segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O REI QUE DESCE DO TRONO

A história nos apresenta inúmeras pessoas que não mediram esforços para subir ao trono. Subiram a fim de ocupar um posto de comando.  Outros destruíram os concorrentes ou se valeram de mentiras e falcatruas para conquistar o trono. Um número sem conta subiu pisando sobre os demais e usando de todos os recursos da mentira e da guerra para serem eleitos. Uma vez empossados nos seus postos ou tronos, usaram dos mesmos para enriquecer-se à custa dos seus súditos, em vez de servi-los.
No meio desses reis surgiu há dois mil anos um Rei diferente. Um Rei que desceu do trono da Glória do Céu para estar no meio dos seus irmãos. Um Rei que se dignou assumir a nossa humanidade, a fim de redimi-la da sua sede de tronos opressores e fratricidas.  Esse Rei, que a Igreja celebra no último domingo do ano litúrgico, se chama Jesus de Nazaré, o rei servidor, que Pilatos o entregou aos judeus para ser crucificado.
Para começo de conversa, esse Rei não nasceu em palácios, mas no coração de uma família simples e servidora, Maria e José, com o propósito de mostrar o novo tipo de reinado que estava inaugurando. Um reino de justiça, paz e amor. Para edificar esse reino o Filho de Deus se despoja inteiramente. Não possui tronos, nem corroas, nem domínios e o seu exército armado de amor é um bando de mulheres e pessoas simples que se encantaram pelo seu novo jeito de reinar.
Um Rei que se abaixa junto aos doentes, às mulheres, aos pecadores, às crianças para acolhê-los, amá-los e sará-los com seu amor misericordioso. Um Rei que vai a busca das pessoas para fazê-las sentar-se à mesa do banquete. Enfim um Rei que não poupou a própria vida para resgatar as pessoas escravas do pecado e dos tronos que oprimem.
Em 315 da Era Cristã, com Constantino, o cristianismo foi assumido como a religião do estado. Nisto, certa influência do estado acabou apresentando Jesus como um Rei poderoso, vingativo, justiceiro, com coroas de ouro e prata, que permanece na mente de muitos católicos ainda hoje. Com isso, em alguns setores, se insiste em apresentar Jesus como um Rei distante, sentado no seu trono e revestido de ouro e pedras preciosas. Um rei assim assusta as pessoas.  Na Verdade, a verdadeira imagem do Rei do Universo foi apresentada por Jesus de Nazaré.
Um Rei que desce do seu trono de glória para assumir os nossos pecados e fraquezas a fim de destruí-las em si mesmo. Um Rei que se abaixa para lavar os pés dos seus irmãos e das suas irmãs. Um Rei que se aproxima dos pequeninos, das crianças, das mulheres e dos pecadores para perdoá-los e envolve-los de amor. Um Rei que não tira a vida de ninguém. Ao contrário, dá a sua vida em resgate de muitos.
Queridos irmãos, seguidores de Jesus, o Rei Servidor, a festa de Cristo Rei é um grito na mente e no coração de cada um de nós, que nascemos para ser reis, a fim de que examinemos que tipo de reis estamos sendo na família, nas comunidades e na sociedade. Se estamos sendo capazes de descer dos nossos tronos para assumir as fraquezas dos outros com o objetivo de santificá-los ou permanecemos nos nossos postos e tronos para observar os erros e falhas dos demais, com o intuito de julgá-los e condená-los, como fazem os reis pagãos.

Peçamos a graça de sermos reis servidores. Reis cheios de amor e bondade, que procuram sair de si para colocar-se no lugar do outro e da outra a fim de compreendê-los. Mais do que isso, para acolhê-los e amá-los, não apenas com palavras doces, mas, acima de tudo, com gestos concretos. 







Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança
Pinhais - PR 

Nenhum comentário:

Postar um comentário