No livro dos Reis encontramos
o profeta Elias que está fugindo da Rainha Gesabel que procura matá-lo, uma vez
que com o seu desafio com os sacerdotes de Baal instigou o povo a matar todos
eles uma vez que não conseguiram mostrar aos presentes que o Deus Baal atendia
os seus rogos, isto é, atear fogo no altar do sacrifício, enquanto que o Deus
de Elias atendeu imediatamente (cf 1Rs 18,20-19,8).
O profeta em fuga, pelo
deserto adentro, está cansado, com fome, com sede e sem forças para continuar.
Por isso, pede ao senhor que lhe tire a vida e assim cessem a luta e os
sofrimentos. Com esses pensamentos ele dorme à sombra de uma árvore. Um anjo do
Senhor o acorda e o convida a comer e beber por duas vezes. Com a força desse
alimento do Céu ele consegue caminhar durante quarenta dias e quarenta noites até
chegar à montanha de Deus, o Horeb.
Diante desse episódio bíblico
precisamos ultrapassar o fato em si e nos perguntar qual é o sentido teológico
para nós, pois a bíblia é viva e não história morta. Para o início da conversa,
importa notar que a nossa vida está cheia de desafios, lutas e dificuldades. A
melhor vida do mundo está envolta de dificuldades. Não adianta invejar a vida
do padre ou do casado, imaginando que elas não têm problemas. Todas as vocações,
quer a do profeta, a do evangelista, do sacerdote, do leigo possuem a sua carga
de desafios e dificuldades. Diante disso, correr de uma para outra vocação não
é a solução. Fugir da briga, conforme o profeta em cena, também não é uma
solução abençoada por Deus.
Mas então, qual é a melhor
forma para assumir a nossa vida com suas dificuldades e sucessos? A Palavra nos
ensina a alimentar-nos com o pão do Céu. Jesus é esse pão do Céu prefigurado no
Antigo Testamento no episódio de Elias. Ele mesmo afirmou: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer desse pão viverá
eternamente” (Jo 6,51a). Alimentar-nos de Jesus é o grande segredo para
caminhar sem maiores desânimos, apesar dos reveses da vida, que são
inevitáveis.
Duas vezes alimentado com o
pão do céu, o profeta caminhou quarenta dias e quarenta noites até chegar à montanha
do Senhor. Nós também se nos alimentar-nos frequentemente de Jesus e da sua
Palavra teremos forças para caminhar a vida toda na travessia do deserto da
vida até chegar à montanha do Senhor, isto é, até chegar ao céu.
Sem ele, alimento divino, ou
alimentando-nos apenas na primeira eucaristia, na crisma e no curso de noivos, diante
das lutas da vida e dos problemas, nós logo cairemos no desânimo. Além disso,
cairemos na tentação de abandonar a luta, de jogar a toalha diante dos
problemas do casamento, da educação dos filhos, dos desafios do vestibular, da
perda de emprego, da crise econômica, etc. Com isso não resolveremos os
problemas, mas criaremos inúmeros outros. Problemas esses, que nos atingirão e
respingarão nos que estão à nossa volta, acumulando tristezas e derrotas.
Os sinais que acompanharão os
que se alimentam frequentemente de Jesus serão a expulsão de toda a amargura,
gritarias, contendas, ciúmes, rancores, desejos de vingança, do meio deles. Ao
contrário, serão amigos da bondade, do diálogo, do perdão mútuo e do serviço na
gratuidade, começando em casa (cf Ef 4,30-5,2).
Peçamos a graça de
alimentar-nos sempre do pão que é Jesus e a sua Palavra, para termos a força
necessária para expulsar o mal que nos espreita e realizarmos o melhor na nossa
vocação matrimonial, sacerdotal, religiosa ou de catequistas leigos.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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