Queridos
leitores! A lepra era para os judeus sinal de pecado e maldição de
Deus. Ser portador de tal doença era não ter a bênção de Deus. De alguma
forma era morrer para Deus e para a comunidade. O portador desse mal
era excluído da comunidade. Devia viver fora do convívio familiar e
comunitário. Não podia ir à Sinagoga. Se por ventura alguém fizesse isso
podia ser apedrejado pela comunidade. Por isso, ninguém ousava
fazê-lo. Imaginem queridos irmãos que essa situação era a morte social,
familiar e eclesial. Podemos sentir na nossa própria pele o sofrimento
desses irmãos e irmãs assim acometidos por esse mal.
Queridos
irmãos! A melhor notícia desse domingo é que Jesus veio libertar a
humanidade dessa terrível doença. Jesus veio libertar não apenas alguns
mas a todos os seres humanos. Como podemos entender isso? Na primeira
leitura ele aparece libertando um estrangeiro, isto é, o Sírio Naamã.
Isto indica que a libertação não era apenas para os judeus, como o povo
escolhido, na sua maioria, pensava. A libertação era para todos, isto é,
judeus e pagãos. No Evangelho (Lc 17,11-19) Jesus cura 10 leprosos.
Alguns não pertenciam ao povo eleito, segundo a
tradição. Em suma, Jesus veio para libertar a todos os povos da doença
que exclui da família e da comunidade.
Atrás
desses episódios existe a vontade de Deus que se manifesta. Além da
saúde e vida que quer para todos, Jesus está dizendo que ninguém deve
ser impedido de participar da família e da Igreja. De todo e qualquer
mal que impede o homem e a mulher dessa participação Jesus quer
libertar. Jesus veio trazer vida em plenitude e não apena parcial. por
isso, ele liberta da exclusão familiar, social e eclesial, que não
deixam de ser verdadeiras mortes, que tornam o homem e a mulher
desfigurados
na sua Imagem e Semelhança com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito
Santo, isto é, um Deus Família.
Como
Jesus cura os leprosos daquele tempo? Jesus não faz nenhuma mágica,
como alguns de nós podemos imaginar. Jesus pede que se ponham a caminho e
confiem nele e na sua palavra, isto é, que tenham Fé. Eles assumiram a
sua condição confiando plenamente em Jesus que queria e podia curá-los
da doença. Caminhando com essa fé viva eles se viram curados. Diante da
cura podemos imaginar a explosão de alegria que aconteceu em cada um.
Nove deles, cumpridores da lei foram diretos aos sacerdotes para
receberem a comprovação da cura e assim poderem participar novamente
das famílias e da comunidade.
Um
deles, porém, não se conteve e sentiu necessidade de retornar até Jesus
para, de joelhos, lhe agradecer a cura. Entendeu, mais do que todos,
que a cura era um presente de Jesus e não podia deixar de agradecer
primeiramente a ele e depois aos sacerdotes. Jesus apresentou a atitude
desse como modelo a ser seguido por todos os homens e mulheres.
Queridos
irmãos! Alguns de nós podemos imaginar que essa Palavra não tem nada a
falar-nos pois a lepra está praticamente extinta do planeta. Na verdade,
queridos irmãos, Jesus não está falando apenas da lepra, mal de Hansen,
mas da insensibilidade do coração e de todas as demais doenças que nos
afastam, de alguma forma, da família, da comunidade e da Igreja. Quantos
homens e mulheres, quantos jovens e crianças que vivem longe da
família e da Igreja! Quantos males que tornam o homem e a mulher
insensíveis. Por conta disso, se isolam e não mais participam da família
e da Igreja de Jesus.
A
boa notícia, querido irmão, é que Jesus quer curar a todos desses
males. Ele tem poder de tirar todos os seus irmãos da marginalidade
familiar e eclesial que desfigura a nossa imagem de filhos e filhas de
Deus. Basta que nós confiemos nele, que voltemos a assumir o nosso
batismo, voltemos a viver a Palavra de Jesus, caminhemos em direção à
comunidade e logo, logo seremos curados desses males, que nos deixam
abatidos e tristes.
A
partir dessa recuperação da nossa dignidade de filhos e filhas amados
pela família, pela comunidade e por Deus, sentiremos a necessidade
imperiosa da gratidão. Cheios de gratidão e alegria integraremos
novamente a Igreja de Jesus Cristo. Com as vestes da gratidão e da
alegria seremos missionários de Jesus Cristo por onde passarmos.
Peçamos a graça da cura de todas as nossas lepras e doenças que nos afastam do convívio familiar e eclesial.
Pe. Arlindo Toneta - Pároco -
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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