Quantas
vezes eu quis reunir os teus filhos à semelhança da galinha choca!
Naquela
hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: “Sai daqui, porque
Herodes quer te matar”. Ele disse: “Ide dizer a essa raposa: eu expulso
demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia chegarei ao termo.
Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, pois não convém
que um profeta morra fora de Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém, que matas os
profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir
teus filhos, como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas, mas não
quiseste! Vede, vossa casa ficará abandonada. Eu vos digo: não mais me vereis,
até que chegue o tempo em que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome do
Senhor’” (Lc 13,31-35).
Diversos aspectos do Evangelho eu poderia
apontar e comentar, mas não quero fazer o trabalho todo. Por isso, destaco
apenas um aspecto e deixo os demais para os leitores trabalharem um pouco
também. A vontade de Jesus sobre os habitantes de Jerusalém me chama a atenção
de modo especial. Qual é essa vontade do Filho de Deus?
Quantas
vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintainhos debaixo
das asas, mas não quiseste! Jesus
está falando claramente da sua vontade de reunir os habitantes de Jerusalém debaixo
das suas asas. Para que reunir debaixo das suas asas? Certamente não é para
sufocar os filhos como algumas “supermães” fazem com os seus filhos e filhas.
Também não é para mais bem controlar os filhos ou os cidadãos como muitos
estados e autoridades.
Para entender basta que observemos o
que faz a galinha choca. Claro que muitos nunca viram isso, portanto não podem
nem ter uma ideia clara do que Jesus está falando. Como eu vivi no campo e na
cidade sou um privilegiado e desejo repassar o que contemplei com os meus olhos,
por muitas vezes. Pude ver que os pintainhos logo que nascem são pequenos e
indefesos, mas se locomovem muito bem nas proximidades da galinha mãe. Notei
também que diversos perigos rondam os pequenos. Perigos no ar, perigos na
terra. A galinha está sempre pronta para proteger os seus filhotes. Protege
atacando o inimigo e abrindo as suas asas para abrigá-los embaixo. Abrigá-los
para aquecê-los e para ocultá-los do inimigo que os espreita. Logo que o
inimigo se afasta ela os liberta para que andem com os seus pés, procurem o seu
alimento e voem com as suas asas. Visa, portanto apenas protegê-los e ajuda-los
a crescer com saúde e vida. Não os quer como presa fácil do inimigo.
1. Jesus está dizendo que ele é como
uma galinha choca. Ele mesmo quis abrigar debaixo das suas asas todo o povo de
Jerusalém para protegê-lo dos perigos
que os cercavam. A vontade de Jesus não
é de expor gratuitamente os seus irmãos e irmãs aos perigos do mundo. Não os
quer como presas fáceis do mal. Após a sua ressurreição enviou o Paráclito,
isto é, o nosso defensor, para nos defende do mal que procura a quem devorar
como fala S. Pedro na sua carta. Ele enviou o E. Santo sobre os cidadãos do
mundo todo para ensinar a linguagem do amor. Segundo S. Paulo, o Espírito de
Deus nos aponta com gemidos inarráveis o caminho da vida a todo o momento,
basta que o ouçamos.
2. Outro aspecto da sua vontade é acolher a todos para aquecer com o seu
coração cheio de amor e bondade. Diante dos habitantes egoístas de Jerusalém e
os do mundo todo Jesus expressa o seu desejo de aquecer a todos com o fogo do
seu amor. Jesus deseja tirar a todos do inverno do pecado, do egoísmo, do
indiferentismo, da insensibilidade e da solidão para construir a sua Igreja.
Igreja irrigada e aquecida pelo seu amor fraterno e eterno.
3. Aquecer a todos com o seu amor a
fim de capacitá-los e habilitá-los para
as incursões de amor e fraternidade, em outras palavras, para serem
discípulos missionários seus. Eis onde o
ministério da acolhida deveria buscar força para implantar esse serviço tão
importante e necessário nos nossos dias, marcados pelo egoísmo e isolamento
perigosos.
Fazemos votos que todos nos abriguemos
debaixo das asas de Jesus para superar os perigos, para nos aquecer a fim de
assumir com coragem e determinação a nossa missão na Igreja e na sociedade.
Pe. Arlindo Toneta –
Pároco –
Paróquia N. Senhora da Boa Esperança – Pinhais - PR