Não é raro um animal
separar-se da manada por algum motivo. Porque se machucou, porque está para dar
à luz ou por outra razão qualquer. Por isso, com frequência nas fazendas
encontrarmos os vaqueiros à procura de uma vaca, de um boi ou bezerro que se
desgarrou.
No tempo de Jesus era comum a
criação de ovelhas. Cada criador tinha os seus pastores que tinham o encargo de
zelar pelo rebanho. Quando uma delas se perdia nas encostas ou por ter caído
nalgum precipício os encarregados saiam á procura até encontrá-la. Quando a encontravam, eles retornavam em
festa e, algumas vezes, carregando a ovelha no colo, pois estava machucada.
Jesus conhecedor da realidade
criou a parábola da ovelha perdida para ensinar-nos que o Pai do Céu, à semelhança
do dono do rebanho, não deseja que nenhuma pessoa se perca. Do que depende dele
tudo faz para que todos participem do banquete no seu Reino. Além disso, afirma
que a alegria toma conta do céu quando um pecador se converte e volta a
participar da sua comunidade.
Sendo assim importa que
observemos a realidade da Igreja, que tem por fundamento Jesus Cristo, que,
segundo o Evangelho (cf Mt 18,1-5.10-14), deseja que nenhum dos seus irmãos se
perca. Os pastores e catequistas que atualmente são encarregados das pessoas,
quando observam que muita gente abandonou o rebanho, isto é a comunidade, como
se sentem? Possuem os sentimentos do Filho que corria atrás de todos os
pecadores para reconduzi-los ou nem se importam? Contentam-se com algumas
pessoas que estão no grupo ou saem - Igreja em saída - à procura dos que, por
algum motivo, se desgarraram?
Jesus quer nos ensinar que a
vontade do Pai é que ninguém se perca. Sendo assim abençoa e acompanha com seu
carinho a todos os que saem à procura dos paroquianos, dos jovens, das
crianças, dos casais e não descansam enquanto não resgatam esses irmãos. Jesus
quer ensinar a todos os encarregados que andam tristes e cabisbaixos que o
cansaço da procura é compensado enormemente pela alegria do resgate e que o
abandono das pessoas significa a nossa derrota e tristeza.
Quanto vale um boi para ser
procurado com tanta insistência pelos vaqueiros? Talvez dois a três mil reais.
Quanto vale um filho para Deus? Quanto vale um filho para um pai? Não tem
preço? Ele é um filho e, portanto, supera todo o valor monetário. Se for filho,
o Pai do Céu e o da terra, o quer feliz e não na perdição. Além disso, tudo
fazem para que o filho participe do seu banquete.
Quanto vale um paroquiano para
nós que somos os encarregados do rebanho de Jesus Cristo? Será que não perdemos
o seu real valor para abandonarmos as pessoas facilmente e até com desculpas
baratas? Será que não nos deixamos tomar por mil afazeres que não são a procura
da ovelha perdida? Será que o medo não tornou pequena a nossa vontade de ser
Igreja em saída e nos agarramos a estruturas arcaicas, que nos dão uma falsa
segurança?
Peçamos a graça de compreender
o coração de Deus que quer a todos no seu banquete. Peçamos a graça de, como
filhos de Deus, termos os mesmos sentimentos do Filho, isto é, Jesus de Nazaré,
que procurou resgatar o maior número possível para Deus. Como continuadores de
Jesus peçamos a graça de não nos conduzirmos pelo medo, mas vencermos o cansaço
e o medo, certos que haverá uma grande alegria no nosso coração e na nossa
igreja por um só irmão que resgatamos.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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