sábado, 28 de setembro de 2013

Refl. Ev. 1189 (Lc 9, 18-22) 27/09/13


E vós quem dizeis que eu sou? 


Jesus estava orando, a sós, e os discípulos estavam com ele. Então, perguntou-lhes: “Quem dizem as multidões que eu sou?” Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; outros ainda acham que algum dos antigos profetas ressuscitou”. Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. Mas ele advertiu-os para que não contassem isso a ninguém. E explicou: “É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar” (Lc 9, 18-22).



Não é suficiente ver Jesus, conforme o evangelho de ontem, mas é preciso saber quem é Jesus. O mais importante não são as aparências externas, que podem ser enganosas, mas aquilo que a pessoa é atrelada à sua missão. Por conta disso vem a pergunta de Jesus aos seus seguidores.
Jesus está interessado em saber quem é ele aos olhos das multidões e aos olhos dos seus seguidores, discípulos e discípulas. Aos olhos do povão ele é um personagem do passado que ressuscitou e está atuando novamente no meio da comunidade. Estão presos no passado e não estão abertos para a novidade de Deus. Parece o povão que eu ouço dizer: no meu tempo que era bom, nos tempos antigos tínhamos bons professores. Com isso perdem a oportunidade de ver o novo e o bom que o Pai do Céu oferece quotidianamente aos seus.
Aos olhos dos discípulos, quem é ele? Pedro toma a iniciativa e responde, em nome do grupo, que ele é o Cristo de Deus, isto é, o prometido e ungido, que Deus havia prometido e que agora caminha entre eles, buscando realizar a obra do Pai. Podemos notar que Pedro está aberto ao novo, está “antenado” na novidade do Pai do Céu, que a cada dia pode surpreender. Não é um velho preso ao passado, mas com a experiência do passado aberto para a novidade de cada dia.
Eis irmãos o que é um discípulo missionário de Jesus. Não é um xiita radical preso ao passado, nem um revolucionário que joga fora o passado, dizendo que nada daquilo tem valor e corre avidamente atrás do novo. É um homem equilibrado consciente dos valores e das promessas do passado, mas com as antenas dóceis às novidades do Espírito, que deseja que avancemos na edificação do Reino de Deus, que é de Deus, mas também é nosso.
Para evitar uma ideologia triunfalista, que havia na mentalidade judaica, Jesus faz o primeiro anúncio da paixão. Jesus deixa claro para os seus que alcançaria a sua glória através de muitos sofrimentos, da própria morte e ressurreição. Na mentalidade judaica essa ideia contrariava a maneira de pensar que possuíam de que os bons não sofriam, não passavam pela doença, que Deus os premiava com muitos bens, etc.
Queridos irmãos! Jesus está querendo ensinar os daquele tempo e os de hoje também que os seus seguidores, mesmos que bons, devem carregar essa mesma cruz de dores e sofrimentos para alcançar a glória de Deus. Persiste, em nossos dias, a mentalidade que os bons não devem sofrer, não podem ser rejeitados; que os bons não podem ficar doentes ou desempregados, etc. Não é esse o ensinamento de Jesus, queridos leitores. Muitos de nós precisamos alinhar os nossos pensamentos com os pensamentos do Mestre, se queremos ser seus discípulos missionários de verdade.




Pe. Arlindo Toneta – Pároco – 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR


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