Com a morte de Jesus Cristo na
Cruz, esse instrumento de suplício passou a ser o símbolo do cristianismo. Um
símbolo de amor pela humanidade e não mais um símbolo de maldade, no qual eram
crucificados os malfeitores, sobretudo pelos romanos. Portanto, não se está exaltando a cruz pela cruz,
mas o amor que chegou ao extremo de aceitar morrer voluntariamente na cruz para
manifestar de forma chocante o amor indescritível do Pai por seus filhos e
filhas.
Ainda hoje há uma certa tendência
a valorizar demasiadamente o sofrimento, como se ele fosse em si um valor
apreciado por Deus. Trata-se da teologia dolorista, que exalta o sofrimento,
imaginando que Deus necessita dos nossos jejuns e sofrimentos. Deus não
necessita de nada, pois ele é Deus e não um ser carente e necessitado de algo.
Deus continua sendo Deus apesar da opção pelo mal dos seus filhos.
A alegria da mãe é ver o seu
filho bem e feliz. Assim, se quisermos alegrar a Deus é importante que
estejamos bem. Estaremos bem somente quando navegarmos no bem e na bondade.
Para atingir esse objetivo precisamos carregar a nossa cruz e seguir os passos
do Mestre Jesus, que por amor enfrentou toda sorte de sofrimentos. Não procurou
o sofrimento como se fosse um masoquista, isto é, alguém que gosta dos
sofrimentos, mas procurou o amor mesmo à custa de grandes sofrimentos, porque
escolheu amar sempre apesar de tudo. Além disso, Deus é amor e não sofrimento.
Quem necessita de algo somos
nós, criaturas de Deus contaminadas pelo pecado original. Nós, para desabrochar
no amor que clama espaço e crescimento em nosso interior, podemos trilhar
caminhos duros e cheios de espinhos. Para crescer no amor, podemos nos valer de
renuncias, sacrifícios, assumidos voluntariamente sob a inspiração do Espírito
Santo. Podemos encarar os sofrimentos impostos por aqueles que escolhem viver
egoisticamente como oportunidades para manifestar a eles a força do amor, assim
como fez o nosso Mestre Jesus. Nisto tudo não estamos correndo atrás do
sofrimento, mas percorrendo a estrada do Amor, que envolve sofrimentos.
Portanto, queridos leitores,
Jesus não era um doente que correu atrás do sofrimento, como se fosse um valor,
mas correu de cidade em cidade para manifestar o amor do Pai a cada um de nós,
mesmo que para isso tenha implicado o sofrimento e a cruz. Não agarrou a cruz do
sofrimento como um troféu, mas buscou o amor do Pai pelos seus filhos a ponto
de dar a sua vida numa cruz. O amor cobre uma multidão de pecados, nos lembra
S. Pedro. Portanto, a Igreja não exalta a Cruz, somo símbolo do sofrimento, mas
como símbolo do amor divino pela humanidade.
Nesse sentido Jesus está
dizendo aos seus seguidores: “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,34). Ele está convidando os seus seguidores a
renunciar o egoísmo, que escraviza e mata, para desabrochar no amor, que
vivifica e alegra, mas que, por vezes, implica sofrimentos pequenos e grandes. Nisto fica claro que a vocação dos cristãos
não é ao sofrimento, mas sim ao amor, conforme Santa Terezinha do Menino Jesus
descobriu na sua tenra idade: “A minha vocação é amar”.
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR
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