Quando perdemos algo
insignificante não nos perturbamos. Fazemos de conta que nada aconteceu e a
vida segue normalmente. Quando nos roubam a TV 60 polegadas, o celular, um boi
ou uma ovelha que nos custam suor para conquistar esses bens ficamos abalados e
não é para menos. Normalmente saímos à procura para ver se conseguimos
recuperar aquilo que era nosso e envolvemos pessoas para nos ajudar na busca. Quando
conseguimos de volta o nosso bem, comunicamos para todos os amigos e festejamos.
Quanto custa no mercado um
boi, uma ovelha, uma TV ou celular? Normalmente não passa de 2 mil reais. Mesmo
assim, fazemos de tudo para poder recuperar o bem material e envolvemos o maior
número possível de pessoas para nos ajudar. Na parábola da ovelha perdida Jesus
destaca exatamente esse esforço do perdedor (Cf 15,1-7). Essa busca não tem
nada de mal, mas Jesus destaca o grande esforço que normalmente se faz para
reaver os bens perdidos e a alegria ao recuperá-los.
Com essa comparação Jesus está
motivando aquele povo que o criticava por estar com os pecadores a rever o
valor de uma pessoa humana. Parece que para eles valia muito uma ovelha, ou uma
moeda, mas uma pessoa humana podia ser desprezada e abandonada por causa dos
seus pecados ou por ter uma origem diferente da deles. Jogavam no inferno
irmãos e irmãs seus porque, provavelmente, não sabiam o quanto valiam.
Jesus afirma que veio para
procurar os pecadores, que se perderam, e os que foram perdidos por causa dos
preconceitos dos que se julgavam santos. Ele veio dizer que a pessoa humana não
perde o seu valor por causa dos seus pecados, da sua cor ou origem. Veio dizer
que a pessoa é como a nota de 100 reais, mesmo que amassada e suja, ela
continua mantendo o seu valor de compra.
Para Deus a pessoa humana é filha e filho e não perde o seu valor por
conta dos seus defeitos, dos seus pecados e origem diferente.
Em segundo lugar a atitude de
Jesus revela todo o amor de Deus para com seus filhos e, por isso, os procura
sem jamais abandoná-los. Procura até encontrá-los onde estiverem a fim de
envolvê-los de amor e carregá-los no colo até a sua casa para fazer um
banquete. Não os julga e muito menos os condena por conta de suas quedas, mas
os resgata no amor, os envolve de amor e os leva para celebrar num clima de
grande alegria.
Depois disso só nos resta
perguntar quanto vale uma pessoa humana? Segundo os traidores ela vale trinta
moedas de prata, mil reais ou um pouco mais, mas para Deus ela não tem preço,
pois é filha, e filhos não se vende apenas se ama. Para nós cristãos quanto
vale uma pessoa? Seguramente isso depende da experiência que fizemos de Jesus,
aquele que nos revelou, por excelência, o valor do ser humano. Jesus nos
ensinou que a pessoa por mais amassada que esteja ela não perde o seu valor. Seja ela criança, jovem, adulta, idosa,
casada, separada ou sacerdote ela tem valor inestimável.
Diante dessa verdade é que
podemos entender uma Igreja em saída, para ir ao encontro das pessoas que se
afastaram. Enquanto houver pessoas distantes de Deus nós discípulos
missionários de Jesus deveríamos estar inquietos. Olhando à nossa volta vemos
muitas ovelhas sem pastor. Por isso mesmo, o apelo dos nossos bispos para que
saiamos ao encontro delas. Saiamos com o coração cheio de amor e bondade para
escutar, acolher e atrair para a comunidade a tantos que ainda não sabem do seu
valor e, por isso mesmo, se vendem aos apelos do mundo a qualquer preço.
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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