A história nos apresenta
inúmeras pessoas que não mediram esforços para subir ao trono. Subiram a fim de
ocupar um posto de comando. Outros
destruíram os concorrentes ou se valeram de mentiras e falcatruas para
conquistar o trono. Um número sem conta subiu pisando sobre os demais e usando
de todos os recursos da mentira e da guerra para serem eleitos. Uma vez
empossados nos seus postos ou tronos, usaram dos mesmos para enriquecer-se à
custa dos seus súditos, em vez de servi-los.
No meio desses reis surgiu há
dois mil anos um Rei diferente. Um Rei que desceu do trono da Glória do Céu para
estar no meio dos seus irmãos. Um Rei que se dignou assumir a nossa humanidade,
a fim de redimi-la da sua sede de tronos opressores e fratricidas. Esse Rei, que a Igreja celebra no último
domingo do ano litúrgico, se chama Jesus de Nazaré, o rei servidor, que Pilatos
o entregou aos judeus para ser crucificado.
Para começo de conversa, esse
Rei não nasceu em palácios, mas no coração de uma família simples e servidora,
Maria e José, com o propósito de mostrar o novo tipo de reinado que estava
inaugurando. Um reino de justiça, paz e amor. Para edificar esse reino o Filho
de Deus se despoja inteiramente. Não possui tronos, nem corroas, nem domínios e
o seu exército armado de amor é um bando de mulheres e pessoas simples que se
encantaram pelo seu novo jeito de reinar.
Um Rei que se abaixa junto aos
doentes, às mulheres, aos pecadores, às crianças para acolhê-los, amá-los e
sará-los com seu amor misericordioso. Um Rei que vai a busca das pessoas para
fazê-las sentar-se à mesa do banquete. Enfim um Rei que não poupou a própria
vida para resgatar as pessoas escravas do pecado e dos tronos que oprimem.
Em 315 da Era Cristã, com
Constantino, o cristianismo foi assumido como a religião do estado. Nisto, certa
influência do estado acabou apresentando Jesus como um Rei poderoso, vingativo,
justiceiro, com coroas de ouro e prata, que permanece na mente de muitos
católicos ainda hoje. Com isso, em alguns setores, se insiste em apresentar Jesus
como um Rei distante, sentado no seu trono e revestido de ouro e pedras
preciosas. Um rei assim assusta as pessoas. Na Verdade, a verdadeira imagem do Rei do
Universo foi apresentada por Jesus de Nazaré.
Um Rei que desce do seu trono de
glória para assumir os nossos pecados e fraquezas a fim de destruí-las em si
mesmo. Um Rei que se abaixa para lavar os pés dos seus irmãos e das suas irmãs.
Um Rei que se aproxima dos pequeninos, das crianças, das mulheres e dos
pecadores para perdoá-los e envolve-los de amor. Um Rei que não tira a vida de
ninguém. Ao contrário, dá a sua vida em resgate de muitos.
Queridos irmãos, seguidores de
Jesus, o Rei Servidor, a festa de Cristo Rei é um grito na mente e no coração
de cada um de nós, que nascemos para ser reis, a fim de que examinemos que tipo
de reis estamos sendo na família, nas comunidades e na sociedade. Se estamos
sendo capazes de descer dos nossos tronos para assumir as fraquezas dos outros
com o objetivo de santificá-los ou permanecemos nos nossos postos e tronos para
observar os erros e falhas dos demais, com o intuito de julgá-los e
condená-los, como fazem os reis pagãos.
Peçamos a graça de sermos reis
servidores. Reis cheios de amor e bondade, que procuram sair de si para colocar-se
no lugar do outro e da outra a fim de compreendê-los. Mais do que isso, para
acolhê-los e amá-los, não apenas com palavras doces, mas, acima de tudo, com
gestos concretos.
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança
Pinhais - PR
Pinhais - PR
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