quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O DESAFIO DA TRANSFIGURAÇÃO

Na festa da transfiguração de Jesus, corremos o risco de achar maravilhoso o que ocorreu com Jesus no Monte Tabor e ficar apenas nisso (cf Mc 9,2-10). Certamente que é um passo importante meditar sobre o texto da transfiguração apresentado pelo evangelista Marcos, mas não é suficiente não. O desafio é mergulhar dentro do Evangelho e dar-se conta que Jesus está indicando o caminho da nossa transfiguração de cada um de nós que deseja segui-lo seriamente.
Em primeiro lugar há o chamado do próprio Deus a seguir o seu filho Jesus. A iniciativa é de Deus e não nossa. Quem ama toma a iniciativa.  Além disso, é um chamado permanente e não apenas um chamado num momento da vida da pessoa. Deus não se cansa de chamar os seus filhos e filhas, desde a tenra idade como fez com o menino Samuel (cf 1Sm 3).  
Em segundo lugar, esse chamado exige a contrapartida de cada chamado, ou seja, que tenhamos sensibilidade e vontade firme de seguir esse chamado. Mergulhados num mundo com mil chamados para consumir, para ter, para o prazer e o poder, corremos o risco de perder gradativamente a nossa sensibilidade para o chamado de Deus e comprometer a nossa caminhada rumo à transfiguração. Começamos a dar desculpas e a adiar a resposta e, muitas vezes, a mergulhar na tristeza.
Além disso, diante de um mundo com mil facilidades e de pouco esforço, no qual estamos mergulhados, corremos o risco de sermos pessoas com vontade fraca. O seguimento de Jesus não é um caminho coroado de facilidades, mas exige esforço e perseverança para superar obstáculos e contratempos a fim de chegarmos à transfiguração em Deus.
Ao meditarmos o texto do Evangelho podemos imaginar que a transfiguração se dá como num passe mágico e pronto. Muitos cristãos procuram essa religião mágica que resolve facilmente os seus problemas, dificuldades e até irresponsabilidades. Jesus não veio apresentar truques e mágicas, mas chama-nos para uma caminhada rumo à transfiguração. Caminhada essa que para alguns começa mais cedo, para outros mais tarde e para alguns apenas na hora da dor e do sofrimento.
Confesso que para mim começou bem cedo graças a um ninho familiar cheio de sensibilidade para Deus e para os seus chamados. Nessa célula eclesial, que chamamos família, senti o chamado de Deus para seguir o seu filho Jesus rumo à transfigurado como sacerdote. Depois de muitos anos de caminhada me vejo ainda caminhando com Jesus. Hora com mais alegria e entusiasmo, hora com menos, mas o que me alegra é que Jesus nunca desistiu de mim, apesar das minhas quedas e resistências. Nos momentos que estou cansado e fraco Ele chega a me carregar no colo.

Diariamente tenho a oportunidade de contemplar a caminhada de Jesus rumo à sua glorificação junto ao Pai. Movido pela sua vitória espetacular continuo a caminhada certo que Ele me conduzirá à transfiguração plena, ou seja, à vitória final, no Céu.


Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 

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