quarta-feira, 18 de novembro de 2015

DESCER DA ÁRVORE

Naturalmente quando desejamos ver melhor subimos numa montanha, colina, prédio ou árvore. Dificilmente entramos num buraco ou num vale profundo. Lá do alto o nosso olhar atinge o horizonte, passeia pelos vales e planícies. Normalmente sentimo-nos poderosos e por cima da carne seca, como diz um amigo meu de São Paulo.
Lendo e meditando o Evangelho de Lucas encontramos a passagem do cobrador de impostos Zaqueu ( Lc 19,1-10 ). Nela podemos ver Zaqueu subindo na árvore para poder ver melhor a Jesus que ia passando pela sua cidade. Quando Jesus o vê empoleirado na árvore para realizar o seu sonho de ver Jesus aparece a novidade do Evangelho, sobre a qual desejo falar um pouco.
Em primeiro lugar, é preciso desejar ver a Jesus. Aliás, esse desejo já está no nosso DNA. Uma vez que essa decisão é real, a oportunidade aparece, pois Deus que é Amor, sempre toma a iniciativa. Antes de nós existirmos Deus já pensou em nós. O Filho de Deus vê a cada um de nós e procura valorizar-nos. A iniciativa é de Deus. Ele nos vê primeiro e conhece a cada um de nós. Quem ama toma a iniciativa. Jesus vê a Zaqueu que está em cima da árvore. 
Em Segundo lugar, Jesus pede para o cobrador de impostos, que deseja vê-lo, que desça da árvore. O significa mesmo descer da árvore? Encontramos outro texto do mesmo Evangelho que vem em nosso socorro, ou seja, o do Bom Samaritano (Lc 10,29-37). Somente o Samaritano que teve a coragem de descer do seu cavalo e postar-se junto ao necessitado, comtemplou verdadeiramente o rosto de Jesus. O Sacerdote e o Levita ficaram sobre seus cavalos e não viram o Mestre.
Os nossos cavalos e as nossas árvores podem ser mecanismos de fuga do povo e não ferramentas que nos colocam a serviço dele. Podem ser cavalos, árvores, títulos, cargos que ocupamos nas empresas e comunidades. Se subirmos neles para nos afastar ou oprimir os demais, seguramente eles cegam nossos olhos e impedem-nos de ver Jesus.  Por isso, Jesus nos convida a descer dos nossos postos para estar junto do povo para servi-lo, como ele mesmo fez deixando a sua glória para assumir a nossa humanidade a fim de elevá-la.
Mas, para que isso realmente o corra é preciso ter uma terceira atitude, isto é, decisão firme de hospedar a Jesus em nossa casa, ou seja, em nosso coração. Sem isso, os títulos e cargos cegarão os nossos olhos. Zaqueu desceu e hospedou Jesus. Hospedou e se tornou discípulo para ouvir o seu ensinamento. Uma vez convertido a Jesus ele decidiu devolver quatro vezes mais o que tinha roubado e se colocar a serviço dos necessitados, contemplando o rosto do Senhor em cada pessoa humana. De opressor dos irmãos ele passa a ser servidor dos mesmos, seguindo os passos do Mestre Jesus.

Queridos leitores! Peçamos a graça de querer contemplar o rosto de Jesus. Para isso precisamos ouvir a voz dele que nos pede para não nos empoleirar nos nossos postos e títulos, mas descer para o meio do povo e usar deles para servir e promover os mais fracos e necessitados.  





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança



Pinhais - PR 

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