terça-feira, 15 de setembro de 2015

EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ















Com a morte de Jesus Cristo na Cruz, esse instrumento de suplício passou a ser o símbolo do cristianismo. Um símbolo de amor pela humanidade e não mais um símbolo de maldade, no qual eram crucificados os malfeitores, sobretudo pelos romanos.  Portanto, não se está exaltando a cruz pela cruz, mas o amor que chegou ao extremo de aceitar morrer voluntariamente na cruz para manifestar de forma chocante o amor indescritível do Pai por seus filhos e filhas. 
Ainda hoje há uma certa tendência a valorizar demasiadamente o sofrimento, como se ele fosse em si um valor apreciado por Deus. Trata-se da teologia dolorista, que exalta o sofrimento, imaginando que Deus necessita dos nossos jejuns e sofrimentos. Deus não necessita de nada, pois ele é Deus e não um ser carente e necessitado de algo. Deus continua sendo Deus apesar da opção pelo mal dos seus filhos. 
A alegria da mãe é ver o seu filho bem e feliz. Assim, se quisermos alegrar a Deus é importante que estejamos bem. Estaremos bem somente quando navegarmos no bem e na bondade. Para atingir esse objetivo precisamos carregar a nossa cruz e seguir os passos do Mestre Jesus, que por amor enfrentou toda sorte de sofrimentos. Não procurou o sofrimento como se fosse um masoquista, isto é, alguém que gosta dos sofrimentos, mas procurou o amor mesmo à custa de grandes sofrimentos, porque escolheu amar sempre apesar de tudo. Além disso, Deus é amor e não sofrimento.  
Quem necessita de algo somos nós, criaturas de Deus contaminadas pelo pecado original. Nós, para desabrochar no amor que clama espaço e crescimento em nosso interior, podemos trilhar caminhos duros e cheios de espinhos. Para crescer no amor, podemos nos valer de renuncias, sacrifícios, assumidos voluntariamente sob a inspiração do Espírito Santo. Podemos encarar os sofrimentos impostos por aqueles que escolhem viver egoisticamente como oportunidades para manifestar a eles a força do amor, assim como fez o nosso Mestre Jesus. Nisto tudo não estamos correndo atrás do sofrimento, mas percorrendo a estrada do Amor, que envolve sofrimentos.
Portanto, queridos leitores, Jesus não era um doente que correu atrás do sofrimento, como se fosse um valor, mas correu de cidade em cidade para manifestar o amor do Pai a cada um de nós, mesmo que para isso tenha implicado o sofrimento e a cruz. Não agarrou a cruz do sofrimento como um troféu, mas buscou o amor do Pai pelos seus filhos a ponto de dar a sua vida numa cruz. O amor cobre uma multidão de pecados, nos lembra S. Pedro. Portanto, a Igreja não exalta a Cruz, somo símbolo do sofrimento, mas como símbolo do amor divino pela humanidade.

Nesse sentido Jesus está dizendo aos seus seguidores: “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,34). Ele está convidando os seus seguidores a renunciar o egoísmo, que escraviza e mata, para desabrochar no amor, que vivifica e alegra, mas que, por vezes, implica sofrimentos pequenos e grandes.  Nisto fica claro que a vocação dos cristãos não é ao sofrimento, mas sim ao amor, conforme Santa Terezinha do Menino Jesus descobriu na sua tenra idade: “A minha vocação é amar”. 







Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 





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