terça-feira, 8 de setembro de 2015

CANSADOS DE PERDOAR


Eis o grande problema que envolve as nossas famílias. Normalmente perdoamos uma ou duas vezes e, a seguir, recusamo-nos à misericórdia. Guardamos dentro de nós o veneno do ódio e da mágoa por anos e anos. Exigimos que outro seja perfeito ou que ele se afaste de nós. Claro que o outro não é perfeito e por conta disso as separações familiares são inúmeras. Quanta dor e sofrimento por conta disso!
Os judeus ortodoxos tinham o hábito de perdoar sete vezes e depois excluir o outro e a outra da sua relação familiar. Por isso mesmo, São Pedro perguntou a Jesus se era suficiente perdoar o irmão que pecava contra ele sete vezes. Ao que Jesus respondeu que era importante perdoar setenta vezes sete, ou seja, sempre. Em outras palavras, Jesus está ensinando os seus seguidores a guardar apenas o amor, que sempre perdoa, porque no amor verdadeiro não há lugar para o não perdão.
Deus como Pai amoroso possui um coração misericordioso, ou seja, capaz de cobrir as nossas misérias e pecados, o tempo todo. Para Deus o pecado e as nossas limitações não são problemas, mas oportunidades para manifestar o seu amor que entra para santificar e suprir as nossas limitações. Onde abunda o pecado, superabunda a Graça. “Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão” afirma o nosso bispo de Roma, isto é, o Papa Francisco.
Diante das quedas frequentes, muitas pessoas e casais desanimam e não mais têm coragem de pedir perdão a Deus imaginando que ele está triste e se recusa a continuar perdoando. Na verdade, estão transferindo para Deus os próprios sentimentos e canseiras. Pensam Deus à sua imagem e não conhecem o verdadeiro Deus, que é cheio de misericórdia. A grande alegria de Deus consiste em carregar nos ombros a ovelha ferida e levá-la para casa para fazer festa. Ele não a encontra para um julgamento e uma condenação como muitos de nós faz, mas para um banquete festivo onde todo o Céu se alegra (cf. Lc 15, 4-7).
Nós cansamos de perdoar, sobretudo quando achamos que somos melhores do que os demais. Vejamos o caso específico do filho mais velho, na parábola do Filho Pródigo, que se julgava bonzinho por ter observado as normas da casa e, por isso mesmo, queria excluir o irmão da família. Nem mais o admitia como irmão. Ao contrário, o Pai cheio de misericórdia, envolve os dois filhos na bondade e no perdão, pois ambos precisam dele (Lc 15,11-32). Nessa parábola Jesus quer nos auxiliar a sermos à semelhança de Deus Pai, isto é, cheios de misericórdia e não mais de julgamentos, condenações e exclusões.
Em outro texto do Evangelho de João (Jo 8, 1-11) notamos um grupo, dos que se julgavam santos e puros, conduzindo até Jesus uma mulher pega em adultério com a intenção de que fosse apedrejada, conforme falava a lei de Moisés. Diante de Jesus, os condenadores e a mulher reconheceram que todos eram pecadores e com isso mudaram de atitude. Ninguém teve coragem de condenar, pois todos entenderam que também eram pecadores. O único santo, que era Jesus, não ousou condenar, mas a todos cobriu com a sua misericórdia. Ele atirou sobre a mulher a pedra do perdão que vivifica o pecador.

Diante dessas nossas canseiras no capítulo do perdão queremos pedir que Jesus nos dê um coração misericordioso à semelhança dele. Um coração que acredite na força transformadora do amor misericordioso, pois o perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza, além de curar as feridas. Que Ele nos agracie com uma mente decidida a perdoar sempre, pois todos nós somos pecadores e também necessitamos do perdão de Deus e dos irmãos! 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia Nossa Sra. da Boa Esperança
Pinhais - PR 




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