando por falta de água.
Ouvindo o povo de hoje, parece
que a ladainha continua; apesar de produzirmos muito mais alimento do que era
produzido no tempo de Moisés. Há muita gente passando fome e reclamando.
Inúmeras comunidades humanas reclamam comida. Muitas periferias gritam por
comida, por água, por respeito, por dignidade, por liberdade, por esperança.
Quem vai saciar a fome desse rei da criação?
Todos os prazeres da terra não
encheram o coração faminto do filho e da filha de Deus. Todos os poderes,
igualmente não conseguiram. A corrida desenfreada em busca de riqueza fez muitos
e muitos ricos, mesmo que à custa de muitos empobrecidos. Lamentavelmente
constatamos, porém, que o coração dos ricos não está em paz, porque só possuem
riquezas materiais. Os três maiores ídolos da terra não foram suficientes para
saciar a fome do ser humano. Ao contrário, criaram inúmeros famintos por conta
da concentração de riquezas e de pão nas mãos de uns em detrimento dos demais.
Quem vai saciar essa fome abrasadora do homem e da mulher?
A engenharia genética ajudou
muito na melhoria e na produção de alimentos, que certamente alimentam todas as
bocas da terra, se fossem repartidos com equidade. O que falta não são os
alimentos que saciam o estômago. Falta o pão do céu indicado na primeira
leitura e confirmado pelo Evangelho (Jo 6,24,35).
O coração do homem foi feito
por Deus e para Deus e, por isso mesmo, só será saciado quando se abrir para
Deus e se alimentar dele. O coração do homem anda faminto enquanto não repousa
em Deus. Só o amor que é Deus poderá saciar a fome maior do seu filho e da sua
filha. Não adianta comer todos os prazeres da terra, pois eles não encheram o
coração da samaritana (cf Jo 4). Quando ela bebeu a água que é Jesus, a sua
sede se estancou e dela correram rios de amor e de bondade para partilhar com
seus irmãos. Enquanto a mulher não se alimenta de Deus, todos os maridos da
terra não saciarão o seu coração faminto de amor. Enquanto os homens não
abrirem o coração para Deus, continuarão correndo atrás de mulheres e de sexo,
mas, continuarão carentes e escravos dos prazeres passageiros.
Uma vez que o homem se
alimenta do pão do Céu, que é Jesus e a sua vontade, ele é recriado. Ele se
reveste de Deus e se torna um homem ou uma mulher novo. Saciado na sua fome
mais profunda, isto é, de Deus, ele será capaz da partilha. Não precisará
acumular para dezenas e dezenas de anos, como procedem os que não confiam na
providencia divina. Trabalharão pelo pão nosso de cada dia e viverão a alegria
do serviço e da partilha.
Em suma, uma vez saciado o
nosso coração do amor que é Deus, todas as demais fomes serão facilmente
saciadas com a partilha e o respeito. Por isso, pedimos essa graça para todos
os filhos de Deus. Que os seus corações, que possuem fechaduras por dentro,
sejam abertos para o Criador a fim de que os sacie na sua fome mais profunda! Assim seja!
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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