Jesus de Nazaré afirmou
categoricamente que só Deus é bom, só Deus é santo. Nós todos, pela
desobediência de nossos pais Adão e Eva, fomos contaminados pelo pecado
original. Sendo assim, o ser humano não nasce santo, mas inclinado para o
egoísmo. A criança é egocêntrica por natureza. Trata-se, a princípio, de uma
questão de sobrevivência, pois ela surge com uma grande dependência de tudo e
de todos. Quando não é atendida se vale até do grito e do choro para chamar a
atenção e ser saciada nas suas necessidades básicas. Quando chega à sala, por
exemplo, ela chama a atenção de todos porque necessita de atenção, afeto e
carinho. Inicialmente não se trata de egoísmo, pois não é uma atitude
plenamente consciente e, muito menos, carregada de maldade.
Na medida em que a criança vai
crescendo os pais e os mestres vão ajudando esse pequenino a sair de si e ir ao
encontro dos irmãos e dos colegas a fim de construir fraternidade, partilhando
as coisas, o tempo e a si própria. Pouco a pouco, ela vai descobrindo que há
mais alegria em ajudar do que em ter e acumular. Eis a raiz da santidade que
existe em cada criança. Se cultivada a criança desabrocha para Deus e para o
amor à comunidade, senão ela, muito provavelmente, crescerá no egoísmo.
Conscientes dessa realidade
humana cabe aos pais, professores e catequistas, de modo particular, ajudar
esse ser a desabrochar para os outros e descobrir a alegria de estabelecer
relações de ajuda, movido pelo amor. Como nenhum ser humano é perfeito nisso,
só resta aos ajudantes apontar o autor dessa perfeição, isto é, para Deus, que
é o único Santo dos Santos, que tudo faz por amor. Apontar para Deus que colocou o seu DNA em
cada pessoa ao criá-la, a fim de que como filha possa viver em comunhão com ele
e assim ser santificada.
Santo, portanto, é só Deus e
nós seres humanos podemos participar da sua santidade. As raízes da santidade
estão nas pessoas, mas se não cultivadas podem ser sufocadas pelo egoísmo, pelo
pecado e pela frustração. Aos pais, professores e catequistas que já beberam no
poço da santidade, que é Deus, cabe a tarefa de conectar sempre mais os seus
com Deus a fim de que possam participar da sua santidade e assim produzir toda
a sorte de frutos bons.
Para falar disso podem se
valer de comparações. Por exemplo, da videira e dos seus galhos. Vejam os galhos
da parreira que se mantêm unidos ao tronco, a seu tempo, produzem frutos
suculentos, pois recebem a seiva do mesmo. Os que são cortados morrem por falta
de seiva. Da mesma forma a pessoa que se une a Deus recebe dele a força amorosa
que a leva a produzir frutos de santidade, que é o perdão, a partilha, a
acolhida, o respeito e outros. Se a pessoa se afasta de Deus cresce o egoísmo e
os seus frutos amargos logo aparecem para a sua tristeza e de toda a
comunidade. Pelos frutos sabemos que uma árvore é boa e pelas obras que produz
uma pessoa manifesta a santidade que circula em seu coração ou o seu egoísmo.
Se o mundo ainda está cheio de
pessoas que produzem frutos desagradáveis, isto é, egoísmo, ódio, violência,
pedofilia, brigas familiares, fofocas, abandono, assassinatos, e outros males,
tudo isso revela que ainda são poucos os que se empenham na educação para a
santidade. A abundância de egoístas e frustrados indica a omissão e a falta de
educadores para a santidade.
Diante disso, nada adianta
ficar aí lamentando o leite derramado. Peçamos a Deus, particularmente na festa
de todos os Santos, a graça e a vontade firme de assumir a nossa missão de
Discípulos Missionários de Jesus. Assumir para falar de Deus e educar o maior
número possível de irmãos e irmãs para a santidade, pois essa é a vocação
fundamental de cada ser humano, colocada por Deus no seu DNA.
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