Na festa da transfiguração de
Jesus, corremos o risco de achar maravilhoso o que ocorreu com Jesus no Monte
Tabor e ficar apenas nisso (cf Mc 9,2-10). Certamente que é um passo importante
meditar sobre o texto da transfiguração apresentado pelo evangelista Marcos,
mas não é suficiente não. O desafio é mergulhar dentro do Evangelho e dar-se
conta que Jesus está indicando o caminho da nossa transfiguração de cada um de
nós que deseja segui-lo seriamente.
Em primeiro lugar há o chamado
do próprio Deus a seguir o seu filho Jesus. A iniciativa é de Deus e não nossa.
Quem ama toma a iniciativa. Além disso,
é um chamado permanente e não apenas um chamado num momento da vida da pessoa.
Deus não se cansa de chamar os seus filhos e filhas, desde a tenra idade como
fez com o menino Samuel (cf 1Sm 3).
Em segundo lugar, esse chamado
exige a contrapartida de cada chamado, ou seja, que tenhamos sensibilidade e
vontade firme de seguir esse chamado. Mergulhados num mundo com mil chamados
para consumir, para ter, para o prazer e o poder, corremos o risco de perder
gradativamente a nossa sensibilidade para o chamado de Deus e comprometer a
nossa caminhada rumo à transfiguração. Começamos a dar desculpas e a adiar a
resposta e, muitas vezes, a mergulhar na tristeza.
Além disso, diante de um mundo
com mil facilidades e de pouco esforço, no qual estamos mergulhados, corremos o
risco de sermos pessoas com vontade fraca. O seguimento de Jesus não é um
caminho coroado de facilidades, mas exige esforço e perseverança para superar
obstáculos e contratempos a fim de chegarmos à transfiguração em Deus.
Ao meditarmos o texto do
Evangelho podemos imaginar que a transfiguração se dá como num passe mágico e
pronto. Muitos cristãos procuram essa religião mágica que resolve facilmente os
seus problemas, dificuldades e até irresponsabilidades. Jesus não veio apresentar
truques e mágicas, mas chama-nos para uma caminhada rumo à transfiguração.
Caminhada essa que para alguns começa mais cedo, para outros mais tarde e para
alguns apenas na hora da dor e do sofrimento.
Confesso que para mim começou
bem cedo graças a um ninho familiar cheio de sensibilidade para Deus e para os
seus chamados. Nessa célula eclesial, que chamamos família, senti o chamado de
Deus para seguir o seu filho Jesus rumo à transfigurado como sacerdote. Depois
de muitos anos de caminhada me vejo ainda caminhando com Jesus. Hora com mais
alegria e entusiasmo, hora com menos, mas o que me alegra é que Jesus nunca
desistiu de mim, apesar das minhas quedas e resistências. Nos momentos que
estou cansado e fraco Ele chega a me carregar no colo.
Diariamente tenho a
oportunidade de contemplar a caminhada de Jesus rumo à sua glorificação junto
ao Pai. Movido pela sua vitória espetacular continuo a caminhada certo que Ele
me conduzirá à transfiguração plena, ou seja, à vitória final, no Céu.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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